O PIOR GOVERNO.

 

Não tem como fugir da avaliação do fim do governo Fernando Pimentel, notadamente quando o Estado de Minas Gerais está no fundo do poço e não cumpre com as suas mínimas obrigações sociais e legais. A gestão que começou pelas mãos erradas de uma equipe sem comprometimento com o espírito de garra do povo mineiro, não poderia terminar de outra forma. O governador não disse a que veio e não liderou em nenhum momento os herdeiros da Inconfidência Mineira, que somos nós, cidadãos que não aceitam submissão nem vexame.

O governador perdeu o trem da história. O Estado mineiro esteve acéfalo por quatro anos. Os erros foram se acumulando, a dívida aumentando, o desprestígio crescendo e a tradicional política mineira rolando morro abaixo. O caos reinou absoluto. Os compromissos com a cidadania, com os municípios e com a União não foram cumpridos. O curriculum vitae do governador já antecipava o desastre. Não tinha como dar certo. Os eleitores erraram quando o elegeram, mas acertaram quando lhe negaram a reeleição e o conduziram a uma fragorosa derrota nas urnas no último pleito.

O pior governo não cumpriu o programa de gestão entregue ao TRE em 2014. O novo modelo de desenvolvimento regional não saiu do papel, e o que se viu foram municípios sucateados por atraso e falta de repasse de verbas. O propalado “ouvir para governar” se transformou num engodo, sem nenhuma participação popular democrática. As anunciadas prioridades nos campos de energia, transporte, água e saneamento, saúde, educação, finanças públicas, meio ambiente, segurança, cultura e esporte não foram implementadas e restaram engavetadas ad aeternum, haja vista o notório descompasso administrativo e o surgimento de fortes acusações contra o governador, com denúncias da Procuradoria Geral da República (PGR) e em trâmite no Superior Tribunal de Justiça (STJ).  

De fato, o pior governo de Minas se consagrou pelos desacertos econômicos e políticos, valendo lembrar os casos lamentáveis de apropriação indevida e intempestiva dos depósitos garantidores de ações judiciais, da retenção dos descontos dos empréstimos consignados dos servidores, da gravíssima negação de repasse de parte do ICMS e do IPVA para as cidades mineiras, que estão em situação de penúria por conta da violação constitucional, e do ilegal parcelamento de salários dos servidores públicos civis e militares. 

Tais pechas não podem macular a integridade dos mineiros. Isso não é próprio da terra da Independência e da liberdade, onde os governantes devem ser justos e democráticos. Tais falhas pertencem ao pior governo, que discursou das tribunas luxuosas, mas não se misturou ao povo e ainda se indispôs com o governo federal e saiu quebrado no embate inconveniente, mas não sem antes desonrar as terras mineiras, que um dia viram-se sulcadas pelo sangue dos inconfidentes, cujo lema eternizado é “Liberdade ainda que tardia”.  

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental).

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quarta-feira, 2 de janeiro de 2019, pág. 15).

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