MUDANDO DE ASSUNTO: É hora de pensar no cidadão, nas empresas, na sociedade, e esquecer a politicagem.



O cidadão comum não aguenta mais tanta notícia em rádio, jornal, televisão e internet dando conta de política imediatista e politicagem rasteira no país. O assunto é sempre em torno de questões relacionadas aos interesses largos e pessoais da Presidência da República, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Ora, chega de tanto regabofe com políticos que não enxergam além dos seus gabinetes em Brasília.

É chegada a hora de pensar nas pessoas, nos pobres, nas famílias, nos cidadãos e cidadãs que precisam de emprego, de salário, de hospital, de transporte público de qualidade, de educação, de segurança pública e de casa para morar. É chegada a hora de o Estado parar de brincar de gestor de investimentos públicos e investir verdadeiramente em quem precisa - no povo brasileiro.

A sociedade brasileira não precisa e não quer saber quem vai ser o próximo presidente da República. Não agora. Vamos mudar de assunto, porque já deu. Deixemos esse tema para o segundo semestre de 2018. O momento atual requer recato, sensatez e trabalho sério dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A hora é de retribuir o sacrifício do povo, seja pela redução do custo de vida ou por exemplos austeros dos governantes que justifiquem a esperança das pessoas.

Essa mesmice, sem criatividade, em torno de autoridades medíocres enerva até aqueles cidadãos mais pacientes e tolerantes. Mudar de assunto é uma exigência racional para que as questões emergenciais sejam debatidas e enfrentadas, mormente as asseguradas no artigo 6º da Constituição. Ora, perde-se muito tempo com bobagens típicas de políticos narcisistas, que pouco ou nada se incomodam com a população, e se esquecem dos setores popular, técnico/científico e empresarial, que, a rigor, são as molas-mestras do desenvolvimento desta nação, independentemente da ingerência quase sempre inócua de políticos carreiristas.

Administrar um país da dimensão do Brasil é coisa séria, e não pode ser tarefa delegada a quem não tem estofo para tanto. Os predicados começam pela simplicidade da gestão, dos usos e dos costumes desses indivíduos. Daí a preguiça dos menos ardorosos em pensar que a direita seja melhor do que a esquerda e vice-versa. Mas ao povo não interessa o partido, o fisiologismo ou as cores das camisas, pois o que de fato completa a vida do cidadão é o respeito, a dignidade, a liberdade e a igualdade de tratamento.

Mudando de assunto, chega de fantasias, demagogos e oportunistas. Estamos no século 21, às portas de uma aceleração global tamanha que as redes sociais já se adiantam aos acontecimentos. Portanto, o aprendizado tem de ser elástico, abrindo os olhos do eleitor, corrigindo os rumos, adaptando as escolhas, alargando os pensamentos e distanciando os bons dos canastrões de plantão. De sorte que a meta é atingir o grau máximo de satisfação do povo brasileiro, e não dos representantes da oligarquia e do coronelismo caquéticos, que já passaram da hora de entregar o seu catastrófico poder. Aliás, o empoderamento agora é, por exigência nacional, do povo, e não daqueles que se acham os donos da razão, do convencimento e do que seja certo ou errado para a cidadania.

Mudar de assunto é pensar no povo, como o povo quer ser pensado. Mudar de assunto é fazer pelo povo, como o povo quer que seja feito. E já passou da hora de o Estado deixar o papel de protagonista e ser apenas o coadjuvante, na coxia, deixando os setores produtivos e profissionais realizarem o trabalho que eles sabem muito bem fazer. A notícia agora, de primeira página, passará a ser o povo empresário, o povo técnico, o povo operário, o povo unido na solução dos problemas do país.

Por fim, na homenagem dos Titãs ao povo brasileiro - "A gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte. A gente não quer só comida. A gente quer saída para qualquer parte. A gente não quer só dinheiro. A gente quer dinheiro e felicidade. A gente não quer só dinheiro. A gente quer inteiro e não pela metade".

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).

(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de sábado, 16 de dezembro de 2017, pág. 7, sob o título "Mudando de Assunto").

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