ELEIÇÕES MUNICIPAIS
Chegou
a hora de o eleitor valorizar o seu voto, mas não pela troca de favores e sim
pela cobrança de um mandato probo e ético, na defesa intransigente da qualidade
de vida e dos investimentos nas áreas da educação, saúde, transporte,
segurança, trabalho e moradia, com ênfase na proteção do meio ambiente e com
olhares voltados para a erradicação da pobreza e da redução das desigualdades
sociais, tendo por fundamento a cidadania, a dignidade da pessoa humana e a
construção de uma sociedade livre, justa e solidária.
As eleições municipais tornam os cidadãos mais
conscientes, críticos, exigentes e participativos da vida social. Com certeza,
o voto representa a conquista de um espaço de prática coletiva da democracia.
Por isso, a cada nova eleição os valores individuais se multiplicam, revelando
uma sociedade testemunha da estabilidade do Estado democrático de direito.
Contudo, o exercício da democracia pelos cidadãos
se mostra mais efetivo quando existe a proximidade com os gestores públicos,
possibilitando a participação direta da população na formulação, execução e
acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.
A
rigor, a reinvenção de uma cidade melhor para viver parte da premissa de que é
vital que a cidadania caminhe ao lado da soberania, de forma absolutamente
consentânea com a própria principiologia constitucional, uma vez que uma das
tarefas mais importantes de todo cidadão seja a de trabalhar pelo cumprimento
das leis. A conquista de direitos e a prestação de deveres se formam pelo respeito
e pela obediência à Constituição da República, que já completa 28 anos, e traz também
no seu bojo as competências privativas dos municípios, que devem ser
respeitadas pelos demais entes da Federação, principalmente no que se refere à
autonomia política, administrativa e financeira para a satisfação dos
interesses locais, posto que é no município que se dá o cotidiano das pessoas.
Tardia
é a lembrança de candidatos que se utilizam da demagogia para a promoção de
seus nomes em época de eleições. O momento é de crise aguda e o conhecimento
dos problemas da cidade é requisito para a escolha do representante. O passado
ético e a portabilidade de ficha limpa devem encabeçar as qualidades
preliminares do candidato, que, além disso, deve ter no currículo a humanidade
para tratar das questões sociais e a honestidade para administrar o dinheiro
público. Porém, o prefeito e o vereador não podem se esquecer do diálogo com a
sociedade, nos seus diversos setores, seja no interesse dos menos favorecidos
ou dos detentores de considerável poder econômico. O verbo escutar é a
ferramenta do político moderno, que aprende com o povo, administra com o povo
e, principalmente, sabe escutar os reclamos do povo.
O
apego cada vez maior à legislação pelo cidadão consciente impede a
tergiversação do político e as respectivas fugas do poder público às diretrizes
traçadas e aos compromissos assumidos. Nesse sentido é a Lei 10.257, de 10 de julho de 2001, que se
autodenominou Estatuto da Cidade - norma que regulamenta os artigos 182 e 183
da Constituição Federal, que inovam pelo tratamento dado à política urbana,
atendem as necessidades pragmáticas da sociedade, dotam a administração pública
de meios propícios para um melhor uso da propriedade, possibilitam a adequação
do ordenamento jurídico frente à evolução urbana e social, ordenam o
desenvolvimento metropolitano e garantem o bem-estar dos habitantes.
Mais
que isso, o cidadão-eleitor deve estar atento para a regularidade das funções
sociais da cidade, seja pela proteção indispensável do meio ambiente, pela
excelência da qualidade de vida dos moradores ou pelas melhorias
administrativas, que passam pela seriedade e competência do candidato,
comprometido com o interesse da coletividade e não com o seu próprio.
Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
Comentários
Postar um comentário