17 SETORES DA ECONOMIA LUTAM PELA DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO.
Depois de fechado um acordo entre o governo, o Congresso Nacional e representantes de 17 setores da economia, ficou decidido que a folha de pagamento para essas atividades permanecerá desonerada neste ano. No entanto, a ânsia de arrecadação do governo atual não perdoa tudo, pois entre 2025 e 2028, as alíquotas serão gradualmente recompostas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou sobre o acordo após uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Nesse ponto cabe um “parêntese”, porquanto os representantes dos 17 setores também deveriam estar presentes na reunião e na entrevista, especialmente para dar convicção à decisão tomada.
Haddad disse: “Isso é importante porque vamos dar respaldo a uma receita da Previdência, e é da lógica da reforma da Previdência o equilíbrio das contas. Quando a gente pega o sacrifício de um trabalhador que tem de, às vezes, trabalhar um ano, dois anos, três anos a mais, como aconteceu com a reforma da Previdência, temos que compreender que, da parte da receita, tem que haver uma correspondência do mesmo esforço”.
A reoneração terá início no próximo ano, com a contribuição patronal dos 17 setores à Previdência Social seguindo o seguinte cronograma:
2024: desoneração total;
2025: alíquota de 5% sobre a folha de pagamento;
2026: alíquota de 10% sobre a folha de pagamento;
2027: alíquota de 15% sobre a folha de pagamento;
2028: alíquota de 20% sobre a folha de pagamento e fim da desoneração.
Já a modulação segue para entendimento com o Poder Judiciário. O ministro da Fazenda, antes de anunciar o acordo no Senado, teve reuniões com os ministros do STF André Mendonça e Luiz Fux. Nessa oportunidade, Haddad destacou que o governo solicitará ao STF a modulação da liminar concedida pelo ministro Cristiano Zanin, que suspendeu a desoneração da folha salarial de setores da economia. Por meio dessa modulação, o Judiciário poderá validar o acordo para o encerramento gradual do benefício.
A história é a seguinte, em linhas gerais:
A desoneração da folha de pagamento, prorrogada até o final de 2027 após a aprovação de um projeto de lei considerado inconstitucional por cinco ministros do Supremo, permite que empresas de 17 setores substituam a contribuição previdenciária, que é de 20% sobre a folha de pagamento dos empregados, por uma alíquota variável entre 1% e 4,5% sobre a receita bruta.
Em vigor desde 2012, essa medida possibilita que as empresas dos setores contemplados contribuam menos para a Previdência Social, potencialmente aumentando suas contratações.
No final do ano passado, o Congresso aprovou um projeto de lei que reduziu de 20% para 8% da folha a contribuição para a Previdência Social de pequenos municípios. Apesar de o presidente Lula ter vetado o texto, o Congresso derrubou o veto.
Nos últimos dias de 2023, o governo editou uma MP revogando a lei aprovada. Devido à falta de consenso no Congresso para aprovar o texto, o governo concordou em transferir a reoneração para projetos de lei.
Contudo, no final de abril, a AGU recorreu ao Supremo. O ministro Cristiano Zanin, do STF, acatou o pedido de suspensão imediata da desoneração da folha e da ajuda aos pequenos municípios. Desde então, o governo tem buscado chegar a um acordo com os 17 setores da economia.
Então, como visto, após fechar acordo com o Congresso Nacional, o governo federal já tem uma proposta com um meio-termo para resolver o impasse envolvendo a desoneração da folha de pagamento a 17 setores da economia. Funcionará um esquema gradual de retomada da cobrança dos tributos previdenciários, aumentando a taxa cobrada em 5 pontos percentuais a cada ano sobre a folha de salários, na forma explicitada logo acima.
De maneira que haverá a reoneração da folha de pagamento dos 17 setores, a partir de 2025. Segundo o governo, o acordo dará suporte à receita da Previdência, e o equilíbrio das contas é essencial dentro da lógica da reforma da Previdência.
Os citados 17 setores são os seguintes: Confecção e vestuário; Calçados; Construção civil; Call center; Comunicação; Empresas de construção e obras de infraestrutura; Couro; Fabricação de veículos e carroçarias; Máquinas e equipamentos; Proteína animal; Têxtil; Tecnologia da informação; Tecnologia de comunicação; Projeto de circuitos integrados; Transporte metroferroviário de passageiros; Transporte rodoviário coletivo; Transporte rodoviário de cargas.
Particularmente, causa-me estranheza o fato de antes os empresários afetados acharem a medida do governo “antidemocrática, autoritária e inconstitucional”, por contrariar uma decisão anterior do Congresso Nacional, que derrubou o veto presidencial contrário à desoneração. Depois, passados uns meses, esses mesmos empresários aceitam tudo, calados e satisfeitos. Ressalto que o Congresso foi facilmente levado a um acordo e a segurança jurídica foi mais uma vez para o espaço.
A meu sentir, no contexto atual, o acordo não é bom para as empresas geradoras de empregos e nem para os municípios. Mas essa história da desoneração da folha já teve muitas idas e vindas, e, se os empresários e as prefeituras estão conformados, tudo indica que o imbróglio chegou ao fim, restando apenas a modulação ser aceita pelo STF.
Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).
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Achamos excelente a visão do advogado Dr.Wilson Campos. Muito bom o enfoque dado e o excelente o objetivo do artigo muito claro e esclarecedor, com visão crítica e profissional na área do direito. Parabéns!!! Ágil Ass. Fiscal e Contábil.
ResponderExcluirEstou no bolo dos 17 que voltarão a pagar mais impostos quando estava indo bem e gerando mais vagas de empregos. Agora vou cortar as vagas e vou reduzir o quadro porque os 5% a mais todo mes e todo ano vão impactar a receita da empresa e não posso criar mais emprego com essa obrigação fiscal a mais para pagar. Insegurança jurídica como bem disse dr. Wilson Campos advogado tributarista. Esse Brasil tem uma carga tributária muito pesada que desanima qualquer um. Agradeço doutor pelo ótimo texto. Abr. Pierre D. Lucena.
ResponderExcluirA minha fabriqueta textil vinha se reerguendo com certa tranquilidade. Agora vem esse governo louco do PT e quer taxar tudo que pode e tirar água de pedra. Super carga tributária brasileira que ninguém aguenta mais. Deus nos acuda. Dr. Wilson depois eu posso enviar umas perguntas pelo e-mail? Gratidão doutor. Laura Medeiros.
ResponderExcluirTentei publicar um comentário antes e não consegui. Vou de novo. Eu tenho uma empresa pequena têxtil (fabrica pequena) e vinha dando certo com a desoneração,mas agora vem esse governo louco atual e coloca tudo em risco. Não sei se vou aguentar mais imposto. Tá difícil. Dr. Wilson eu posso enviar umas perguntas depois por e-mail pro senhor? agradeço Gratidão. Laura Medeiros.
ResponderExcluirAs empresas dos 17 setores precisam cobrar do Legislativo em Brasília uma maior presença no caminho do projeto da desoneração. O governo não pode voltar atrás e eu pergunto como fica a segurança jurídica???. Que é isso Brasil? Cadê as leis eficientes e vigentes que tanto fala? Retrocesso, não. Dr. Wilson o assunto é super importante para nós da iniciativa privada. Ao invés de 17 empresas deveria ser para todas as empresas sem distinção como o senhor mesmo sugeriu no seu excelente artigo. Abr. ALMEIDA, Estevão.
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