ALAGAMENTOS, INUNDAÇÕES E MUITOS PREJUÍZOS. CADÊ O PREFEITO?

ALAGAMENTOS, INUNDAÇÕES E MUITOS PREJUÍZOS. CADÊ O PREFEITO?


Como ocorre todo ano, as chuvas castigaram a cidade, provocaram transtornos, alagamentos e inundações, e causaram muitos prejuízos. Mas cadê o prefeito? Cadê o administrador público, eleito para cuidar da cidade e dos moradores?

Desde que assumiu a Prefeitura de Belo Horizonte, há um ano, o prefeito saiu duas vezes de férias, gozando justas “mini férias” como dizem alguns bajuladores. A primeira, pouco depois de completar seis meses de governo, quando ausentou-se por onze dias em viagem particular, de 27 de julho a 6 de agosto. A segunda, também autorizada pela Câmara Municipal, para descanso do alcaide, no período de 26 de dezembro de 2017 a 5 de janeiro de 2018, e, segundo informações, em caráter particular e com recursos próprios.

Independentemente das duas “mini férias” do prefeito, que podem ser um direito do servidor público, nada justifica, entretanto, a primeira depois de apenas seis meses na função e, a segunda, justamente agora, em época de insatisfação popular, diante da ameaça de aumento de tarifas de ônibus; e de fortes chuvas, com evidentes riscos de alagamentos e inundações em várias regiões da capital.

Na tarde de sábado, 30 de dezembro, o temporal causou alagamento de ruas, inundação de casas, queda de árvores, desabamento de muro de arrimo, muitas pessoas ilhadas e carros arrastados. A chuva sempre esperada e, portanto, previsível, mais uma vez deixou um rastro de destruição e prejuízos. Mas enquanto isso, o prefeito está de férias, fora do país e longe das mazelas dos belo-horizontinos.

O transbordamento do Ribeirão Arrudas trouxe pânico aos moradores da Região Oeste. Em alguns pontos a correnteza ultrapassou a calha do ribeirão. A inundação levou ao fechamento de vias. Os alagamentos se espalharam pelos bairros da Lagoinha, Pampulha, Bandeirantes 2, Santa Terezinha, Barreiro e bairro das Indústrias.

O desabafo dos moradores se deu de forma veemente e no sentido de que são pagos pesados impostos e a história é sempre a mesma – carros levados pela correnteza, prejuízos nas casas e lojas, sujeira e fedor, irresponsabilidade da administração pública e abandono do cidadão em face dos problemas da alçada do município. Ou seja, entra ano e sai ano, entra prefeito e sai prefeito, e a história é sempre a mesma – qualquer chuva arrasa com bens materiais e leva o pânico aos moradores, para falar o mínimo.

Com apenas 20 minutos de chuva forte, o caos toma conta da cidade. Os pontos críticos são vários, velhos conhecidos, e ainda assim causam pavor e danos. As medidas adotadas pela prefeitura são insuficientes e requerem novos enfrentamentos, de maneira que o morador seja preservado, na sua integridade física e no seu patrimônio.

No entanto, cadê o prefeito? Está gozando “mini férias” no estrangeiro, em outras plagas, em cidades menos sofridas que a nossa e com certeza muito bem cuidadas pelos seus gestores municipais. Se por aqui as chuvas metem medo e causam prejuízos, no exterior, onde o prefeito descansa pela segunda vez no ano, as chuvas, a neve, o frio ou o calor não incomodam tanto o turista político, porque lá os administradores públicos são cobrados pela sociedade e têm de mostrar serviço e prestar conta.

Tanto neste dezembro como em outubro, as chuvas provocaram alagamentos, inundações e prejuízos. Ocorreu, lamentavelmente, uma morte em 2 de outubro, de um taxista, que teve o seu veículo esmagado por uma árvore que caiu durante a chuva. Além desse fato triste, outros acontecimentos em vários pontos da cidade causaram tristeza e dor nas pessoas, que se acharam cercadas pelas águas barrentas da enchente e que viram seus pertences serem destruídos pelas águas.

Apesar do trabalho da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e dos voluntários treinados, as chuvas continuam provocando desespero e insegurança na população, sejam pelas infiltrações e trincas, pelas quedas de árvores, pela falta de energia, pelos desabamentos de casas e muros, pelo alagamento de lojas e moradias, pelos carros arrastados ou pelas pessoas ilhadas pelas águas que transbordam. A situação é crítica e coloca em risco vidas humanas.

Há vários anos essas notícias se repetem e o poder público não adota medidas efetivas e eficazes. As providências tomadas até agora se mostraram paliativas e insuficientes.

A prefeitura precisa trabalhar mais e melhor para a prevenção desse desastre. O prefeito precisa dedicar mais tempo à cidade e menos tempo a viagens internacionais. As chuvas são necessárias, indispensáveis e sempre serão bem-vindas. O que precisa mudar, além do trabalho do prefeito e da prefeitura, são os modos do povo, a educação daqueles que jogam lixo na rua e nos córregos e não cuidam da preservação da natureza, contribuindo para a degradação do meio ambiente e da respectiva qualidade de vida.

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Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).




Comentários

  1. Disse tudo. Entra prefeito e sai prefeito e a coisa só piora. Um bando de falastrões, comequietos, gozadores de mordomias, gastadores com supérfluos - carros, helicópteros, viagens, almoços, jantares, festas, homenagens, time de futebol, novo estádio e por aí vai. Mas dinheiro para limpar bueiros, prevenir enchentes e livrar a cara do pobre, não tem. Nunca sobra dinheiro ou verba como dizem, para saúde, educação, transporte, segurança, e para limpar a cidade e evitar essa lixeira em que se transformou BH. A capital está suja, sem iluminação, sem vida, mas cheia de problemas que não são cuidados e nem resolvidos. Parabéns Dr. Wilson Campos por mais um artigo de primeiríssima categoria. O senhor poderia ser o prefeito que a nossa cidade tanto precisa. Pense nisso meu caro. Abraço. Ronan V. S. Brasileiro.

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  2. Parece brincadeira o que acontece todo período chuvoso em BH. A cidade fica paralisada pelos carros que não se movem, pelas ruas alagadas e pelas pessoas pulando poças de água. As áreas de risco no centro e até em bairros nobres colocam os moradores em pânico, porque ninguém acompanha o acontecido e o pessoal da prefeitura só aparece depois que a bagunça tá feita. Desde 2015 que as coisas só pioram, são ônibus parados nas enxurradas; carros levados pela força da água; pessoas sendo arrastadas; casas invadidas pela água suja da chuva e lojas destruídas pelo barro que fica quando a chuva dá um tempo. Os prejuízos ficam por conta dos moradores, lojistas, e pessoas que quase perdem até mesmo a vida. O prefeito precisa sim trabalhar mais e colocar as coisas no lugar dando mais segurança aos moradores. O prefeito foi eleito para isso e não para cuidar de assuntos de time de futebol. Bora trabalhar prefeito, secretários e demais servidores da prefeitura. Eu pago imposto e amo a minha cidade. Por isso, parabéns Dr. Wilson Campos pela sua destemida dedicação na defesa da nossa Beagá. Saudações. Moisés T.

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