ESTÃO DESTRUINDO A TRADICIONAL POLÍTICA MINEIRA.
Minas Gerais, estado populoso, produtor de riquezas
minerais e do agronegócio, berço das grandes decisões em prol do Brasil, e em
razão disso respeitado no cenário nacional por seu peso econômico, demográfico
e político, nos últimos tempos tem se perdido em intrigas internas e
politicagem desmedida, com consequências graves para a população e para a
tradicional política mineira.
Minas perdeu seu assento na primeira fileira e
conforma-se com a segunda, uma vez que a criatividade, o diálogo e o
entendimento cederam lugar à mediocridade dos atores e dos protagonistas da
ópera bufa, que não termina em tragédia, mas pode levar a ela se mudanças não
ocorrerem.
Os atuais políticos mineiros, salvo raríssimas
exceções, não são arrojados nem altruístas. São omissos e individualistas.
Perdem de goleada para muitos políticos de outras paragens e até mesmo de estados
menores, que não têm nem sequer um terço de território, de renda ou de
população, se comparados com Minas Gerais.
Nunca se fez tão pouco por Minas, como acontece
hoje. As lembranças de políticos afeitos às ações coletivas e à defesa
intransigente das terras mineiras se vão longe. A proteção de Minas ficou a
cargo da sociedade e da cidadania. Os representantes do povo se escondem
nas trincheiras luxuosas de Brasília, nos calçadões de Copacabana e nas
intermináveis viagens internacionais. O chão mineiro já não lhes satisfaz. No
entanto, às origens eles voltam, quando querem, tão somente para caça aos votos
dos simplórios, para reeleições planejadas à custa do Erário e para visitas
esporádicas a expensas do cidadão comum.
Os políticos neófitos lançados no seio da tradição
mineira, que não sabem dialogar entre si nem com o povo, que nunca se
sentaram na varanda de uma casa do interior para colher sabedoria, que jamais
ouviram as vozes dos contrários, pois rodeados de bajuladores, não merecem ser
chamados de políticos mineiros.
Um representante do povo mineiro que não sabe
questionar o governo federal e não tem estofo para tal, não pode estar à
altura ou à sombra dos grandes nomes da política autônoma dos
inconfidentes, que, no mínimo, souberam contestar e jamais aceitar a subjugação
desse berço pátrio das nossas Minas Gerais, que são muitas.
É triste constatar que o prefeito da capital,
Alexandre Kalil, e o governador do estado, Romeu Zema, insistem na indisposição,
na falta de diálogo, preferindo andar na contramão da história mineira e com
isso proporcionando fartas matérias para a imprensa, seja por suas decisões de
gabinetes desarmoniosas, seus recadinhos mal educados ou suas atitudes
dissonantes na administração pública. Ambos se comportam de maneira infantil,
pirracenta, sem nenhum aceno de concordância, conciliação e entendimento, ainda
que em tempos gravíssimos de pandemia do novo coronavírus.
Os vereadores, os deputados estaduais, os deputados
federais e os senadores, da mesma forma, abusam da paciência dos seus
eleitores, se calando quando deveriam falar, se omitindo quando
deveriam agir, se escondendo quando deveriam enfrentar, e se esquecendo da
pujança histórica da saudosa política mineira quando deveriam levantar a
voz e exigir direitos e garantias para os municípios e para o estado.
Minas está doente, não apenas pela terrível pandemia
da Covid-19, que assola as Gerais e o restante do país, mas porque está
submersa em crises e problemas de toda natureza. Faltam recursos, investimentos,
emprego, saúde, educação e segurança. Sobram tragédias, destroços, lamentos e
lágrimas do povo mineiro, principalmente em razão do rompimento das barragens,
que mataram pessoas e destruíram o meio ambiente; das enchentes que todos os
anos arrastam móveis, carros e também matam; das estradas esburacadas e sem
melhorias, que amedrontam e matam; e da doença invisível, que ainda não tem vacina
nem data de cura e, lamentavelmente, tira vidas e enluta famílias.
Ou seja, os problemas são muitos, o caos está
instalado e, ainda assim, os mineiros se socorrem, se ajudam e se completam na
dor e na esperança de dias melhores. Porém, os políticos ausentes continuam
ausentes e passam ao largo do sofrimento do povo, da lama e da destruição, da
doença e da falta de progresso, permitindo que esses males aconteçam, ao mesmo
tempo, em detrimento dos direitos dos mineiros. E a negligência e a
irresponsabilidade permanecem impunes.
Não bastasse tudo isso, resta ainda a vergonha de
ver os políticos mineiros apagados no cenário nacional, sem voz, sem atitude e
sem poder de fogo no Congresso ou perante o governo federal. Causa engulhos
assistir a derrocada de Minas porque os deputados federais e os senadores não
defendem o território nem os interesses dos mineiros. Ora, Minas não tem boas rodovias,
não possui metrôs modernos, não detém o poder econômico de outrora, não gera os
empregos necessários, não consegue os investimentos vitais para o crescimento e
não tem políticos como tinha nos gloriosos tempos idos. Falar o que dos atuais
políticos mineiros?
O Estado de Minas Gerais está de cócoras, com o
queixo nos joelhos, espiando, assuntando, mas não reagindo contra tudo isso. A
lição que fica é a de que os políticos improvidentes não representam Minas nem
o povo mineiro, e não merecem ser reeleitos. Chega de sombras e de falta de
comprometimento com o legado do guerreiro Estado mineiro. Basta de inércia.
Reage, nação mineira! Levanta, ergue sua voz, trabalha com proficiência e dá a
volta por cima, honra suas tradições e se recoloca no lugar de destaque, que,
notadamente, sempre foi seu.
O resultado desse estado letárgico e catastrófico é
o conflito entre governantes municipais e estadual, com cada um puxando a corda
da vaidade para um lado, em vez de somar esforços e, unidos, puxar no mesmo
sentido e no rumo da tradicional e invejada mineirice, de trabalhar em silêncio
e com eficiência, mas trabalhar pelo povo mineiro e por Minas Gerais. Portanto,
vamos todos ao diálogo, ao entendimento e à união, em nome de Minas e dos
mineiros.
Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas tributária, trabalhista, cível e ambiental/Presidente da Comissão de
Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado
de Prerrogativas da OAB-MG).
Sensacional Dr. Wilson. Vamos chamar os políticos mineiros à realidade porque o nosso estado de Minas Gerais já foi muito respeitado e admirado e está ficando para trás e vai piorando a cada ano. Concordo com tudo que foi dito e assino. Evaristo Pimenta.
ResponderExcluirMAIS UMA VEZ VISITO O BLOG E NÃO TENHO COMO DISCORDAR. CONCORDO TAMBÉM E ACHO QUE MG PRECISA DE POLÍTICOS MAIS COMPETENTES E MAIS INTERESSADOS NA VIDA DO POVO E NÃO NAS SUAS VIDAS PRÓPRIAS. O ARTIGO E O TEXTO ESTÃO EXCELENTES E PEÇO LICENÇA PARA COMPARTILHAR COM MEUS AMIGOS E PARENTES QUE PENSAM DA MESMA FORMA QUE NÕS DR. WILSON. PARABÉNS MAIS UMA VEZ E CONTINUE FIRME NO LEME E NA DEFESA DA NOSSA POPULAÇÃO. ABRAÇO FRATERNO E CORDIAL. CÉSAR PRADO.
ResponderExcluirPermissão para divulgar nos grupos porque está claro e verdadeiro. Meu pessoal do interior vai adorar seu artigo Dr. Wilson porque são apreciadores da política mineira que se foi e que é lembrada e homenageada. Quero que seu artigo faça esses políticos pensar melhor em Minas e em BH e nos demais cidades mineiras. Saudade de Diamantina, e dos causos de JK. Obrigada. Abr.
ResponderExcluirAdvogado dr. Wilson, em Minas |Gerais não temos boas rodovias, estradas, metrô, saneamento básico, nem estradas de terra sendo asfaltadas. Não temos quase obra grande nenhuma porque os deputados federais e os senadores não trazem verbas para Minas e ficam apenas andando de avião de baixo pra cima e de cima pra baixo e gastando o dinheiro do povo com passeios e viagens bacanas. Não chegam nem aos pés dos políticos de 30, 40 anos atrás. Na capital o prefeito não combina com o governador e o nosso estado mineiros vai ficando para trás cada vez mais porque os políticos não tem diálogo nem se entendem como deveria ser na política de verdade, e o povo paga o pato com muita coisa ficando perdida no tempo. Muita saudade dos políticos que tinha peito e falavam grosso em Brasília e traziam coisas boas para MG. Bons tempos hein doutor Wilson, quando os mineiros falavam e os outros escutavam a sabedoria da política mineira. Bons tempos. Faço simples sugestão humilde minha para o senhor publicar esse artigo nos jornais do interior de MG para todos tomarem conhecimento e reagir e voltar a ser a Minas grande e a Minas sempre escutada nos parlamentos e nos governos de norte a sul e leste a oeste. Grande abraço. AM.
ResponderExcluirAFONSO ARINOS, MILTON CAMPOS, GUSTAVO CAPANEMA, JOSÉ MARIA ALKMIN, TANCREDO NEVES, ITAMAR FRANCO. RAPOSAS DA POLÍTICA MINEIRA QUE ENSINAVAM COMO FAZER POLÍTICA SILENCIOSAMENTE E A FAVOR DO TORRÃO DAS MINAS GERAIS. POIS É DR. WILSON, A POLÍTICA HOJE É BARULHENTA E NÃO AJUDA MINAS A SAIR DA SUA QUEBRADEIRA E DÉFICIT PÚBLICO CONSIDERÁVEL. INFELIZMENTE. E TEM MAIS ELEIÇÕES VINDO AÍ MESMO SEM DINHEIRO NO COFRE. E ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE...
ResponderExcluirQuem se lembra? Na política do café com leite os políticos paulistas e mineiros alternavam-se na cadeira de Presidente da República, por isso o nome do acordo. As economias paulista e mineira eram o café e o leite respectivamente, mantinha-se assim a ordem política e econômica favoráveis à esses Estados. Hoje cada estado quer andar sozinho e tomar o lugar do outro e fazer guerra fiscal e realizar intrigas políticas. Hoje é cada um por si. Meu prezado Dr. Wilson Campos, sempre que leio seus artigos no jornal Estado de Minas e no jornal O Tempo, tenho a impressão que Minas Gerais e o Brasil perderam ou estão perdendo um grande político mineiro, de conhecimento, sabedor da realidade brasileira, apreciados do diálogo e do entendimento, sensato e equilibrado nas opiniões e acima de tudo um mineiro e um brasileiro nato. Eu sou socióloga, professora e educadora, e sei reconhecer quem gosta do Brasil e o senhor Dr. Wilson gosta como poucos. Estou sempre agradecida por seus artigos e escritos primorosos. Obrigada. Márcia Paula.
ResponderExcluirÉ isto. Infelizmente estamos sofrendo com as nossas escolhas. A responsabilidade é nossa e precisamos fazer melhor, diferente e assertivamente.
ResponderExcluir