ÓRFÃOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
"Viver com a natureza"
Submetemo-nos a viver numa sociedade cada vez mais globalizada e desumana. O exclusivismo sobrepõe-se
violentamente aos direitos elementares dos mais fracos e da própria
biodiversidade.
Atitudes severas precisam
ser tomadas para que os valores da vida não sejam dispostos no mercado como produtos
descartáveis. A educação ambiental faz parte desse conjunto de valores, que
remete ao exercício da cidadania, da solidariedade e do convívio social. A
atitude e a educação ambiental são elos de uma corrente cívica em defesa da
vida.
Nos centros urbanos,
a conscientização ecológica passa pela participação das crianças, para que elas
descubram o prazer do convívio com a natureza, e não se transformem nos adultos
que hoje temos, órfãos de educação ambiental.
Em Belo Horizonte,
convivemos diariamente com a destruição impiedosa do meio ambiente, quer seja
pela verticalização sem parâmetros, pela especulação imobiliária, pelo descaso
do poder público municipal ou até mesmo pela inércia do cidadão.
O desenvolvimento das
funções sociais da cidade presume a garantia do bem-estar de seus habitantes.
Da mesma forma, os elementos culturais e de lazer edificados, como museus, teatros,
praças, parques e monumentos, além das áreas verdes, de preservação permanente
e de diretrizes especiais, todas presumem a tutela e a proteção jurídica do
ambiente urbano.
A nossa cidade, antes
que seja tarde, precisa de aulas diárias de educação ambiental, cujos bancos
escolares deverão ser frequentados por todos nós: crianças, jovens e adultos,
sem distinção. A solidariedade, o serviço voluntário, a participação, a
integração e a cidadania na defesa dos interesses difusos e coletivos são
pilares de sustentação da educação ambiental, que esperamos que seja pai e mãe dessa
sociedade desvalida, do ponto de vista ambiental.
A política de
preservação do meio ambiente em Belo Horizonte precisa levar em conta a conscientização dos
órgãos governamentais, dos setores empresariais e dos moradores, de forma a
alcançar os seguintes objetivos: uma sociedade mais próxima da natureza, uma
cidade que aprenda os valores da educação ambiental, uma população que impeça a
destruição das áreas verdes e um desenvolvimento que respeite a
sustentabilidade e a preservação do ambiente.
Alcançados e
praticados esses princípios, a cidade não mais terá que conviver com as constantes
ameaças de falta d’água, de crimes contra a flora e a fauna, de derrubada de
árvores, de poluição do solo, do ar e das águas, de agravamento do efeito estufa,
de extinção do patrimônio vegetal ou de absurdas autorizações de obras
particulares ou públicas em áreas ecológicas, tombadas ou de preservação. Caso
contrário, continuaremos órfãos de educação ambiental.
Wilson Campos (Advogado/Presidente
da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da
OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de domingo, 28/09/2014, pág. 23).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de domingo, 28/09/2014, pág. 23).
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