ISONOMIA, ISEGORIA E ISOCRACIA.
A
cidadania pressupõe a participação efetiva do povo na vida democrática do país, de forma incontestável, mas coerente, mesmo que a contragosto dos
amantes da autocracia.
Em que pese a falta de liberdade durante os 21 anos de ditadura, a sociedade brasileira vai aprendendo aos poucos o significado verdadeiro do que seja democracia. O aprendizado remete a uma visita aos séculos V e VI a.C., quando a democracia foi criada, aperfeiçoada e estabeleceu a base das democracias modernas.
O início das normas democráticas na Grécia, especialmente no período áureo ateniense, sempre remetia ao significado de igualdade, por mais que tentassem os contrários, a derrubada dos ensinamentos dos criadores da ideia formadora da política.
Entre os princípios mais valiosos da Constituição brasileira está o de que todos são iguais perante a lei (Art. 5º). No entanto, a prática desse direito não é exercida. Não aqui. Não na presente geração.
A sociedade brasileira continua tendo muito a aprender sobre democracia. Pouco sabem os cidadãos comuns sobre direitos e deveres compartilhados. Pensam que sabem, mas pouco ou quase nada compreendem dessa linguagem de processo histórico.
A lição que perdura por séculos é a de que lá, como cá, travando a democracia e a liberdade, existiam os demagogos, que conquistavam a confiança do povo através do discurso vazio ou de promessas irrealizáveis. A diferença é que lá, os falsos e enganadores foram afastados e aqui esses falastrões prosperam.
Os princípios democráticos da clássica antiguidade foram lecionados, incansavelmente, ao longo dos séculos. Transformaram em monumento a sabedoria política humana. Romperam barreiras entre os erros e os acertos das diferentes classes sociais. Moldaram uma nova teoria de que a democracia é o governo da cidadania, daqueles que estão livres para a ação e para a discussão no campo das ideias, tal qual perpetuado na noção difundida pelos três princípios gregos, que enalteceram a real noção de igualdade na política: isonomia, isegoria e isocracia.
A isonomia é a gestão do coletivo, onde todos os homens estão sujeitos às mesmas leis e normas, onde todos devem ter os mesmos direitos e deveres na sociedade e quando a lei é para todos e todos são iguais perante ela, independentemente da riqueza ou prestígio destes.
A isegoria consiste no fato de que todos os cidadãos têm igual direito de manifestar sua opinião política para todos os outros. Quando é permitido aos cidadãos o direito da palavra e o fruir das riquezas. Quando a divergência de opiniões é superada pela discussão democrática da questão.
A isocracia é o direito de o cidadão participar da administração pública e o ideal da igualdade de acesso aos cargos políticos. As decisões tomadas em conjunto respeitam a vontade da maioria.
Esses três princípios, desde então, revolucionaram a forma de fazer política, tornando-se indispensáveis em qualquer democracia, quer sejam pela forma direta ou representativa. Na falta de qualquer desses três princípios, restará inexistente a ideia de democracia.
No Brasil, muito se precisa aprender com os clássicos atenienses. Contudo, os tempos são outros e o caminho vai sendo percorrido, na medida da conscientização do próprio povo. Aos poucos a cidadania vai superando os obstáculos e a jornada se tornando menos tormentosa. O comodismo há que dar lugar ao civismo e as práticas de liberdade e igualdade hão de ser encaradas como um direito e não como um favor. A experiência cívica leva às conquistas sociais e estas consagram a legitimidade da humanidade.
Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
Em que pese a falta de liberdade durante os 21 anos de ditadura, a sociedade brasileira vai aprendendo aos poucos o significado verdadeiro do que seja democracia. O aprendizado remete a uma visita aos séculos V e VI a.C., quando a democracia foi criada, aperfeiçoada e estabeleceu a base das democracias modernas.
O início das normas democráticas na Grécia, especialmente no período áureo ateniense, sempre remetia ao significado de igualdade, por mais que tentassem os contrários, a derrubada dos ensinamentos dos criadores da ideia formadora da política.
Entre os princípios mais valiosos da Constituição brasileira está o de que todos são iguais perante a lei (Art. 5º). No entanto, a prática desse direito não é exercida. Não aqui. Não na presente geração.
A sociedade brasileira continua tendo muito a aprender sobre democracia. Pouco sabem os cidadãos comuns sobre direitos e deveres compartilhados. Pensam que sabem, mas pouco ou quase nada compreendem dessa linguagem de processo histórico.
A lição que perdura por séculos é a de que lá, como cá, travando a democracia e a liberdade, existiam os demagogos, que conquistavam a confiança do povo através do discurso vazio ou de promessas irrealizáveis. A diferença é que lá, os falsos e enganadores foram afastados e aqui esses falastrões prosperam.
Os princípios democráticos da clássica antiguidade foram lecionados, incansavelmente, ao longo dos séculos. Transformaram em monumento a sabedoria política humana. Romperam barreiras entre os erros e os acertos das diferentes classes sociais. Moldaram uma nova teoria de que a democracia é o governo da cidadania, daqueles que estão livres para a ação e para a discussão no campo das ideias, tal qual perpetuado na noção difundida pelos três princípios gregos, que enalteceram a real noção de igualdade na política: isonomia, isegoria e isocracia.
A isonomia é a gestão do coletivo, onde todos os homens estão sujeitos às mesmas leis e normas, onde todos devem ter os mesmos direitos e deveres na sociedade e quando a lei é para todos e todos são iguais perante ela, independentemente da riqueza ou prestígio destes.
A isegoria consiste no fato de que todos os cidadãos têm igual direito de manifestar sua opinião política para todos os outros. Quando é permitido aos cidadãos o direito da palavra e o fruir das riquezas. Quando a divergência de opiniões é superada pela discussão democrática da questão.
A isocracia é o direito de o cidadão participar da administração pública e o ideal da igualdade de acesso aos cargos políticos. As decisões tomadas em conjunto respeitam a vontade da maioria.
Esses três princípios, desde então, revolucionaram a forma de fazer política, tornando-se indispensáveis em qualquer democracia, quer sejam pela forma direta ou representativa. Na falta de qualquer desses três princípios, restará inexistente a ideia de democracia.
No Brasil, muito se precisa aprender com os clássicos atenienses. Contudo, os tempos são outros e o caminho vai sendo percorrido, na medida da conscientização do próprio povo. Aos poucos a cidadania vai superando os obstáculos e a jornada se tornando menos tormentosa. O comodismo há que dar lugar ao civismo e as práticas de liberdade e igualdade hão de ser encaradas como um direito e não como um favor. A experiência cívica leva às conquistas sociais e estas consagram a legitimidade da humanidade.
Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
Parabéns pela iniciativa do blog.
ResponderExcluirSucesso na defesa dos interesses públicos.
Att.
Vânia Leila
Ótima definição. Continue.
ResponderExcluirAtt.
Nilton Garcia
Ótima definição. Continue.
ResponderExcluirAtt.
Nilton Garcia
"Por isso, isonomia é, antes de mais nada, liberdade de falar e como tal o mesmo que isegoria; mais tarde, em Políbio, ambas significam apenas isologia" (ARENDT, Hannah. O que é Política)
ResponderExcluirParabéns pelo blog. E que continuem e aprofundem essas discussões porque a democracia brasileira ainda está entre as piores do mundo. Sandra Starling
ResponderExcluirisonomia; é amar seu próximo como atimismo..
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