AS MANIFESTAÇÕES DO DIA 15 DE MARÇO.


Pretendo, democraticamente, tecer algumas considerações sobre as manifestações do dia 15 de março, que tanto espanto têm causado a alguns, enquanto a outros têm gerado euforia e expectativa de liberdade. E começo por uma das célebres frases de Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.

Feita a introdução, não há que se admitir mais no Brasil a posição de cócoras do cidadão nem a sua voz calada, seja por imposição de qualquer espécie de autoritarismo ou por abusos de representantes de instituições antipatriotas e antipovo.

Se é verdade que os grupos organizadores das manifestações estão, de fato, convocando a população para fechar o Congresso e o STF, essa medida não será a bandeira dos democratas brasileiros, que, por certo, desejam o funcionamento das instituições, mas exigem que todas elas sejam éticas, probas, transparentes e trabalhem com eficiência em prol dos brasileiros.

Se a convocação envolve pressão para que os políticos do Congresso e os ministros do STF aprovem mudanças na lei e julguem com celeridade os crimes, respectivamente, para permitir a prisão após condenação em segunda instância, essa vontade está mais do que expressa pela maioria esmagadora da sociedade, que defende essa forma de punição dos condenados, principalmente daqueles conhecidos como criminosos do colarinho branco, que foram e são investigados por corrupção, pagamento de propinas, evasão de divisas, caixa 2 para partido político, lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa, crimes financeiros, entre outros.

A população brasileira não vai aderir a campanhas políticas de ninguém. A população vai às ruas contra os abusos cometidos pelo Congresso e pelo STF, que deveriam estar desempenhando suas funções institucionais como manda a Constituição, e não afrontando a cidadania como vêm fazendo. O povo não é mais bobo e não é comandado pelo cabresto como antes. Hoje a consciência política está atualizada e não haverá barganhas, pois a meta é combater a negligência e a gastança do Congresso e os desmandos e a complacência do STF.

A pauta das manifestações, além da defesa de um governo sério, será o exercício pleno dos direitos e o cumprimento dos deveres. Será também de apoio ao presidente democraticamente eleito, ao presidencialismo e à Constituição da República. E em assim sendo, o alvo serão os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado e do STF, que têm angariado a antipatia da maioria das pessoas, mormente das que amam o país, respeitam as leis, trabalham e produzem, não corrompem nem se deixam corromper e querem o progresso da nação.

Nas ruas estarão pessoas que não suportam mais mordomias e penduricalhos para políticos e autoridades à custa do seu suor. Nas ruas estarão cidadãos que não concordam com o Orçamento impositivo, que foi promulgado pelo Congresso e que prevê verbas bilionárias para os currais eleitorais dos políticos do sistema bicameral. Nas ruas estarão brasileiros, homens e mulheres de bem, que entendem que os direitos do Legislativo cessam onde começam os do Executivo e do Judiciário. Ou seja, o povo nas ruas, no dia 15, não quer o Executivo fazendo leis nem o Legislativo ou o Judiciário governando, mas todos se limitando às suas funções institucionais e constitucionais.

A fragilização do governo do presidente Jair Bolsonaro não será consentida pela população e nenhuma ação do Congresso ou do STF nesse sentido será admitida. E isso não significa que os manifestantes nas ruas, no dia 15, estarão incitando e encorajando a direita contra a esquerda, mas estarão pregando a moralidade no trato da coisa pública, apesar de os esquerdistas terem quase destruído o país em 16 anos de péssimo governo.

A anuência do povo não é ao “foda-se” nem à batalha campal. A anuência do povo é ao governo legitimamente eleito, à seriedade necessária nas instituições e à probidade no serviço público, seja no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário. A anuência do povo é ao extermínio da corrupção, da demagogia, do populismo e do extremismo delinquente.

Enganam-se aqueles que imaginam que haverá sangue nas ruas. As manifestações do dia 15 serão pacíficas, mas severamente voltadas para a moralização das instituições, que teimam em brincar com os brios dos brasileiros. Aliás, brasileiros estes que não empunham bandeiras contra a pátria nem contra o povo ordeiro e trabalhador. Nas ruas estarão famílias que prezam a paz, a liberdade, o trabalho, o crescimento e o desenvolvimento social. Também estarão presentes, com certeza, todos os que sabem respeitar as leis e a ordem e não permitirão quebradeiras nem destruição de bens públicos ou privados.

No dia 15 de março, nas ruas, a grande expectativa é que a paz e a serenidade reinem nas mentes dos cidadãos, com manifestações cívicas e patriotas, mas sem radicalismos, exacerbações, desaforos, politicagens, agressões físicas ou desrespeito aos valores nacionais. O Hino Nacional será cantado, a Bandeira Brasileira será hasteada e agitada pelo vento, mas não serão admitidos cantos nem bandeiras político-partidários. As razões e as cores são as da essência do Brasil – verde, amarelo, azul e branco.

A nação brasileira tem problemas enormes para serem resolvidos, além da crise político-econômica, posto que o coronavírus (Covid-19) já ameaça a população e registra vários casos de contaminação. Segundo a imprensa tradicional, os números assustam e são 118 mil infectados em 114 países. No Brasil, hoje, subiu de 52 para 68 contaminados. A doença tornou-se uma ameaça global e a OMS declara pandemia de coronavírus. Afora essa triste realidade mundial, os brasileiros ainda enfrentam crises nos setores da educação, saúde, transporte, infraestrutura, emprego e outras que afligem a população, de norte a sul do país.

Enfim, ao meu sentir, o foco, a meta e o alvo dos brasileiros de bem, que amam e respeitam esse país, devem se resumir na busca por respostas para os problemas e crises instalados no seio da sociedade. Daí dizer que essas são as reais pautas do dia 15 de março e de tantos outros dias que virão nesse 2020. Ou seja, o Brasil, o povo brasileiro e as pessoas de bem em primeiro lugar.

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).  


Comentários

  1. Célio e Silene Rocha13 de março de 2020 às 09:55

    Doutor Wilson nós somos seus leitores e gostamos muito de seus artigos.
    Nossos parabéns pela sua posição sempre muito equilibrada, o que nos ajuda a pensar mais no país e não nos interesses desses políticos e do que possa acontecer com o Brasil. Precisamos resolver os problemas graves do nosso país e não focar doando dinheiro para Congresso ou STf ou outras coisas absurdas. O povo precisa acordar mais e ir para as ruas gritar pelos seus direitos básicos de saúde, educação e tudo que o senhor disse. Olha, pra encerrar concordo com tudo que foi dito pelo senhor e ponto final. Nosso abraços e respeitos. Célio e Silene Rocha. Brasil!!!

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