A HIPERPOLARIZAÇÃO É BURRA E NÃO AGREGA VALORES.

 

Quando os debates não admitem o contraditório e quando os adversários são vistos como inimigos, é hora de parar tudo e sopesar os prós e os contras. Ledo engano pensar que as discussões agressivas e destemperadas são providenciais para o povo e para a democracia. Ao contrário, a hiperpolarização ou a polarização obsessiva e fora dos limites causa forte tensão na população e compromete as liberdades democráticas.

Se não há chão comum, diálogo ou entendimento é porque a polarização já atingiu seu ponto máximo. É a morte das ideias, dos princípios e da inteligência. Mas a quem interessa a hiperpolarização ou a polarização exacerbada e truculenta?

Resta sabido e consabido que a hiperpolarização interessa àqueles que se favorecem dela. São os políticos, os partidos e os grupos mais extremistas que se alimentam do descontentamento e da intolerância para conquistar apoio e simpatia às suas causas e aos seus interesses.

Neste ano de 2022, ano eleitoral, o que mais se verá por aí é o exercício descarado de uma hiperpolarização burra, que não agrega valores. O ano promete muitas emoções. As baixarias, as mentiras e as intrigas farão ferver o caldeirão da política. Os interesses pessoais serão colocados à frente dos interesses do povo e da democracia. A temperança e o equilíbrio ficarão em último plano.

A governabilidade do país, a solução dos problemas e a realização das reformas serão sepultadas e, na contramão das aspirações sociais, a política abrirá caminho com seus canhões, e o barulho abafará a voz da cidadania. A hiperpolarização se fará presente aqui, lá e acolá. E ninguém estará a salvo das falácias dos militantes partidários, que defenderão seus candidatos com unhas e dentes, independentemente da qualidade que tenham ou deixem de ter, se fichas sujas ou limpas, se probos ou corruptos.

Os debates, as campanhas e os discursos poderão descambar para o ridículo, para a baixeza e para a incontinência verbal. E nesta exata hora, da vergonha alheia, é o momento certo para o eleitor desligar o rádio, mudar o canal da TV ou sair imediatamente do local dos impropérios, vitupérios e fanfarronices. O eleitor não merece ouvir acusações de parte a parte e ninguém apresentar soluções, propostas e medidas de enfrentamento dos problemas sérios e urgentes do país.

A mesma hiperpolarização que toma o corpo vaidoso da política é a que ocupa de forma virulenta e odiosa as redes sociais, que colocam as pessoas umas contra as outras, favorecendo apenas as ideias já existentes. O ponto de vista do outro, do discordante, não conta e se torna cada vez mais absurdo e inaceitável.

Ter opinião diferente não é nenhum pecado, mas a hiperpolarização é a arte de bater o pé e achar que somente determinado grupo tem ideias acertadas ou atitudes corretas. E o resultado é uma sociedade desvalida, perdida e eternamente sujeita a governos populistas. Adotemos, portanto, a sensatez, a razão, o bom senso, antes que seja tarde!  

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 20 de janeiro de 2022, pág. 17). 

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Comentários

  1. O que eu vejo é muita gente brigando pro causa de políticos que roubaram e quebraram o país e ainda enviaram dinheiro para países de ditadura e querem agora voltar na maior cara de pau. O pior é que tem gente que defende esses bandidos que não estão presos por mágica da justiça brasileira que protege ´político ficha suja e mau caráter. O povo deveria brigar por comida, emprego, escola, remédio, e não focar aí de mimimi a favor de políticos sujos e corruptos. Meu Deus!!! Onde vamos parar Dr. Wilson? Seu artigo como sempre é show. Parabéns!!! Abrs. Cristina Lafont.

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  2. Dr. Wilson Campos a tal da polarização burra está por toda parte e até nas famílias isso acontece, porque um é da esquerda e o outro é da direita. O da esquerda é aquele que come e bebe na casa dos pais e toma pau na faculdade. O da direita é aquele que trabalha, ajuda nas despesas da casa dos pais, estuda e passa de ano com mérito e sabe o valor da família. São pessoas diferentes. O artigo do senhor dr. Wilson falou tudo e vou compartilhar nos meus grupos. Muito bom mesmo como sempre no blog e no jornal que sempre leio. Sem polarização e com muita razão nós vamos vencer. Acredite doutor. Abraço. João Carlos (galo).

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  3. Todo e qualquer extremismo abafa a voz do povo, do cidadão e não merece ser levado a sério. Nosso povo merece coisa melhor do que vem por aí. E enquanto essa política brasileira for assim de partidos radicais e que só pensam na formação de quadro no governo, a coisa não melhora,mas o eleitor pode mudar isso e basta ele querer e votar com a cabeça e com o cérebro e não com a fala mansa e ardilosa dos políticos de carreira que só aparecem de 4 em 4 anos. Não é isso dr. Wilson Campos?, os políticos que somem e reaparecem de 4 em 4 anos? - políticos bissextos é isso? Parabéns dr Wilson e Continuamos juntos no pensamento e na ação. Bora melhorar nosso Brasil. Estevão Morais.

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  4. Flávio Quirino (zeiro)27 de janeiro de 2022 às 12:36

    Essa briga nas redes sociais só interessa aos políticos que são favorecidos pelo quianto pior melhor. Essa hiperpolarização está até na arquibancada do estádio, mas nas redes sociais por causa de política a coisa é bem pior e fede. Eu gosto do meu zeiro e não abro mão dele mesmo na segundona, mas tem político aí que pula de galha em galho e de partido em partido só para levar vantagem. Oportunista e nao merecem nosso voto. Esses cabras da petezada que estão voltando aí não vão ganhar porque o povo não é mais bobo como antes e eles tiveram a chance e não fizeram nada de nada - bando de corruptos e comequietos que só envergonha a gente. É isso mestre Wilson Campos meu guru dos artigos mais porretas que leio. Vamos nessa e vamos pra ganhar essa batalha. Att: Flávio Quirino. BH.

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  5. Vamos ficar atentos às propostas de nossos futuros governantes. Não deixemos nos levar a ser enganados novamente, pesquisar o passado e legado deixado por cada um, já nos ajuda em alguma direção.

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  6. A NOSSA POLÍTICASE TORNOU UMA GRANDE HIPOCRISIA,É O SUJO FALANDO DO MAL LAVADO,NA VERDADE VERDADEIRA ESSES POLÍTICOS NA INTIMIDADE SÃO AMIGOS ENTRE ELES,É COMO O CÁSSICO ATLETICOXCRUZEIRO APÓS OS JOGOS OS JOGADORES OPONENTES DOS 2 TIMES SE JUNTAVAM E IAM BEBER JUNTOS,JUNTINHOS EM SÍTIO DO BAIRRO GLÓRIA,SÓ OS TORCEDORES BRIGANDO ENTRE ELES MAS A CERVEJADA E O CHURRASCO OFERECIDO AOS ATLETAS DOS 2 TIMES EM COMUM LOGO APÓS O CLASSICO ASSIM É A POLÍTICA,OS ELEITORES CRENTES QUE EXISTE RIVALIDADE ENTRE OS CANDIDATOS...PURO TEATRO...

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  7. O artigo do Doutor Wilson Campos, advogado, já diz tudo.
    Nada a acrescentar. Excelente visão do jogo político. Att: Berenice Gama.

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  8. Com acuidade característica, o Dr. Wilson fez importante admoestação em face da crescente polarização política, que serve aos vis propósitos dos políticos. Parabéns pelo alerta, num ano que exigirá de todos nós muita paciência e equilíbrio!

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  9. Excelente, direto ao Ponto. Apesar de sempre ter sido presente e recorrente, a Baixaria e Polaridade, realmente, têem extrapolado o Exagero do Desnecessário. Perfeito, se não o beira a tal...

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