CPI DA ESCULHAMBAÇÃO E DA OFENSA.

 

Nem mesmo a imprensa parcial, manipulada e interesseira consegue encobrir as sandices cometidas pela CPI do Senado ou CPI da Covid, mas que acho melhor chamar de CPI da esculhambação e da ofensa, tamanhos o desrespeito cometido e a vergonha alheia que nos faz sentir.

Os três senadores do comando da CPI são: Omar Aziz (PSD-AM) como presidente; Randolfe Rodrigues (Rede-AP) como vice e Renan Calheiros (MDB-AM) como relator. O trio tomou para si os holofotes da mídia e, ao contrário de investigar, aproveita seus minutos de “fama” para tergiversar, acusar, esculhambar, ofender e desrespeitar as pessoas, independentemente se testemunhas ou acusados.

Vamos ao início do imbróglio: a abertura da investigação foi determinada no início de abril pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após senadores apresentarem mandado de segurança à Corte em que argumentavam que a presidência da Casa vinha ignorando o requerimento para instalação da CPI, mesmo com os requisitos formais sendo atendidos; o STF decidiu e a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instalada para investigar ações e omissões no combate à pandemia pelo poder público.

Todavia, desde o início dos trabalhos da CPI, o que se vê são pressões de todas as formas para desqualificar, desacreditar e incriminar o governo Bolsonaro por supostas omissões no enfrentamento da pandemia e na compra de vacinas. Isso, sem levar em conta que o STF tirou o controle da pandemia das mãos do Presidente da República e deu poderes aos prefeitos e governadores para que tratassem e cuidassem da questão. Ou seja, se a CPI é para investigar ações e omissões em relação à pandemia, todos os governantes devem ser investigados, sejam da esfera federal, estadual ou municipal.

A CPI tomou rumos espetaculosos, com o trio de senadores bancando os ditadores e tiranos de uma república de bananas, que faz o que bem entende na condução de uma investigação que deveria ser austera e imparcial, mas que se revela grotesca, teatral e espalhafatosa. Os membros da CPI perderam o senso do ridículo e se mostram cada vez mais pomposos e imoderados. Montaram um verdadeiro circo de horror.

A sociedade brasileira, a verdadeira, está estupefata, pasmada, atônita, diante de tanta sandice senatorial. O desrespeito dos senadores com aqueles que são ouvidos é inaceitável. Homens e mulheres são tratados de acordo com o fisiologismo do interlocutor, sem uma lógica investigativa, mas com viés político-partidário, o que denota ausência de impessoalidade dos senadores no cumprimento do ofício.

Recentemente, na semana passada, o senador Otto Alencar (PSD-BA), membro da CPI, em mais um episódio do circo armado no Senado, ofendeu e desrespeitou a médica oncologista Nise Yamaguchi. Na sessão, chamou atenção a maneira como a médica, que, diga-se de passagem, participou na condição de convidada, foi tratada pelos parlamentares. O que se viu foi uma sucessão de acusações, atropelo nas respostas e insistentes interrupções no raciocínio da profissional. “Estou sendo colocada em xeque com relação às minhas condutas médicas”, afirmou Nise. Ao fazer um questionamento sobre infectologia, o senador Otto Alencar, médico de formação, chegou a dizer que a médica “não sabe nada” sobre o assunto. O festival de grosserias se estendeu ao longo da sessão. Toda vez que as declarações da oncologista não corroboravam com o relatório final já antecipadamente elaborado pelo relator Renan Calheiros, ela era impedida de concluir a fala e defender seu ponto de vista.

A médica foi estupidamente agredida pelos arrogantes senadores do comando da trupe senatorial investigativa. E o mais curioso é que ninguém da turma do “mexeu com uma, mexeu com todas” veio em socorro da mulher, médica e excelente profissional. Também é curioso o fato de que não se ouviu um pio das militantes, das jornalistas defensoras das minorias, das artistas que adoram encampar hashtags contra o manterrupting (quando um homem interrompe insistentemente uma mulher, de forma que ela não consiga falar ou completar sua frase) em favor das colegas. Assim, diante do silêncio das feministas e das protetoras dos direitos das mulheres, coube às redes sociais evidenciar o tratamento hostil recebido pela médica durante a sessão parlamentar. Mais um show de horrores por parte dos “excelentíssimos” senadores, inimigos declarados do presidente Bolsonaro.

Cumpre esclarecer que não são todos os senadores da CPI que agridem, ofendem, desrespeitam e afrontam. Naturalmente que, os senadores acima citados são os mais exaltados, arrogantes e agressivos com quem não fala o que querem ouvir ou não vai no sentido que lhes interessa relatar. Ou seja, esses senadores não querem investigar os fatos sob a luz dos fundamentos, do direito e da Constituição, mas pretendem tão somente montar um relatório que incrimine o governo federal, e isso não mais é uma atitude velada, posto que já escancarada, desarrazoada e intolerante.

No mundo jurídico os acontecimentos na CPI causam perplexidade, haja vista a imposição, a coerção e a coação a que são expostos os investigados e as testemunhas. Nem no Tribunal do Júri, que é o órgão do Poder Judiciário que tem a competência para julgar os crimes dolosos ou intencionais contra a vida, os acusados são tratados de forma tão desleal e indigna. Ao contrário, os juízes natos e togados têm a obrigação da urbanidade no exercício da função. Em sendo assim, por que os senadores excedem aos poderes de investigação?

Outro detalhe relevante é a amplitude da teoria do domínio do fato, que pode obrigar gestores públicos a responderem por crimes indiretos, caso tenham conhecimento e controle da situação em debate. Daí a necessidade de a CPI da Covid ser mais ampla, para investigar prefeitos e governadores e entregar à sociedade não um relatório de perseguição política ao presidente Bolsonaro, mas um relatório íntegro e transparente, com informações múltiplas e abrangentes dos governantes das esferas federal, estadual e municipal.

Esse relatório, a rigor, deverá ser conclusivo e encaminhado ao Ministério Público ou à Advocacia-Geral da União, a fim de que promovam a responsabilidade civil e criminal dos infratores ou adotem outras medidas legais. A autoridade a quem for encaminhada a conclusão tem obrigação de informar as providências adotadas. O relatório final também pode apresentar propostas legislativas. Portanto, o relatório deverá ser o mais democrático e imparcial possível, sem tramas, sem armadilhas e sem perseguições, sob pena de ser questionado pela população brasileira e anulado pelo STF, com a devida responsabilização dos respectivos membros da ordo senatorum.  

De sorte que, em suma, os “juízes” da CPI da Covid têm passado nebuloso e não galgaram os degraus indispensáveis da magistratura, sendo-lhes recomendável respeitar o povo, trabalhar dentro da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência, e exercer a função legislativa nos exatos termos da Carta Magna, e não mais que isso.

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).

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Comentários

  1. MARAVILHOSO. NOTÍSSIMA MIL. PARABÉNS DOUTOR WILSON POR ENXERGAR TÃO BEM A SITUAÇÃO REAL. PARABÉNS. NÍSIA. M. ALDO.

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  2. Eu também acho que essa cpi está passando do limite e tratando as pessoas de maneira estúpida demais. Que isso? Esses senadores da cpi são uma vergonha e trataram uma mulher com total desrespeito e agrediram e as feministas não falaram nada na defesa dela. Eu vi centenas de homens indignados com o que aconteceu e as ditas protetoras da mulher nem falaram nada nada. Só falam quando agridem as amiguinhas da esquerda arrasada. É por isso que os conservadores vão ganhando espaço no Brasil e no mundo porque os da esquerda são injustos e só pregam o que seus interesses veem de bom pra eles. Enfim eu estou de acvordo com anular essa cpi e realizar uma com todos os responsáveis pelo combate da pandemia - presidente, governadores e prefeitos. Todos sem tirar nenhum. E senadores sem culpa no cartório para a comissão e não esses aí que tem processoe processos no etf e na lava jato. Abração dr. Wilson e parabéns por mais um belo artigo de brasilidade acima de tudo. Abrs. Sérgio T.

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  3. Eu estou bobo e com nojo desses senadores da CPI que tratam as pessoas com total falta de educação e pressionando para falar oque eles querem e não a verdade de quem fala. Esse 3 senadores mais o médico que desrespeita médica são farinha do mesmo saco e não representam o povo. Esses senadores são mais artistas de televisão do que parlamentares. São paus mandados da esqueerda comunista. São investigados por denúncias e processos no STF e querem bancar de bons e moralistas, e não passam de péssimos políticos. A CPI como disse o dr. Wilson deveria investigar averdade dos governantes envolvidos na pandemia e não só Bolsonaro, e deveria apurar de todos os governadores, e prefeitos. Dr. Wilson ´parabéns pelo seu trabalho de cidadania na OAB e por ser esse brasileiro que muito respeita o nosso querido Brasil. At. Faruk T.

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  4. É uma vergonha esses senadores com cesse circo todo. Muita palhaçada para pouco público que acredita neles. Eu nunca votaria num senador desse tipo que humilha as pessoas só pra aparecer na tevê. Eu estou com seu artigo Dr Wilson em tudo. Muito coerente e equilibrado com verdades verdadeiras. Muito bom. Abraços. Holmes Ribeiro.

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  5. Falou o que penso. Assino junto. Excelente Dr. Wilson. Att. Pedro Braga.

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  6. Como dizia o poeta "tem uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tem uma pedra"..., mas no Brasil são muitas pedras no meio do caminho para atrapalhar o governo federal que quer moralizar a bagunça deixada pela petezada corrupta. O senado, a câmara e o stf. São três instituições que se forem fechadas não fazem nenhuma falta a esse país. Não ajudam e só atrapalham e cuidam de coisas que não de suas competencia legais. Se cada um cuidasse da sua obrigação seria ótimo e não essa baderna generalizada que está aí. Concorda Dr. Wilson? O senhor que é sempre muito equilibrado e correto, o que acha? Acho que concorda comigo, por certo que sim. Abraço para o senhor e continua firme na luta por um Brasil melhor para todos. Parabéns doutor. Abr. do Filipe Noronha - empresário, pagador de impostos, empregador e brasileiro.

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  7. Quando eu vi que o Renan Calheiros -jagunço das alagoas - ia fazer parte desta tal de CPI da Covid eu disse que não ia prestar porque em tudo que esse canalha bota a mão o cheiro de corrupção e canalhice exala de longe. O sujeito corrupto tem dezenas de processos no STF e ainda tem a cara de pau de ser relator de uma CPI. Mas que país é esse meu santo pai? Não podemos deixar um cafajeste deste ser nada e muito menos ser parte de uma CPi. Os outros membros dessa CPI são também de dar vergonha, o tal do presidente e o tal de senador da Dpvat. Só figurinha marcada. Essa CPI é uma zona geral , uma esculhambação mesmo. Esses cabras nãotem moral nenhuma para acusar ninguém. Meu caríssimo Dr. Wilson Campos parabéns pelo artigo e assino embaixo de tudo que foi dito e registre meu comentário aí como de brasileiro que tem vergonha na cara. Abr. do Zé Lúcio fazendeiro.

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