EDITORIAL DO JORNAL DA BAND.



Causou estranheza, vergonha alheia e grande incômodo moral o editorial do Jornal da Band apresentado pelo âncora Eduardo Oinegue na edição do dia 20 p.p., cuja leitura, em tom muito acima do habitual, desferiu duros golpes no deputado federal Eduardo Bolsonaro, chamando-o de “irresponsável” e, da mesma forma deseducada e desrespeitosa, nominou de “idiota” o chanceler Ernesto Araújo.

O editorial saiu da linha e se igualou aos textos medíocres de extremistas. O excesso verbal, esse sim desnecessário, deixou perplexos os telespectadores, que preferiram ao fim do show de críticas, mudar de canal, pois a violência das palavras proferidas em canal aberto de televisão não condiz com o momento atual, já tão conturbado pelas diferenças políticas e pelo medo da proliferação do coronavírus.  

O destempero do editorial girou em torno da participação das duas autoridades na crise diplomática com a China, e mais pelo fato do post do parlamentar, no qual ele responsabiliza o governo de Pequim pela pandemia global do coronavírus (Covid-19). Sem profissionalismo, a Band desferiu ataque grotesco na sua cobertura “jornalística” da situação do novo vírus que assusta o Brasil e o mundo.

O deputado Eduardo Bolsonaro foi chamado de “irresponsável” e "imaturo" por fazer uma alusão supostamente desnecessária ao principal parceiro comercial do Brasil. Já o chanceler Ernesto Araújo foi classificado de “chanceler idiotizado”, “lamentável”, “incapaz”, “inepto”, “idiota” e “despreparado”.

Pouquíssimas vezes, nos quase 70 (setenta) anos de televisão brasileira, uma emissora de TV chegou a tal ponto de desacato a um membro do governo (o ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo), e a um representante do parlamento (o deputado federal Eduardo Bolsonaro). Atitude inédita do jornalismo televisivo, que, com isso, deixa às claras a sua posição no cenário político.

Em que pese a pouca proximidade do Grupo Bandeirantes com o atual governo, isso não justifica o ataque frontal às pessoas ligadas ao presidente Jair Bolsonaro, mesmo porque o papel da Band é informar, de maneira isenta, e não sair por aí batendo nos seus desafetos em pleno jornal diário de razoável audiência. Aliás, tinha razoável audiência, porque depois dessa, as redes sociais caíram de pau e retrucaram à altura a agressão do editorial, fazendo com que a audiência da Band despencasse vertiginosamente. 

Segundo se sabe, a Band enfrenta uma das suas piores crises financeiras, desde seu começo lá pelos idos de 1967. Com isso, a empresa de comunicação parece determinada a ganhar mais relevância com seus editoriais virulentos, sem se importar com a repercussão negativa interna e externa, mas preocupada apenas com seu próprio umbigo. Ou seja, a Band dá mostras de não estar disposta a aliviar a pressão contra o governo, na expectativa de receber fatia maior da disputada verba publicitária do governo federal. Mas será que vai conseguir, depois do inusitado e rancoroso editorial?

Os comentários gerais sobre a opinião estapafúrdia da Band já tomam grande espaço na mídia social. Uns dizem que a emissora quer dinheiro e outros afirmam que ela é “simplória” e não enxerga a realidade nua e crua, pois ignora que foi a China que, em novembro de 2019, confinou o médico que identificou o problema e prendeu jornalistas que noticiaram o fato. Ora, será que a Band não leu isso nos jornais da imprensa nacional e internacional?

No mínimo, a China deveria ser investigada pela ONU, para averiguação se ocorreu ou não crime contra a humanidade. E, caso afirmativo, deveria ser punida e multada em valores astronômicos, que ela jamais esqueceria - algo como 50 bilhões de dólares para cada país infectado. Mas, caso negativo, sem culpa imputada à China, que os países então apresentem seus pedidos de desculpas, nos termos exigidos pela diplomacia internacional.

Noutro norte, o embaixador chinês no Brasil deveria e deve ser advertido, severamente, pelo fato de ter respondido com agressividade ao deputado brasileiro e ter ofendido o governo brasileiro. O embaixador extrapolou seus limites e se comparou aos demais da claque esquerdista, irresponsavelmente. Tudo muito lamentável!

Ultrapassado esse episódio deprimente por parte da representação chinesa, a Band deveria estar melhor informada sobre a fala do prefeito de Wuhan, que, segundo noticiado, admitiu ter omitido informações sobre o coronavírus e ofereceu renúncia. Aliás, o mundo inteiro já sabe disso; só a Band parece desconhecer.

Vale também reiterar que o médico chinês que no ano passado alertou sobre os riscos do coronavírus (Covid-19), foi preso com sete colegas e obrigado a desmentir o fato. Esse médico morreu de coronavírus, segundo relatos apresentados. Nesse sentido, jornalistas e médicos locais pediram para não serem identificados, mas garantiram que o governo chinês escondeu a verdade dos fatos, tergiversou e denotou falhas nas suas operações, sempre omitindo informações que poderiam servir de alerta ao mundo.

Tudo isso acontecendo e a Band descendo o nível no seu infeliz e sectário editorial. Ao que parece, a Band caminha na mesma direção adotada pela Rede Globo, hoje quase falida, graças à sua posição intolerante e contrária aos reais interesses da população brasileira. Será que a Band, assim como a Globo, está “ressentida” com o corte das vultosas verbas públicas a que estava acostumada ou isso é simples incompetência jornalística?

Ao povo brasileiro não interessa radicalismos, seja do governo, da esquerda, da direita, do centro, da imprensa ou dos políticos. Os cidadãos querem um país livre, democrata, solidário, justo e que proporcione emprego, qualidade de vida e desenvolvimento. Ademais, ao povo brasileiro resta a expectativa de que o país cresça e abrace a todos, sem distinção, mas que todos mereçam e contribuam para tanto, ao contrário do que fez o deselegante editorial da Band.

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).


 

Comentários

  1. A Band fez um papelão e os Saad não precisavam ser tão idiotas em entrar nessa furada, pois a proteção da China como feito ficou parecendo que a tv Band foi comprada. Ou será vingança contra o presidente Bolsonaro? Muito feio isso contra o próprio país e a favor dos chineses. Que isso Band? O seu editorial foi agressivo e fora do tom civilizado. Que mancada! Meus parabéns Dr. Wilson, o seu artigo está impecável, como sempre. Continue assim, patriota e cidadão. At. Joana Salles.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas