O SÉTIMO DIA.
No sétimo dia de muita tristeza
em Brumadinho, em Minas Gerais e no Brasil, os números oficiais da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros de Minas
Gerais contabilizaram 99 mortos e 259 desaparecidos, além de 393 localizados. No
entanto, essa contagem poderá sofrer alteração, uma vez que mais corpos estão
sendo encontrados nesta quinta-feira.
As buscas por corpos e
sobreviventes da tragédia de Brumadinho entraram no sétimo dia no final da
madrugada desta quinta-feira (31). O foco da operação agora tem sido na área do
restaurante da empresa Vale e de uma pousada que foram soterrados pela lama e
pelos rejeitos de minério.
Os militares das Forças de Defesa de Israel estão indo embora, depois de
muito ajudarem as equipes de resgates brasileiras. Contudo, bombeiros de todas
as partes do país estão chegando a todo momento em solo mineiro para auxiliar
nas operações.
Para que se
entenda a tragédia de Brumadinho, os acontecimentos tristes e lamentáveis
tiveram início na tarde da última sexta-feira (25), quando a barragem 1 da Mina
do Córrego do Feijão, que pertence a empresa Vale, se rompeu na cidade da
Região Metropolitana de Belo Horizonte. O município foi invadido pela lama e
pelos rejeitos de minério e centenas de pessoas ficaram desaparecidas.
Muitas vítimas
são funcionários ou terceirizados da própria Vale, que tinha um complexo
administrativo no local. O refeitório da empresa ficava muito perto da barragem
rompida e foi totalmente soterrado.
Integrantes
do governo federal já admitiram que não será possível
resgatar os corpos de todas as vítimas da tragédia. Entretanto, difícil
será explicar isso às famílias dos desaparecidos, pois, além da dor extrema de
perder um ente querido, maior ainda é a dor de não encontrar o corpo para dar
um enterro digno.
Após a
tragédia, dois engenheiros que atestaram a segurança da barragem, além de três
funcionários da Vale, foram presos. O governo federal já afirmou que "tomará
medidas" para impedir tragédias parecidas e falou em aumentar a
fiscalização. Hospitalizado por conta de uma cirurgia, o presidente Jair
Bolsonaro viajou à cidade mineira antes de ser internado.
A mineradora Vale informou que
vai iniciar logo o cadastro de pessoas que têm parentes mortos ou desaparecidos
após o rompimento da barragem em Brumadinho. A empresa informou ainda que pagará
às famílias R$ 100 mil por pessoa desaparecida ou morta. O atendimento
será feito em dois postos, prioritariamente na Estação do Conhecimento e também
no Centro Comunitário do Feijão.
De acordo com o porta-voz do
Comitê de Respostas Rápidas da mineradora em Brumadinho,
Sérgio Leite, estão aptos a receber o repasse famílias de funcionários da Vale,
contratados e terceirizados, e membros da comunidade, falecidos ou
desaparecidos, conforme lista oficial validada pela Defesa Civil de Minas
Gerais e divulgada no site da empresa na última segunda-feira (28).
A companhia esclareceu ainda que
apenas um representante poderá se registrar para receber o valor. Serão
priorizados inicialmente os responsáveis legais por filhos menores de idade,
seguidos de cônjuges ou companheiros em regime de união estável, descendentes
e, por último, ascendentes.
A diretoria executiva minimizou
as perdas econômicas para a Vale após a tragédia
em Brumadinho. A empresa já teve R$ 11,8 bilhões bloqueados judicialmente
e, nesta segunda-feira, viu suas ações caírem 24% e perdeu R$ 71
bilhões em valor de mercado. A nota de crédito da empresa também foi rebaixada
pela agência americana Fitch.
Além da "doação" às famílias
afetadas, a diretoria da mineradora anunciou também mais três medidas com foco
na "mitigação do sofrimento". A empresa fará a instalação de
uma cortina de contenção no Rio Paraopeba para tentar impedir
que os rejeitos da barragem avancem e afetem o abastecimento de água em cidades
vizinhas. A Vale também se comprometeu a não cortar os repasses de
recursos para o município de Brumadinho,
embora as operações da mineradora estejam paralisadas. Por fim, a empresa
também anunciou a contratação de equipe de psicólogos do hospital
paulista Albert Einstein para atuar no atendimento às vítimas de Brumadinho.
Em suma, no sétimo dia de muita dor,
amargura, desespero, aflição e irresignação, diante de uma tragédia que poderia
ter sido evitada, as famílias não se conformam e contagiam os mineiros que
também sofrem com a situação. O Brasil e o mundo estão sem entender como duas
tragédias podem ocorrer pelo mesmo motivo. Tanto a barragem de Mariana, quanto a de
Brumadinho, requeriam cuidados especiais de monitoramento e fiscalização, fossem
da própria mineradora Vale, da prefeitura municipal, do governo do Estado ou do
governo federal. Todos deveriam estar atentos aos riscos e agir no sentido de
evitar o rompimento da barragem, e com isso, evitar mortes e danos ao meio
ambiente.
Muitas vidas perdidas. Muitos
rios contaminados. Muitos prejuízos por todos os lados. Muita dor e muita
tristeza toma conta de Minas Gerais.
Em tempo, a "doação" da Vale, de
R$100 mil às famílias dos mortos e desaparecidos, não significa nada perto do
valor da vida. As indenizações aos atingidos, direta e indiretamente, deverão
ser milionárias, e nem assim representarão grande monta, porque a vida não tem
preço.
Wilson Campos
(Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental).
Muito triste. Muito injusto. Muito desumano. O texto me fez quase chorar, de novo, porque em outros do Dr. Wilson Campos sobre esse mesmo assunto trágico eu chorei. E chorei porque soiu humana e não tolero injustiças. Parabéns pelo texto doutor, que Deus tenha piedade de nós todos, mas que puna esses culpados da mineradora Vale, sem dó. Noêmia Mascarenhas.
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