PREFEITURA DE BH RECUA E “FECHA” A CIDADE.


Quando você pensa que está ruim, a coisa piora. Isso acontece em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais. Veja-se que, 33 dias após iniciar o processo de flexibilização social, a prefeitura da cidade teve que recuar e determinar a adoção de medidas rígidas para conter o avanço da Covid-19.

Nesta sexta-feira (26), o alcaide determinou que lojas que estavam autorizadas a funcionar voltem a fechar as portas a partir da próxima segunda-feira (29). Apenas e tão somente os serviços essenciais ficam liberados. A alegada explosão de casos, mortes e internações pelo novo coronavírus levou o Comitê de Enfrentamento à Covid a tomar a decisão. A notícia caiu como uma bomba na capital, causando estragos sociais, pessoais, comerciais e econômicos. O triste anúncio partiu do prefeito Alexandre Kalil e dos médicos que integram o comitê. “Estamos voltando para a fase zero do bloqueio da cidade. A partir de segunda-feira, nós só iremos manter os serviços essenciais como no início da pandemia”, assinalou o prefeito. 

O prefeito afirmou que parte da população não fez o dever de casa, que era manter o distanciamento social e uso correto de máscara. Mas quem disse que o político sabe da vida de todos, de suas dificuldades, de suas necessidades e de suas condições de sobrevivência? Ora, julgar é fácil quando se está com dinheiro no bolso e salário mensal em dia.  

Segundo a prefeitura, a lotação dos leitos de UTIs, que está com ocupação acima de 86%, e a alta na taxa de transmissão da Covid-19, que pela primeira vez ultrapassou 1,2, foram os dois indicadores que levaram BH a recuar e voltar à fase zero da flexibilização social.

Os representantes da prefeitura avaliam que BH não precipitou ao autorizar duas fases da flexibilização, em maio e junho e que eles não erraram na medida, uma vez que os indicadores na época permitiram fazer isso.

Com tanta confusão causada por essa pandemia a população já não sabe mais em quem acreditar. Também segundo a prefeitura, em menos de cinco semanas, quando o afrouxamento do isolamento foi autorizado, a cidade viu mais que dobrar os registros da doença. Hoje, a metrópole tem 4.868 infectados com 109 mortes. Em 25 de maio eram 1.402 casos e 42 óbitos. A explicação para o salto, conforme médicos que integram o comitê, é a maior circulação de pessoas nas ruas da cidade. Por isso foi preciso voltar atrás e diminuir o fluxo dos moradores, medida que vai expor menos a população ao vírus.

O polêmico e controverso distanciamento social em BH foi recomendado em 18 de março e, dois dias depois, a prefeitura determinou o fechamento de todos os serviços considerados não essenciais. As lojas da capital permaneceram fechadas por 66 dias, quando em 25 de maio a metrópole deu início à primeira fase da flexibilização gradual do comércio. Salões de beleza, lojas de cosméticos, brinquedos, veículos automotores e até shoppings populares puderam reabrir as portas. Duas semanas depois, foi a vez de lojas de calçados, armas, acessórios e artesanatos receberem o aval do executivo para retomar o funcionamento. Com a segunda fase da flexibilização, 92% dos empregos da cidade ficaram ativos e 824 mil pessoas puderam circular pelo município. 

Em razão do aumento expressivo de casos de Covid-19, no último dia 12 a prefeitura freou o afrouxamento e determinou que nenhuma outra atividade comercial fosse liberada para abertura. Com isso, bares, restaurantes, academias e clubes permaneceram impedidos de reabrir.

Vejamos a evolução da flexibilização na cidade:

Atividades e serviços que nunca fecharam e continuam liberadas: Hospitais, Farmácias, Hipermercados e Supermercados, Armazéns, Mercearias e Padarias, Sacolões e hortifrútis, Açougues, Postos de combustíveis, Óticas, Lojas de material de construção, Agências bancárias, Lotéricas, Agências dos Correios.

ATENÇÃO!!! NÃO PODEM MAIS ABRIR A PARTIR DE SEGUNDA-FEIRA (29), POR DETERMINAÇÃO DA PREFEITURA:  

Lojas que haviam sido autorizadas a abrir no dia 25 de maio: Artigos de bombonière; Artigos de iluminação; Artigos de cama, mesa e banho; Utensílios, móveis e equipamentos domésticos; Tecidos e armarinho; Artigos de tapeçaria; Produtos de limpeza; Artigos de papelaria, livraria e fotográficos; Brinquedos e artigos recreativos, bicicletas e triciclos, peças e acessórios; Cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal; Veículos automotores, independentemente do tipo de acesso; Peças e acessórios para veículos automotores (pneumáticos e câmaras-de-ar); Comércio atacadista da cadeia de comércio varejista da fase 1; Cabeleireiros, manicure e pedicure; Centros de comércio popular instituídos a qualquer tempo por operações urbanas visando a inclusão produtiva de camelôs, desde que localizados no hipercentro ou em Venda Nova.

Lojas que puderam reabrir em 8 de junho: Artigos e equipamentos esportivos; Artigos de uso pessoal (inclui calçados, joalheria, relojoaria, suvenires, bijuterias e artesanatos e artigos de viagem); Artigos e alimentos para animais; Artigos usados de atividades autorizadas a funcionar; Bebidas, exceto para consumo no local; Tabacaria, exceto para consumo no local; Embalagens em geral; Instrumentos musicais e acessórios; Lubrificantes; Objetos de arte e decoração; Plantas e flores naturais; Armas e munições; Comércio atacadista da cadeia de comércio varejista da fase 2.

Ou seja, quase a cidade inteira está fechada, com prováveis prejuízos enormes para pessoas físicas e jurídicas de todos os tipos, setores e modalidades operacionais.

É a pandemia do novo coranavírus dando uma surra homérica no poder público, muito em face de péssimos e poucos investimentos nas áreas da saúde, da pesquisa e da ciência.

Para encerrar, cabe a nota de que a Câmara Municipal aprovou multa de R$100 para quem não usar máscara em espaços públicos da cidade. Em síntese, esse é o trabalho dos parlamentares municipais depois de 100 dias de ausência e de entrega da cidade nas mãos do prefeito, que usa e abusa de decretos, ao seu especial e particular talante.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas tributária, trabalhista, cível e ambiental/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG). 


Comentários

  1. Silvério Magalhães28 de junho de 2020 às 12:25

    Dr. Wilson, como vai o senhor? Leio sempre seus artigos nos jornais e aqui também e gosto muito da suas coerência e equilíbrio. Parabéns!!!
    Olha doutor sinceramente esse prefeito nosso de BH está mal assessorado. Alguns prefeitos pensam diferente dele e essa coisas de fechar o comércio e tudo mais acaba com a cidade, e torna a vida das pessas um inferno. Quem não trabalha e não produz vai comer como? E a famílias vive de que? Sugiro ao prefeito Kalil que pague o salário de todo mundo de BH e pague salário bom como o dele e suas mordomias de não precisar trabalhar por 100 ou 150 dias. Uma palhaçada que não convence a ninguém mais. Chega de medo e de covardia prefeito. Sai de casa e vai trabalhar tomando os cuidados mas deixa o pessoal trabalhaer e andar e viver. Melhor viver correndo o risco na rua do que morrer de tédio, vergonha, humilhação, estresse e agonia dentro de casa. Vamos parar de hipocrisia e comparar as notícias. Muitos dizem que o isolamento é burrice e que os cuidados não podem ser tão restritivos pois podem matar as pessoas de desespero e outras doenças que podem surgir pelo isolamento forçado. Ah e não posso esquecer Dr. Wilson da Câmara de Vereadores de BH que é medrosa e vive debaixo da asa do prefeito. Bando de comequietos que dá vergonha na gente. Não voto nesse Kalil nem nesses vereadores que estão aí NUNCA MAIS. Perderam mais de 50 votos na minha família porque vou falar a verdade contra eles e vão perder os eleitores da minha gente do meu lado. Dr. Wilson o meu desabafo é porque não aguento mais isso. O senhor é que está certo quando diz que os prejuízos serão e todos - PF, PJ e todos mais. Quebradeira geral por incompetencias do poder público que briga e não se entende na política e o povo é que paga preço muito alto por isso. São os políticos dos tais Gabinetes do ódio como o senhor disse outro dia no seu artigo nota 10 que li no jornal e reli aqui. Pronto é isso. Abrs.

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