CRIMINALISTA POLEMIZA COM A OAB
A edição de migalhas n° 4.337 traz à baila uma grande polêmica surgida
na última sexta-feira, 13, em razão da declaração do criminalista Alberto
Zacharias Toron. Em entrevista ao jornalista Fernando Morais, publicada no blog
Nocaute, o advogado desaprovava o modus
operandi da Lava Jato; disse que estão sendo utilizadas práticas de
investigação autoritárias, criticou o uso das conduções coercitivas e das
prisões temporárias; disse, então, que “deveríamos contar com a OAB”, mas que a
Ordem está “acovardada”.
Em dura nota, o presidente nacional da Ordem, Claudio Lamachia, rebateu:
“a covardia está na postura de um advogado querer usar a OAB para defender seus
clientes”.
A OAB é autora de uma das ADCs (Ações Declaratórias de
Constitucionalidade) que questionam a prisão em segunda instância (a ADC 44) e
não pediu, como o PEN, autor da outra ADC (43), a liminar. Liminar, aliás, que
o PEN se arrepende de ter pedido, pois beneficia, caso seja deferida,
diretamente o ex-presidente Lula.
Veja a nota da OAB em resposta à crítica do criminalista:
“A OAB cumpre, de
forma rigorosa, as funções que lhe são atribuídas em lei: a defesa das
prerrogativas dos advogados e a defesa dos direitos e garantias individuais.
Não é função da OAB
atuar em defesa dos clientes dos advogados. A OAB representa todos os mais de 1
milhão de advogadas e advogados do Brasil e não se sujeita aos interesses
particulares de profissional que coloca seus interesses financeiros acima da
ética e do respeito com a instituição.
A advocacia não é uma
profissão para covardes. O advogado brasileiro, que atua no dia a dia do
Direito, está indignado com os escândalos de corrupção e quer punição para os
culpados, sejam eles de esquerda ou de direita. A lei não tem cor ideológica,
ela deve ser respeitada e valer para todos, sempre observado o contraditório e
o devido processo legal, institutos que a Ordem defendeu, defende e sempre
defenderá de forma intransigente!
A covardia está na
postura de um advogado querer usar a OAB para defender seus clientes, suas
causas pessoais e suas ideologias.
A OAB tem como missão
a defesa das prerrogativas da advocacia e da Constituição, jamais os clientes
dos advogados e suas causas”. Claudio Lamachia - Presidente do Conselho Federal da
OAB.
Ao meu sentir, respeitando as opiniões contrárias de
colegas advogados, a maneira correta deveria ser os criminalistas contrariados
ou outros advogados de outras áreas, também discordantes da postura da OAB, procurarem
um contato direto com a diretoria da Ordem, para, assim, colocarem suas
alegações e até mesmo manifestarem em sentido diverso do adotado pela entidade
máxima da advocacia brasileira.
Se as palavras da resposta do presidente da OAB
nacional foram fortes e agressivas, como alegaram alguns advogados criminalistas,
também foram impróprias e desproporcionais as palavras do criminalista
redarguido. De sorte que o debate no campo das ideias é a melhor saída para
encontrar um entendimento comum e satisfatório para a sociedade, para a
democracia e para a advocacia.
Essa troca de farpas em público não é demonstração
de sentimento democrático e não acrescenta simpatia à causa da advocacia, que,
a rigor, tem enfrentado altos e baixos na preservação das prerrogativas,
justamente porque os advogados estão muito longe da sonhada união, tão
necessária à categoria.
Não resta dúvida de que é direito do cidadão ser
defendido por um advogado, por mais grave que seja o crime que lhe é imputado,
até para ter um julgamento justo e a pena fixada dentro dos parâmetros legais. Ora,
o advogado não defende o crime, mas debruça-se sobre a defesa de um julgamento
justo, mesmo porque não há causa criminal indigna de defesa, restando, pois, ao
advogado defensor, agir no sentido de que a todos seja concedido tratamento condizente
com a dignidade da pessoa humana, sob a égide das garantias constitucionais.
Da mesma forma, não pode restar dúvida da sociedade
e muito menos dos advogados, que a OAB cumpre o seu papel nos termos legais, ainda
que o contingente imenso de advogados esteja tomado por ideias divergentes a
respeito do que representem, exatamente, nos dias de hoje, para o cidadão comum,
as palavras: Lei e Justiça; Direitos e Deveres; Ordem e Progresso; Corrupção e Política;
Segurança e Proteção; Dignidade e Cidadania; Poder e Soberania; Liberdade e Igualdade;
e Certo e Errado.
Destarte, enquanto o povo tenta entender tudo isso,
não pode a OAB abandonar o seu legítimo papel de orientar a todos,
indistintamente, sempre no caminho da administração da Justiça. Não pode a OAB
transigir na defesa das prerrogativas dos advogados nem na defesa dos direitos
e garantias individuais. Não pode a OAB se deixar levar por polêmicas caseiras,
em detrimento do bem geral da advocacia. Não pode a OAB se esquecer da sua real
função, conforme disposto no artigo 44 do Estatuto da Advocacia, qual seja:
Art. 44. A Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), serviço público, dotada de personalidade jurídica e
forma federativa, tem por finalidade: I - defender a Constituição, a ordem
jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça
social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da
justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas; II -
promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a
disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil.
Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
Os advogados criminalistas estão ganhando rios de dinheiro com essa corrupção de Lula, Temer, Aécio, Jucá, e toda essa turma que está pendurada na Lava Jato. Agora querem que a OAB compre a briga por eles. Ora, a OAB é de todos os advogados e não apenas dos criminalistas que ganham milhões e ficam aí na televisão rindo o mais que podem. Estou com a posição adotada pela OAB. Parabéns ao autor do artigo pela excelência do assunto. Muito bom mesmo!!! Adv. Rubens J. H. P. de S. - (MG, SP, RJ, RS).
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