ANTES QUE LHE CALEM A VOZ.
Para o ano de 2018, o
cidadão brasileiro quer uma verdadeira democracia, que não afaste o
discernimento crítico e muito menos cale sua voz. A indignação, que era apenas coisa de uma
parcela da sociedade, agora suplanta as esferas sociais e chega às elites,
também incrédulas com a desfaçatez e a mediocridade das políticas
governamentais.
Aos poucos, o Brasil
sofre mudanças. As pessoas vêm abandonando sua posição cômoda, ainda letárgica,
mas suficiente para sair às ruas e manifestar indignação. No entanto,
passados alguns dias, tudo volta a ser como antes, e o esquecimento toma conta,
apaga as mentes e não traz os benefícios sociais pleiteados.
As leis são
desrespeitadas, e o exemplo maior parte das autoridades que chegaram ao poder
sem o menor talento para servir ao povo, mas que são protagonistas na arte de
se locupletar e de garantir benesses aos amigos do rei, com raríssimas
exceções.
Entre pasma e
boquiaberta, a sociedade jamais imaginou que os supostos líderes milagrosos
seriam de barro e que, de tão frágeis, se romperiam em partes, deixando o povo no
lamento. Ledo engano pensar que os dias ruins restariam findos, quando foram novamente
revelados abusos por impunidade, roubalheira, propina e caixa 2.
As hostes dos
governos municipal, estadual ou federal não se explicam. Apenas tergiversam e
esperam, no frescor de seus gabinetes, os louros, os rendimentos e o beija-mão
dos bajuladores. A rotina do luxo não lhes permite trabalhar com austeridade. Eles
nem se importam, porque o povo ainda ressona em berço esplêndido.
Causa engulhos
assistir a tudo isso, contrariamente aos desejos da sociedade, que se posta na
expectativa de um futuro melhor, decente, ético e digno da pessoa humana.
Derrotar essa parcela de gente despossuída de sentimento cívico é uma questão
de honra para a população, que deve repudiar com veemência os métodos e
práticas utilizados pelos ladrões de sonhos, corruptos ativos e passivos,
ímprobos da administração pública, praticantes do peculato, da concussão e da
prevaricação.
Os sentimentos de
ética e cidadania precisam tomar forma, se avolumar e se firmar no combate
aos inimigos do povo, colocando um ponto final na angústia que acomete a
sociedade, não deixando que os fanfarrões silenciem a coletividade. Caso
contrário, sentiremos na pele a força das palavras do poeta que narra a
submissão e a tragédia: “Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma
flor de nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais
frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso
medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada”. (Eduardo
Alves da Costa, em “No Caminho com Maiakóvski”).
Enfim, deixaremos que
em 2018 arrasem nossos sonhos, destruam nossas famílias e calem nossa voz? Acredito
que não! Não mais! Nunca mais!
Wilson Campos
(Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de terça-feira, 2 de janeiro de 2018, pág. 13).
Clique aqui e continue lendo sobre atualidades da política e do Direito no Brasil
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de terça-feira, 2 de janeiro de 2018, pág. 13).
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De jeito nenhum podemos deixar que tapem a nossa boca e não nos deixe falar o que precisamos para o nosso país. O nosso povo é bom, mas é acomodado. O maior erro é votar nessa turma de sempre, quando não é no pai é no filho. É a tal herança política dos votos. Vamos acabar com isso e não reeleger ninguém que tem ficha suja ou mais ou menos suja. O voto deve ser para os fichas limpas, que respeitem o país e o povo. Mas esse negócio de ficar calado NÂO.
ResponderExcluirPrecisamos fazer igual na Argentina e sair para as praças (jovens, idosos, homens, mulheres, aleijados, cadeirantes, aposentados, trabalhadores, empresários, civis, militares, TODOS) e exigir honestidade com tudo que seja público. E meus parabéns ao Dr. Wilson Campos por esse excelente, maravilhoso, oportuno e equilibrado artigo que foi até publicado no jornal. Parabéns de coração. Eneida M. S. e Sillas J. S.