INVESTIGAÇÃO URGENTE DOS FATOS
Diante
de tanta notícia ruim, do caos que parece não ter fim e da impunidade que
grassa na política, a sociedade se mostra cada vez mais indignada e a ponto de
não mais acreditar nas instituições da República. A lama está respingando até
nos membros da Suprema Corte. Por isso, a população brasileira coloca suas últimas
fichas de confiabilidade na presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e no
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para que mandem investigar a
fundo essa podridão que teima em tomar conta do país (corrupção ativa e passiva,
pagamento de propina, recebimento de suborno, caixa dois, obstrução da justiça,
improbidade administrativa, formação de organização criminosa, lavagem de
dinheiro, ocultação de patrimônio), dentre outros crimes que envergonham a nação
brasileira.
Nesse
sentido, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, divulgou nota relativa aos
novos elementos trazidos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na
petição 7003, em que foi homologado o acordo de colaboração de executivos da
J&F.
Na
nota, a ministra cobra apuração rápida e transparente dos fatos. Informa que
pediu formalmente ao diretor-geral da PF e ao procurador-geral da República a
investigação imediata, com datas para início e conclusão dos trabalhos, a fim
de afastar qualquer sombra de dúvida sobre a dignidade do STF e seus
integrantes. Vejamos, portanto, a íntegra do pronunciamento da presidente do
STF:
“Nota à sociedade
brasileira. Ontem, o procurador-geral da República veio a público relatar fatos
que ele considerou gravíssimos e que envolveram este STF e seus integrantes. Agride-se,
de maneira inédita na história do país, a dignidade institucional deste Supremo
Tribunal e a honorabilidade de seus integrantes. Impõem-se, pois, com
transparência absoluta, urgência, prioridade e presteza a apuração clara,
profunda e definitiva das alegações, em respeito ao direito dos cidadãos
brasileiros a um Judiciário honrado. Enviei agora ao diretor-geral da PF e ao
procurador-geral da República ofícios exigindo a investigação imediata, com
definição de datas para início e conclusão dos trabalhos a serem apresentados,
com absoluta clareza, a este Supremo Tribunal e à sociedade brasileira, a fim
de que não fique qualquer sombra de dúvida sobre a dignidade deste STF e a honorabilidade
de seus integrantes”.
Enquanto
isso, o ministro Edson Fachin, do STF, retirou o sigilo da conversa entre
Joesley Batista e Ricardo Saud. A gravação foi entregue à PGR e cita ministros
do STF e membros da própria PGR. De acordo com o ministro, o interesse público
deve prevalecer no caso.
Também na demanda de que sejam investigados e
apurados todos os fatos, o presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, assim
se pronunciou: “A decisão do
ministro Edson Fachin, do STF, de retirar o sigilo das gravações citadas ontem
pelo procurador-geral da República vai ao encontro da demanda da sociedade por
transparência. Reitero que é preciso acabar com as zonas de sombra em relação à
denúncia ontem transmitida pelo procurador-geral, que colocou sob suspeita os
três Poderes e a própria PGR”.
“Agora, com
acesso ao inteiro teor dos áudios, é possível à sociedade avaliar a extensão
dos gravíssimos danos e responsabilidades que o episódio envolve. A OAB fará
uma análise do material e acompanhará o desdobramento dos fatos para cobrar a
correta aplicação da lei em mais este episódio, como vem fazendo durante toda a
crise política atual e como fez ao longo dos 86 anos de sua história. A lei
deve valer para todos”, afirmou o presidente
nacional da OAB.
Segundo Lamachia o país clama por transparência. "Só ela devolverá confiança ao povo em
relação às suas instituições. É preciso que os homens e as mulheres de bem, no
âmbito do Estado e da sociedade civil organizada, se empenhem em separar o joio
do trigo. Mais que nunca, o país clama por serenidade e bom senso – e isso só
virá com a elucidação cabal dos fatos”, defendeu ele.
No ofício encaminhado ao STF, Lamachia argumentou
que a suposta participação de autoridades em ilícitos necessita de aprofundada
investigação, daí a necessidade de imediato levantamento do sigilo para
esclarecimentos dos fatos às cidadãs e cidadãos brasileiros. “É indispensável que supostos atos ilícitos
sejam imediatamente apurados, por isso as novas gravações e informações
apresentadas à PGR e submetidas ao crivo de V. Exa. precisam ser tornadas
públicas, exceto eventuais diálogos que digam respeito à vida privada e íntima
de terceiros e outros que não interessam à investigação, assegurando-se,
ademais, celeridade na apuração e o direito à ampla defesa dos envolvidos, bem
como transparência à sociedade”, disse Lamachia no ofício encaminhado ao
STF.
Enfim, como bem disse o presidente nacional da OAB,
ao povo interessa a transparência e a aplicação severa da lei, nos rigorosos
termos da Constituição da República, sem protecionismo, sem privilégios e sem
tratamento especial para os envolvidos.
Clique aqui e continue lendo sobre atualidades da política e do Direito no Brasil
Clique aqui e continue lendo sobre atualidades da política e do Direito no Brasil
Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de
Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
Comentários
Postar um comentário