O VOTO
A responsabilidade do eleitor.
O processo eleitoral é uma espécie de alimento da democracia, que
revigora as esperanças da população, haja vista a presença da política em todos
os setores da vida social. Portanto, cabe ao eleitor a reflexão antes de votar,
para que esse processo não seja contaminado.
A confiança deve ser depositada naqueles que respeitam o cidadão e fazem
por merecer a escolha, com o discernimento de que a função pública executiva ou
legislativa é temporária e a decisão da renovação do mandato é do eleitor.
Dissociar a política das questões emergenciais da sociedade não é um ato
inteligente. Queira ou não, o cidadão está constantemente convivendo com a
política, seja na crise econômica, no desemprego, na inflação, no desequilíbrio
fiscal, nos impostos ou no custo de vida. A política está sempre presente
nesses quesitos da contingência social.
A Constituição Federal, no seu artigo 14, dispõe que a soberania popular
será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
igual para todos. Ou seja, o voto do cidadão comum tem o mesmo valor dos votos dos demais, independentemente do poder econômico desta ou daquela pessoa.
Não basta o eleitor votar e depois esquecer seu gesto de soberania
popular. A fiscalização do candidato eleito cabe àquele que o elegeu, com
acompanhamento sistemático dos atos do político após sua posse. A cobrança de
um mandato íntegro e probo é obrigação do eleitor. A transparência da gestão é
um dever do político, que foi eleito para representar o povo, defender os
interesses da coletividade, e não os próprios. A seriedade com a coisa
pública é uma obrigação legal e moral daquele que recebeu o voto nas urnas
democráticas.
Os candidatos que forem eleitos e no exercício do mandato praticarem
atos de improbidade devem ser julgados pelos crimes cometidos e afastados da
vida pública, restando aos eleitores a decisão de que não serão mais eleitos.
Essa é a importância do voto, que não admite fraudes. Esse é o direito do
eleitor, de escolher bem o seu representante. A sociedade merece respeito, e o
voto é o instrumento para a realização dessa prerrogativa cidadã.
A consciência política é uma responsabilidade intransferível do cidadão,
que vive diariamente com os atos de governantes e parlamentares em tudo que o
rodeia, querendo ou não. Essa situação requer estudo, análise, avaliação e
formação de opinião do cidadão, que deve se preparar e se capacitar antes de
eleger este ou aquele candidato.
Em suma, o voto é o meio democrático de eleger o candidato e colocá-lo
no poder a serviço da sociedade. Daí a responsabilidade do eleitor, que não
pode se iludir com promessas aleatórias e que não deve crer em algo que não
corresponda à realidade ou à verdade. O voto há de ser ético e desinteressado,
com o objetivo de fortalecer a democracia, preservar as garantias
constitucionais e tornar responsável o candidato por todos os seus atos ou
omissões.
Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e
dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de segunda-feira, 26 de setembro de 2016, pág. 15).
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