OS ASSOMBROS, OS DESLIZES E AS GAFES DE LULA (PT).

 

Mais um assombro vindo da parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): “o Brasil não pode ser eternamente pobre e viver de Bolsa Família”, afirmou o petista nessa terça-feira (15/04). Ele defendeu investimentos em educação, principalmente para a formação de pessoas de baixa renda. Mas, como assim, se foi exatamente ele que cortou recursos das áreas da saúde, educação e segurança? Como assim, se é ele também que se vangloria de ser o “pai dos pobres” e criador do Bolsa Família em 2003?

Lula disse ainda durante a cerimônia que marcou o início da produção do novo Nissan Kicks, da fabricante japonesa Nissan, em Resende (RJ). “Eu voltei à presidência da República para provar que esse país não pode ser eternamente pobre, eternamente vivendo de Bolsa Família”.

“Não, nós precisamos fazer as pessoas se formarem adequadamente, aprenderem uma profissão, para as pessoas poderem constituir família, terem prosperidade, e viverem bem, num padrão de classe média”, acrescentou.

Ou seja, Lula corta recursos da educação, inventa o Bolsa Família, sempre falou mal da classe média, e agora quer que os pobres estudem, abandonem o Bolsa Família e vivam no padrão da classe média. Ora, são falas contraditórias, e Lula não parece estar dando importância ao que fala, desde que fale algo para a sua militância e para a imprensa submissa paga pelo seu governo.   

Sinceramente, o presidente não diz coisa com coisa, perde popularidade a cada dia e tenta reconquistar os eleitores com frases e narrativas desconexas, que derrubam seus próprios atos e falas anteriores.   

“O dinheiro começou a circular, as pessoas começaram a se informar melhor, começaram a ganhar um pouco mais e o salário mínimo passou a crescer um pouco mais do que a inflação”, afirmou o petista . Além disso, ele voltou a dizer que a “elite” brasileira deveria se olhar no espelho.

“Acho que a elite brasileira deveria ter vergonha. Deveria se olhar no espelho e ter vergonha porque precisou um mecânico sem diploma universitário governar esse país para ser o presidente que mais fez universidades e institutos federais”, disse.

Lula fez a mesma declaração durante a inauguração do novo campus da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Campos dos Goytacazes (RJ), na segunda-feira (14).

“Muitas vezes [a gente] está vendo telejornal e o que predomina no telejornal não é a notícia completa, é uma frase da notícia tirada de contexto que, de preferência, se puder fazer intriga, melhor. Se não puder, não tem problema”, criticou o presidente, sem dar mais detalhes.

Data venia, Lula está equivocado – o dinheiro não está circulando com normalidade, pois o dólar oscila para cima e o real perde valor; a inflação está alta e os juros sobem sem parar; as pessoas não estão ganhando melhor, uma vez que o salário está sendo corroído pela inflação e os preços dos alimentos consomem o restinho da inflacionada remuneração mensal; a elite brasileira não merece críticas de um governo que gasta muito e gasta mal, além de colocar sob sigilo de 100 anos os gastos milionários com cartões corporativos do governo; e a elite não precisa ter vergonha do que faz, posto que sabe muito bem as riquezas de Lula e de sua família, que também são considerados milionários ou bilionários, segundo corre à boca pequena.  

Os deslizes do presidente Lula são conhecidos de norte a sul e de leste a oeste do Brasil. Ultimamente, entretanto, as gafes do petista têm sido assombrosas. Vejamos algumas desde o início da gestão Lula 3, que são destacadas pelo jornal Gazeta do Povo:

- Lula sugere a beneficiária que 'pare de ter filhos' - Em discurso na cerimônia de entrega de novas moradias do Minha Casa, Minha Vida em 21 de junho de 2024, em Fortaleza (CE), o presidente disse a uma mãe de três crianças que a primeira coisa que ela deve fazer é “parar de ter filho”. Veja aquela menina que vem aqui com três crianças. Aquela moça tem 25 anos de idade, ela tem três filhos. Falei para ela: 'Minha filha, a primeira coisa que você tem que fazer é parar de ter filho, porque você já tem três'. E falei para ela que tem que estudar, porque ela tem três filhos para cuidar. Eu tenho cinco, não é mole - disse o petista, que posteriormente anunciou a jovem como beneficiária do Minha Casa, Minha Vida.

- ‘Quando vai fechar a porteira, companheira?’ - Não foi a primeira vez que Lula pediu a uma mulher que parasse de ter filhos em compromissos oficiais. Em maio/2024, durante uma entrega semelhante em Maceió (AL), ele contou a história de outra beneficiária do programa: “Quando é que vai fechar a porteira, companheira? Não pode mais ter filho. Ela já tem 5 filhos, ela tem 27 anos de idade”.

- Lula diz que não sabia que o RS 'tinha tanta gente negra' - Lula recebeu críticas após dizer, em ida ao Rio Grande do Sul em maio/2024, que não sabia que o estado tinha tanta gente negra. A fala aconteceu em visita ao estado para anunciar um conjunto de ações para a população atingida pelas enchentes. “Eu falei para a Janja no domingo que é impressionante. Eu não tinha noção que aqui tinha tanta gente negra. E ela me falou que são os mais pobres e moram nos lugares mais arriscados para serem vítimas dessas coisas”, disse.

- 'Comprar batom e calcinha' - Ao discursar sobre a independência feminina durante a cerimônia de anúncio da construção de 100 novos campi de institutos federais no país, em março/2024, Lula afirmou que mulher com formação “não depende do pai para comprar batom e calcinha”. A fala gerou repercussão negativa nas redes. “Quando uma mulher tem profissão, ela tem salário e ela pode custear a vida dela, ela não vai viver com nenhum homem que não goste dela. Ela não vai viver com necessidade, não vai viver por dependência (...) Ela não vai ficar dependente ‘ah eu preciso do meu pai me dar 5 reais para comprar batom', 'preciso do meu pai me dar 10 reais para comprar uma calcinha', 'preciso não sei das quantas para comprar tal coisa'”, declarou.

- Israel e Hitler - Uma das falas mais polêmicas do presidente aconteceu em fevereiro/2024, durante entrevista a jornalistas em Adis Abeba, a capital da Etiópia. No episódio, Lula comparou os ataques de Israel na Faixa de Gaza, que classificou como 'genocídio', ao extermínio de judeus pelo governo nazista de Adolf Hitler na Alemanha. “O que está acontecendo na Faixa Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou Lula. A fala foi alvo de uma série de críticas, como do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, do presidente do Memorial do Holocausto Yad Vashem, Dani Dayan, e da Confederação Israelita do Brasil (Conib).

- ‘Ajudante geral’ e ‘Tem que estudar’ - Em uma declaração durante evento no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em fevereiro/2024, o presidente tentou exaltar a importância da educação, mas acabou cometendo um gravíssimo deslize e afirmou que nenhuma mulher quer namorar com um cara que é ‘ajudante geral’: “Se a gente não tiver profissão, a gente vai ser ajudante geral e ajudante geral não ganha nada. Nenhuma mulher quer namorar com um cara que mostra carteira profissional, qual é a sua profissão? Ajudante geral. A mulher fala: 'Pô cara, nem uma profissão você tem, para levar o feijão e o arroz para casa no final do mês, e as crianças que vão nascer, como é que a gente vai cuidar?', aduziu o preconceituoso petista.

- ‘Batuque do tambor’ - Também em fevereiro/2024, Lula afirmou a uma jovem negra durante um evento que “uma afrodescendente assim gosta de um batuque de um tambor”. “Essa menina bonita que está aqui. Eu estava perguntando: o que faz essa moça sentada, que eu não ouvi ninguém falar o nome dela? Falei: 'Ela é cantora, vai'. Não, não vai cantar. Perguntei (e disseram): 'Não, não vai ter música'. Então, ela vai batucar alguma coisa. Porque uma afrodescendente assim gosta de um batuque de um tambor”, afirmou Lula em evento em São Bernardo do Campo.

- Confusão entre Paes e Cabral - No mesmo mês, Lula quase confundiu o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), com o ex-governador Sérgio Cabral durante seu discurso no evento de inauguração de uma escola no Parque Olímpico, na capital fluminense. No momento da gafe, é possível identificar um olhar da primeira-dama da cidade, Cristine Assed, para o marido, que em seguida aparece rindo da fala de Lula. Cabral, alvo de múltiplas condenações pela Lava-Jato, era um antigo aliado de ambos os políticos. “Os projetos que o Sérgio....que o Eduardo apresentou são pertinentes. Eu não sei vou atender todos, mas pode ficar certo que uma boa parcela deles a gente vai atender”, falou o presidente.

- ‘Sem muletas’ - Em setembro de 2023, antes de passar por uma cirurgia no quadril, o presidente foi acusado de ter feito uma declaração capacitista ao afirmar que não seria visto de muleta, e sim “sempre bonito”. “Até lá vou ficar aqui em Brasília, não vou poder pegar avião. Vou trabalhar normalmente. O (Ricardo) Stuckert (fotógrafo do presidente) não quer que eu ande de andador. Ele já falou: ‘Não vou filmar você de andador’. Então significa que vocês não vão me ver de andador ou de muleta. Vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado”, afirmou Lula durante live no mês.

- ‘Desequilíbrio de parafuso’ - Em outra polêmica sobre o tema, em abril/2023, durante uma reunião com governadores e ministros no Palácio do Planalto para tratar sobre violência nas escolas, Lula associou transtornos mentais com “desequilíbrio de parafuso”. “A OMS sempre afirmou que na humanidade deve haver 15% de pessoas com algum problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça”, disse Lula (PT). A fala foi feita durante o anúncio de investimentos em segurança nas escolas, após o ataque em uma creche em Blumenau. Depois da polêmica, Lula se retratou com uma publicação no X: “Gostaria de pedir desculpas sobre uma fala que fiz na semana passada, durante reunião sobre violência nas escolas. Conversei e ouvi muitas pessoas nos últimos dias e não tenho vergonha de assumir que sigo aprendendo e buscando evoluir”.

- Escravidão - O presidente também acumula declarações sobre a escravidão que geraram reações. Em uma delas, em julho/2023, afirmou que o Brasil tem “profunda gratidão” por tudo que foi produzido durante a escravidão. “Quero recuperar a relação com o continente africano. Nós, brasileiros, somos formados pelo povo africano. A nossa cultura, nossa cor, tamanho, é resultado da miscigenação entre índios, negros e europeus. E nós temos profunda gratidão ao continente africano por tudo que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país”, afirmou Lula na ocasião, em Cabo Verde. Em outro momento, em março/2023, Lula afirmou que a escravidão deixou como “coisa boa” a miscigenação entre indígenas, negros e europeus: “Toda desgraça que isso [escravidão] causou ao país causou uma coisa boa, que foi a mistura, a miscigenação da mistura entre indígenas, negros e europeus, que permitiu que nascesse essa gente bonita aqui, que gosta de música, que gosta de dança, que gosta de festa, que gosta de respeito, mas que gosta de trabalhar para sustentar a sua família e não viver de favor de quem quer que seja.

- Obesidade de Dino - Em março de 2023, Lula fez uma associação classificada como gordofóbica sobre a forma física do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e atual ministro do STF, Flávio Dino. Ele disse que a obesidade “causa tanto mal quanto a fome” e que, por isso, Dino estaria andando de bicicleta por estar acima do peso. “[A obesidade] também é uma doença que nós precisamos cuidar — disse o presidente na cerimônia de lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). A nossa médica que é ministra da Saúde sabe perfeitamente bem que a obesidade causa tanto mal quanto à fome. E por isso que o Flávio Dino está andando de bicicleta, porque ele sabe que isso vai precisar que o Estado cuide com muito carinho desse mal”.

Dessa forma, constatam-se com absoluta estranheza os assombros, os deslizes e as gafes de Lula. A incoerência da sua fala é clara e indesculpável. Mas a imprensa tradicional, fiel e escudeira de Lula, nada comenta, passa pano e deixa pra lá. Se fosse com Jair Bolsonaro, o mundo ia cair e teríamos dias e dias de matérias e manchetes destacando a absurdez da fala. Ou seja, a imprensa brasileira não é imparcial, não é isenta, não merece a confiança do povo brasileiro e usa desaforadamente dois pesos e duas medidas. E o presidente Lula (PT) não parece estar dando a menor importância ao que fala, desde que fale algo para a sua pequena plateia, para a sua militância e para a imprensa de cabresto paga pelo seu governo.  

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021). 

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