INSS QUER SUSPENDER A “REVISÃO DA VIDA TODA”.

 

O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) sempre coloca uma pedra no caminho do aposentado, especialmente quando este deseja melhoria do valor que recebe. O segurado trabalha a vida inteira, paga a contribuição e depois tem de mendigar na velhice um benefício justo.  

O novo obstáculo criado é um pedido feito ao STF de suspensão nacional dos processos que tenham por objeto a questão da “revisão da vida toda”. Ou seja, o INSS pretende paralisar o trâmite e a judicialização da “revisão da vida toda”, apesar de já aprovada pela Suprema Corte.

Em dezembro do ano passado, os ministros decidiram de forma favorável aos aposentados. Porém, o órgão de seguridade social defende que a suspensão seja mantida em controle concentrado até que o entendimento firmado no julgamento se torne definitivo com o trânsito em julgado da decisão.

Na petição, o INSS afirma que, embora as atas de julgamento já tenham sido publicadas, o acórdão não foi, e as partes tampouco foram intimadas. Alega também que ainda não conhece as razões de decidir do julgamento e aduz que o entendimento firmado no acórdão ainda pode vir a ser modificado, pois há uma grande probabilidade de que seja objeto de embargos de declaração.

Em suma, o INSS requer ao STF a interrupção e o adiamento da medida que possibilita aos segurados recalcular seu benefício usando toda a sua vida contributiva, e não apenas os salários após julho de 1994, mês de criação do Plano Real (como era até então).

Lado outro, ao meu sentir, os argumentos do INSS são apelativos e sem fundamentação jurídica, posto que a tese já teve julgamento favorável aos segurados e ata publicada, suficientes para a tramitação dos processos de reanálise ou revisão.

Como mediador do assunto, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, disse que pretende fazer um acordo com o STF para que o INSS pague a “revisão da vida toda” em lotes, nas agências, como foi feito no caso da revisão do Artigo 29, que é devido às pessoas que receberam benefícios por incapacidade entre 2002 e 2009 e tiveram suas formas de cálculo feitas de maneira equivocada pelo órgão.

Ao que parece, a intenção de Lupi é que o segurado já cadastrado e com direito adquirido receba o valor da revisão na sua conta, evitando-se ações judiciais e recursos que podem demorar até cinco ou seis anos. Mas aqui vai um alerta, uma vez que estarão envolvidos o governo federal, o STF e o INSS, que são especialistas em condicionar o resultado às possibilidades quando se trata de algo em favor do aposentado.

O risco em razão dos atores envolvidos é mais uma vez o aposentado ser negligenciado e colocado em segundo plano, haja vista que o INSS deseja que a “revisão da vida toda” só possa ser demandada por processos judiciais após o trânsito em julgado da decisão proferida pelo STF em 1º de dezembro de 2022.  

Resta, portanto, aguardar os novos capítulos de uma novela que retrata os espinhosos caminhos da aposentadoria do cidadão comum no Brasil.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 2 de março de 2023, pág. 19). 

Clique aqui e continue lendo sobre temas do Direito e da Justiça, além de outros temas relativos a cidadania, política, meio ambiente e garantias sociais.

 

Comentários

  1. Sempre que alguma notícia é boa para o aposentado vem correndo o INSS para colocar ventilador na farinha do pobre. Obrigado doutor Wilson Campos advogado pela colocação de uma vírgula nesse pedido do INSS que recebe nossa contribuição mensal por décadas e depois na hora de devolver na aposentadoria fica jogando sujo e pesado contra o pai de família já idoso e precisando ter sossego. Muito difícil. Obrigado doutor. Eu sou Jorge José (região leste de BH).

    ResponderExcluir
  2. Eu estou juntando minha papelada para entrar na justiça e ter minha revisão da vida toda e vou conseguir porque tenho direito e quero meu dinheiro porque paguei por muitos anos para ficar agora pedindo esmola do INSS e do governo federal. Não é isso não. Eu quero meus direitos. Gratidão dr. Wilson pelo seu artigo e Deus lhe pague. Att: Felícia Dias.

    ResponderExcluir
  3. Nilton e Maria do Carmo S. Rezende2 de março de 2023 às 11:34

    Nós dois somos aposentados e recebemos aposentadoria na média da média dos nossos impostos pagos durante a vida de trabalho. Agora com essa notícia da revisão da vida toda nós ficamos mais animados e vamos sim buscar nossos direitos na Justiça que esperamos seja justa e julgue rapidamente porque a vida é curta. Esse INSS só coloca pedra no caminho do aposentado cidadão comum, mas paga milhões pelo teto máximo para os aposentados da galeria dos governos e dos políticos, que nem trabalham tanto e recebem muito. Uma vergonha isso daí. Parabéns advogado dr. Wilson Campos pelos seus textos sempre defendendo nós e nosso país. Nilton e Maria do Carmo.

    ResponderExcluir
  4. Dr. Wilson eu li já algum tempo no seu blog um artigo que dizia que os embargos de declaração só servem para casos de omissão, contradição e obscuridade no processo,certo? E que dificilmente o STF dá provimento aos embargos de declaração por ser um recurso que não muda a sentença, ou seja, o caso da revisão da vida toda está resolvido e não adianta o INSS e o ministro da previdência quererem botar impedimento ou tentarem obrigar o aposentado a receber em lote e nas agências porque a ação judicial será uma garantia de que uma hora a ação será resolvida. No INSS isso pode durar anos também e o INSS não resolver nada a favor do contribuinte segurado. É isso mesmo? Eu estava lendo seus artigos e copiando as palavras. Mas acho que está certo o raciocinio e vamos procurar os direitos e ver se o valor aumenta um pouquinho para comprar o leitinho das crianças. Abração mestre Wilson. Breno Antunes.

    ResponderExcluir
  5. Minha mãe pediu e eu li o artigo para ela e ela disse que vai entrar com a ação na justiça e esperar a revisão do valor, mas será que demora muito esse processo? Pelo que já li no blog do senhor o judiciário está lento e com muitas ações e esse negócio de home office piorou ainda mais o atendimento da pessoa que procura a justiça. Mas no Brasil tudo que é para o povo demora mesmo e quando vem vem aos tiquinhos, mas nós somos brasileiros e brasileiro não perde a esperança nunca. Obrigada doutor Wilson Campos - advogado - em meu nome e em nome da minha mãe que é sua fã dos artigos do senhor no jornal O TEMPO. At: Jeniffer Tinoco.

    ResponderExcluir
  6. Antônio C. S. Almeida6 de março de 2023 às 10:51

    Dr. Wilson eu comecei a trabalhar com 12 anos de idade mas sem a carteira assinada. Depois dos 18 anos é que minha carteira foi assinada e hoje eu estou com 62 anos e não consigo aposentar porque dizem que falta contribuição. As empresa onde trabalhei algumas já fechou e não tem como fazer mais nada. O INSS só dificulta a vida da gente mesmo já tendo passado o tempo mínimo da contribuição que eles pede. Eu já fui lá no INSS muitas vezes com senha e tudo e não consigo aposentar porque sempre falta alguma coisa. Eu vou continuar indo lá todo mes para tentar porque eu trabalhei e quero minha aposentadoria e não tenho nada com o que o patrão antigo pagou ou não do imposto que eles querem.
    Obrigado doutor pela atenção. Antônio Carlos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas