NESTE 2021 ESPERA-SE PELA VOLTA DA SEGURANÇA JURÍDICA.

 

Vivemos uma época de predomínio da opinião rasa, do conhecimento superficial, da informação inútil e da prisão cotidiana que arrasta as pessoas, cada vez mais, para a caverna da ignorância. É triste ter de admitir isso, mas é o que acontece na atualidade.


Disseram para ficar em casa, mas não explicaram por que no ônibus atafulhado, apertado, abarrotado de pessoas, o coronavírus não ataca; nas filas imensas em portas de bancos, também não; nos supermercados cheios de consumidores, nem pensar; e nas eleições municipais, com milhares de eleitores nas ruas e agrupados em salas apertadas para votar, o coronavírus não representou riscos. Já no comércio, nas lojas, nos bares e nos restaurantes, prontos para bem-servir com assepsia e cuidados, a Covid-19 é perigo iminente, segundo os especialistas da prefeitura. Ora, sinceramente, essas contradições indignam a todos, profundamente, e causam insegurança jurídica.


Sem saber em quem acreditar e no meio de uma chuva de contradições, o cidadão segue sua vida. Atordoado pelas notícias desencontradas que circulam nas redes sociais, ao voltar do trabalho, de pé, pela vidraça do ônibus ele vê centenas de lojas fechadas e com placas de “aluga-se”, “vende-se” e “passa-se o ponto”. A partir daí, o cidadão, trabalhador e chefe de família, passa a se preocupar com o futuro do seu emprego.

 

No percurso de uma hora, cansado e com as pernas doloridas, o cidadão tenta se equilibrar dentro do transporte coletivo, que parece uma lata de sardinha, todos juntinhos, aglomerados. As pessoas usam máscaras, mas não sabem explicar o motivo de tantas contradições por parte das autoridades municipais, que decretam horários e medidas sanitárias para certos setores e nem se preocupam se o trabalhador vai e volta com segurança.

 

Portanto, cabe à prefeitura responder onde está o nexo causal das medidas decretadas, posto que, a rigor, o nexo de causalidade seja um requisito para descobrir quais condutas, positivas ou negativas, deram causa ao resultado previsto em lei. Ou seja, para se afirmar que alguém provocou um determinado fato, faz-se necessário estabelecer a ligação entre a sua conduta e o resultado gerado; demonstrar a relação entre uma causa e sua consequência; e verificar se de sua ação ou omissão adveio a repercussão.  

 

Também cumpre à prefeitura, em bom serviço público a ser prestado à sociedade, sem autoritarismo, mas democraticamente, informar a concausa preexistente nos setores obstados de trabalhar com regularidade. Mas, caso as autoridades não tenham respostas científicas alinhadas às teorias jurídicas e estejam apenas cogitando riscos, a responsabilidade imputada aos prejudicados deixa de existir, pois, segundo a teoria da causalidade adequada, haverá responsabilização quando o ato do agente é potencialmente apto a produzir os efeitos danosos.

 

De sorte que medidas de segurança precisam ser implantadas, sem, contudo, implicar em fechamento de negócios, causar desemprego e gerar pânico. A rigor, em 2021 espera-se pela volta da segurança jurídica, definitivamente.

 

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).

 

(Este artigo mereceu publicação do Jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 7 de janeiro de 2021, pág. 19).

 

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Comentários

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  2. Interessante como dois artigos publicados no mesmo dia, de Acílio Lara Resende e de Wilson Campos (Opinião, 7.1), conseguem ser tão diferentes. Um realista, provocador no sentido do que está acontecendo no país e em BH, particularmente. O outro, completamente tendencioso, continua com a mesma verborreia de há bastante tempo, sempre atacando e menosprezando o que este governo já fez ao praticamente afirmar que o presidente não trabalha. Claude Mines (comentado na coluna Leitor, Jornal O Tempo de sábado, 9/1/2021.

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  3. Com esse prefeito de BH não tem segurança em nada e muito menos jurídica. O indivíduo se acha o dono da cidade , quebra as empresas e enche a cidade de desempregados, fala um punhado de m... e tem a cara de pau de enviar guias de IPTU caríssimas para serem cobradas de quem nem trabalhou porque ele não deixou. Pagar de que jeito hein Kalil???? Você Kalil acha fácil porque não paga IPTU e dá calote na prefeitura desde que tomou posse, posse com votos de imbecis que não te conhece. Toma vergonha na cara prefeito e paga o IPTU para dar exemplo pro povo. Paga seu IPTU em vez de mandar guias caras para a gente pagar, com pandemia, desemprego, lojas fechadas, comércio falido, e você querendo pagar de bacana. Toma vergonha. Vamos lá Dr. Wilson denunciar no MP o que esse prefeito está metendo os pés pelas mãos. Insegurança jurídica como senhor diz é o que mais tem com esse prefeito. Que povo é esse que tolera isso??? Vamos reagir minha gente depressa e o mais depressa possível, já, já. já. Antes que esse prefeito e sua turmeca de petistas acabem com a nossa capital. Abrs. e obrigado Dr. Wilson Campos por tudo que escreve e fala em nosso nome. Abrs. de Márcio Leandro.

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  4. Mais um artigo que merece aplauso de pé. Um absurdo isso desses especialistas da prefeitura fechar os negócios de uns e deixar outros abertos - ônibus, banco, supermercados, metrôs lotados e esse prefeito querendo inventar a roda. Os comerciantes deviam meter processos e mais processos sem dó e lotar o judiciário de ações na justiça e ver no que vai dar porque o judiciário também é brincadeira... Deus nos livre dessa política porca de hoje em dia. Pra resolver só o povo nas ruas e sem negociação. Parabéns Dr. Wilson por mais este artigo nota 10. Eu assino em baixo. Até mais doutor. Eu sou Dirlene Maria - de BH, de MG e do Brasil.

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  5. Falta segurança jurídica, falta nexo da causalidade e falta vergonha na cara desse prefeito que divide sua função com pessoas pouco qualificadas para a gestão pública. Um desastre tudo isso. Sou advogado e concordo com o doutor Wilson Campos, nobre causídico, e faço suas as minhas palavras no mais de todo o seu texto. /excelente!!!! Abração. Geraldo M. O. Simões

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