ESTACA ZERO.
As demonstrações
de insatisfação social levadas às ruas não foram suficientes para acordar as
autoridades públicas das esferas federal, estaduais e municipais. Também não
incomodaram muito o Senado e a Câmara dos Deputados, uma vez que continuam
"legislando" como antes, sem o necessário compromisso com a
sociedade. Afinal, voltamos à estaca zero?
O povo acordou por
alguns dias, mas voltou a adormecer, embora ainda tanto tivesse por
fazer.
As pacíficas
manifestações populares proclamadas nos meses de junho e julho, com as exceções
dos infiltrados inconsequentes, deram mostras de um país desperto, mas ainda
aprendiz de como conquistar espaços para chegar à democracia desejada.
Se por um lado temos
uma das melhores Constituições do mundo, por outro não a recebemos de forma
efetiva, entregue e a proteger os direitos e garantias ali consignados.
As reivindicações
feitas através de cartazes e faixas, exibidas em ruas e praças, não foram ainda
atendidas e o movimento de massas que há mais de 20 anos estava adormecido,
agora que acordou, não pode voltar a dormir tão cedo.
Chegou a hora de
aprimorar os termos e as pautas de requerimentos, separando ordenadamente o que
seja de interesse da população e o que não representa mais que visões políticas
imediatistas. Portanto, agora é o momento da sociedade exigir seriedade e, de
forma democrática, ser capaz de lidar com as diferenças que se apresentarem
pelos caminhos das negociações.
A fase dos debates
deve ser iniciada, no estrito campo das ideias, independentemente do nome desse ou
daquele movimento, mas que o seja em nome do povo.
Ou a sociedade é
incluída no processo de discussão das problemáticas do país, como previsto no
texto constitucional ou novos curtos-circuitos surgirão e cada
vez maiores na sua capacitância, ao ponto de acordarem definitivamente toda uma
nação, que vai se encarregar da solução.
O povo não está
postulando anarquia ou benesses. O povo quer saúde, educação e segurança. O
povo defende o meio ambiente e a vida. O povo requer o aperfeiçoamento das
práticas democráticas.
Se mudanças
efetivas não acontecerem, priorizando os direitos sociais, passado o estágio, as
vozes das ruas voltarão e os caldeirões urbanos borbulharão em protestos contra
a miséria dos excluídos, a violência, a corrupção, os tributos altíssimos e a
prestação de serviço público ineficiente.
As autoridades, ao
que parece, não ouviram o recado das ruas e se mostram distantes da realidade,
apenas praticando atos administrativos superficiais, na expectativa de que o
povo volte a dormir o sono dos inocentes e, no máximo, acorde vez ou
outra e fique de cócoras, com o queixo aos joelhos, pensativo e submisso.
No entanto, todo o
cuidado é pouco. A população tem opinião e está cansada de não ser atendida nos
seus mais sublimes direitos. E não vai voltar à estaca zero.
A solução é
simples: escutar e atender o povo de forma rápida, justa e efetiva. Sem favores ou demagogias.
Wilson Campos
(Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Difusos e Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal HOJE EM DIA, edição de 13/08/2013, terça-feira, pág. 23).
(Este artigo mereceu publicação do jornal HOJE EM DIA, edição de 13/08/2013, terça-feira, pág. 23).
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