PRESIDENTE DO TJMS DEFENDE VOLTA AO TRABALHO CONTRA “ESQUIZOFRENIA E PALHAÇADA MIDIÁTICA FÚNEBRE”.

 

O novo presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), desembargador Carlos Eduardo Contar, em seu discurso na sessão solene de posse, no dia 22 de janeiro de 2021 (sexta-feira passada), teceu fortes comentários, assertivos e republicanos, a respeito do que ocorre atualmente no país.


Disse o desembargador: “Mostremos nós trabalhadores do serviço público responsabilidade com os deveres e obrigações com aqueles que representamos, e por isto mesmo, retornemos com segurança, pondo fim à esquizofrenia e palhaçada midiática fúnebre, honrando nossos salários e nossas obrigações, assim como fazem os trabalhadores da iniciativa privada, que precisam laborar para sobreviver e não vivem às custas da viúva estatal com salários garantidos no fim de cada mês”.


Firme na sua fala, o presidente do TJMS continua: “Voltemos nossas forças ao retorno ao trabalho, deixemos de viver conduzidos como rebanho para o matadouro daqueles que veneram a morte, que propagandeiam o quanto pior melhor, desprezemos pois o irresponsável, o covarde e picareta da ocasião que afirma ‘fiquem em casa’, ‘não procurem socorro médico com sintomas leves’, ‘não sobrecarreguem o sistema de saúde’. É, paciência senhores, os tempos realmente são estranhos”.


O desembargador não se intimida com as ilustres presenças na plateia e afirma, enfaticamente: “Porém, como já dito ao início, razões de ordem prática recomendam meu silêncio. Primeiro, para não ser penalizado, neste tempo de caça às bruxas onde até o simples direito de manifestar qualquer opinião que não seja a da grande mídia corrompida e partidária, também porque a idade vai ensinando que melhor do que estar certo é ser feliz, mesmo que padecendo com a revolta, a indignação e o inconformismo, e por último, também porque, já me alongo nesta fala e não gostaria de deixar a má impressão de ser inconveniente”.


“Gostaria de dizer neste momento algumas considerações sobre fatos, acontecimentos e questões de ordem nacional que impactam diretamente o exercício da magistratura, por vezes agredindo e maculando o respeito que se deve prestar aos seus componentes. Este seria o momento de falar sem ser interrompido, é a oportunidade de considerar as coisas como se apresentam, combatendo a histeria coletiva, a mentira global, a exploração política, o louvor ao morticínio, a inadmissível violação dos direitos e garantias individuais, o combate leviano e indiscriminado a medicamentos que - se não curam, e isto jamais fora dito - podem, simplesmente no campo da possibilidade, ajudar na prevenção ou diminuição do contágio, mesmo não sendo solução perfeita e acabada”, declara o magistrado.


No discurso, o presidente do TJMS enalteceu o trabalho da OAB e dos advogados: “Registro meu compromisso de atender em todo o possível esta Seccional, posto que são os advogados aqueles que falam em nome das partes, ou seja, em nome da população que se socorre do Judiciário como remédio à solução dos conflitos existentes”. E completou: “Tal como a advocacia, o mesmo trato será dispensado ao Ministério Público, porquanto estamos nós pareados na defesa comum do interesse público”.


O desembargador tratou ainda de temas e quesitos importantes para o Poder Judiciário, para os jurisdicionados e para a sociedade como um todo, e convocou os políticos presentes a contribuírem para a evolução dos direitos e das garantias, para a melhoria dos serviços da Justiça e para a estruturação das comarcas que também carecem de prestação jurisdicional adequada e eficiente.


Com espírito religioso, o presidente empossado cita passagens bíblicas: “Aproprio-me de duas destas passagens e comento, ‘bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!’, porquanto, ainda que a menção seja de ordem espiritual, indo além das questões mundanas, aqui não haverá de ser diferente se quisermos atingir a utópica e sempre buscada justiça dos homens. O mundo clama por justiça em todas as formas. A justiça, como ação humana, foi elevada ao grau de Poder de Estado e é exercida por pessoas preparadas para tal. Não obstante os desvios próprios dos homens, uma coisa não se pode questionar sob pena de barbárie: a Justiça fala por último e impõe sua força, para isto foram criados graus de jurisdição e buscada a qualificação e perpetuidade dos seus membros”.


“Igualmente, ‘bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!’ e, da mesma maneira, de forma ainda mais gravosa, pior são aqueles que por força da injustiça são perseguidos, presos, condenados, banidos, bloqueados, execrados e até mortos sob o manto de se aplicar a lei quando esta é feita para favorecer, privilegiar e manter grupos de pessoas ou interesses. Não existe justiça se houver omissão ou indiferença contra arbitrariedades, desvios, crimes, violência ou usurpação de direitos e liberdades individuais e coletivas”, conclui o magistrado.   


Pelo exposto, tomara que o discurso do presidente do TJMS contagie os demais presidentes de tribunais e os sensibilize a ponto de torná-los conscientes sobre a realidade brasileira. Há que se dar um basta nos desmandos de prefeitos e governadores que fecham tudo ou quase tudo, provocando quebradeiras, desempregos e pânico. A população precisa, urgentemente, acabar com essa farra de políticos com o dinheiro público, que usam da desculpa de estar cuidando da saúde para desviar recursos para seus bolsos. Os escândalos pipocam por todos os lados, com superfaturamentos, compras inadequadas, desvios e desperdícios. E como disse o desembargador e novo presidente do TJMS, a hora é de deixarmos de viver conduzidos como rebanho para o matadouro daqueles que veneram a morte, que propagandeiam o quanto pior melhor; e por isto mesmo, retornemos ao trabalho com segurança, pondo fim à esquizofrenia e palhaçada midiática fúnebre, honrando nossos salários e nossas obrigações.


Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas tributária, trabalhista, cível e ambiental/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG). 


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Comentários

  1. Estou com o juiz. Ele está certo. E pela primeira vez vejo um juiz e desembargador falar na lata de governador , políticos, imprensa e tudo mais. Esse desembargador me lembra alguém, hein Dr. Wilson Campos, hein? Muito bom, gostei do discurso e gosto mais ainda dos artigos do caro advogado competente desse blog. Abrs. Dra. Juliana K.R.Silva,

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  2. Doutor Wilson Campos o juiz está mais do que certo porque sem trabalho ninguém vive. Os prefeitos e governadores que estão fechando as cidades e as empresas são uns irresponsáveis quebrando todo mundo e causando o famigerado desemprego. Sem emprego, sem comida na mesa. É isso que está acontecendo e vai piorar se não abrir logo o comércio e as empresas do Brasil inteiro. Ter cuidado e vacinar a pessoa não significa ter de ficar sem trabalhar. Ora essa. Dr. Wilson Campos parabéns pelos seus sérios e valiosos artigos e pelo trabalho da cidadania de anos e anos e parabéns para o senhor e para esse desembargador do MS que falou duro e sem medo de agradar ou não quem estava lá ou ficou sabendo depois. Saldanha Viriato.

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  3. Colega Dr. Wilson, como advogado que sou, dificilmente elogio juízes, porque eles são bem do lado do Estado, mas no caso desse desembargador a coisa muda de figura porque o cabra tem culhões e é como nós que corremos atrás e mostramos o erro e pedimos correção. Gostei. Parabéns ao senhor pela presidência da Comissão de Cidadania da OAB Mineira e pelo excelente desempenho à frente dela. Tenho ótimas informaçõs do senhor. . Abr. do José Carlos - adv.

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  4. Paulo César F. O. Neto28 de janeiro de 2021 às 17:18

    Esse juiz é dos meus. Ele quer todo mundo trabalhando pesado,inclusive o pessoal do tribunal e do Judiciário como um todo. Nada de moleza com ele. Muito bom o desembargador na sua fala e no discurso firme. Não afinou nem para o governador do MS que estava lé e mandou ver. Esse é dos nossos Dr. Wilson e o senhor também não pisa fora. Li alguns dos seus artigos nos jornais e aqui no blog e estou muito bem impressionado com a qualidade dos textos e do conhecimento do nobre advogado. Estamos nessa juntos. Conte comigo e com minha turma do escritório associado. Sds. Paulo César F.O. Neto.

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