O DIREITO E A JUSTIÇA, POR ONDE ANDAM?
O direito
dos homens não nasceu por acaso ou por vontade do Estado, mas de uma forma
rebelde e peculiar a alguns humanos com alma libertária, haja vista que a
natureza humana, no geral, primeiramente persegue o direito à vida e à
liberdade e somente depois busca o direito à dignidade, o direito à cidadania e
o direito à sobrevivência.
A afirmação
de que o Estado garante os direitos do homem é tão frágil quanto tola, mesmo
porque no direito positivo o segundo pode promover uma ação judicial em face do
primeiro, e este, por sua vez, tratará o seu adverso de forma impiedosa mesmo
que a causa seja justa.
A
proclamação dos direitos na Constituição não é bastante. A proteção desses
direitos, sim. E para que haja essa efetiva e desejada proteção aos direitos é
de bom alvitre que o indivíduo enfrente a omissão e a negligência do Estado, e
isso pode se dar pela resistência social e pela própria manifestação popular.
É muito bonito
falar em direitos iguais, mas onde estão? É tranquilizador ler que é inviolável
o sigilo de dados, mas do que estamos falando? É emocionante ouvir que o
salário mínimo, fixado em lei, é capaz de atender as necessidades vitais
básicas, suas e de sua família, com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte, mas espera aí, é sério isso?
Por incrível
que pareça, a Constituição assegura muitos direitos, mas o Estado não os torna
reais ou possíveis de plena realização. Então, responda-me: quando existiram direitos
iguais, inviolabilidade de dados, e de qual salário mínimo falam por aí, que
tem aquele poder de compra acima referido? Ora, me poupem!
A justiça é outra que caminha no sentido contrário ao proposto e pretendido. Quando a justiça alcança o indivíduo, este já se encontra em desespero e desvalia. Aliás, a justiça é a igualdade perante a lei, a paridade, a equidade, a isonomia e a uniformidade. Já a Justiça é o órgão que tem o dever de garantir os direitos individuais, coletivos e sociais e resolver os conflitos entre os cidadãos, entidades e Estado.
Não há
segurança jurídica se os direitos que invoco e a justiça que rogo, não vêm,
rapidamente, quando os peço em vida. Depois de morto não interessa mais. A obrigação
do Estado é entregar o que está no texto da lei. O dever do Estado é ser justo
e imparcial, seja com pessoas pobres, da classe média ou ricas.
A afirmação
de que há controvérsia na interpretação do direito e da justiça no Brasil fortalece
ainda mais o sentido humano nesse aspecto quando verificadas as muitas falhas
do Poder Judiciário, ao deixar de lado a prestação jurisdicional célere e permitir
que os processos caminhem a passos lentos, indefinidamente. Muitos sucumbem antes
que um processo chegue ao fim. Isso não é justiça, mas injustiça.
Quem busca o
direito, no mínimo, espera por uma resposta rápida, pelo sim ou pelo não. Quem
busca a justiça, no mínimo, acredita no feito da Justiça e na ação de um juiz
imparcial, que no exercício de intérprete da lei fará prevalecer o justo. Mas a
realidade atual é outra. O direito e a justiça previstos na Constituição são
colocados à margem pelo Estado, que deixa de prestar bons serviços à coletividade
e prefere o caminho da politicagem e do vergonhoso “toma lá dá cá” entre
políticos, partidos e governo.
Rui Barbosa,
ao meu sentir o mais sábio dos juristas, também se indignava com a confusão
crescente no Poder Judiciário, e defendia como eu o rigor e o vigor integral
dos termos - direito e justiça -, sem desmerecer os magistrados, o Judiciário
ou quaisquer dos Poderes, mas cobrando-lhes mais empenho na operação e na
aplicação do direito. E assim, o grande advogado e jurista Rui Barbosa se
manifestava: “Saudade da justiça
imparcial, exata, precisa. Que estava ao lado da direita, da esquerda, centro
ou fundos. Porque o que faz a justiça é o ‘ser justo’. Tão simples e tão banal.
Tão puro. Saudade da justiça pura, imaculada. Aquela que não olha a quem nem o
rabo de ninguém. A que não olha o bolso também. Que tanto faz quem dá mais,
pode mais, fala mais. Saudade da justiça capaz.(...)”.
A responsabilidade do advogado na luta pelo direito e justiça se multiplica a cada dia: mais explicações aos clientes pela demora excessiva do Judiciário no julgamento de suas causas; mais compreensão com os juízes que irrefletidamente desrespeitam as prerrogativas dos operadores do direito; mais disposição para uma inovadora advocacia solidária em benefício dos pobres e desvalidos; e mais humildade somada à coragem de não prometer vitória a uma demanda judicial antes da sentença final.
Quando
imperar aqui e ali o direito e a justiça, sem controvérsias, por certo o Estado
será reconhecido como a estrutura da sociedade. Mas enquanto isso não chega, a
certeza que fica é a de que o Estado é falho, é incompetente, é omisso e deixa
muito a desejar.
A fundação,
o pilar, a viga e o telhado da casa do advogado são o somatório destes dois
componentes estruturais - direito e justiça -, sinônimos de moral e ética,
buscados por pobres e ricos, brancos e pretos, letrados e analfabetos,
empregados e empregadores, homens e mulheres.
Onde houver direito e justiça, sem demora e sem mentiras, o cidadão e o Estado se orgulharão um do outro e se respeitarão como partes de uma sociedade indivisa.
Wilson
Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário,
Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e
dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de
Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).
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Bravo! Excelente texto Dr Wilson Campos. Muito bom. Nota 10 com louvor. Abraço dr. Att: Frederico G.
ResponderExcluirJustiça??? Onde??? No Brasil ministro visita bandidos na favela e justiça solta milhares de criminosos e o presidente da república furta canetas em final de evento. Exemplo de mau caratismo vem de cima. Justiça???? Dr Wilson temos que rezar e reagir antes que seja tarde demais. Abraço doutor e advogado exemplar. Att: Suzana P.S. Mello.
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