UMA DURA LIÇÃO AO MUNDO GLOBALIZADO.


Passada a pandemia, superados os males e acalmados os ânimos, um novo mundo se desenhará no horizonte. A grande expectativa é essa e não há outra, e só nos resta acreditar em dias melhores, sem susto, sem medo, sem vírus, sem guerra, sem ameaça e sem inimigos a enfrentar.

Os destroços deixados pela doença deverão ser varridos para o esquecimento, mas a lição ficará para sempre. A devastação na economia colocará de joelhos os pequenos países, mas os grandes também sofrerão revezes e a união de todos se fará necessária. O absurdo número de mortes chocará a humanidade, mas a solidariedade de uns e a fé em Deus de outros fortalecerá os sofridos corações das famílias enlutadas.  

Positivamente já posso imaginar um novo mundo onde os interesses serão multilaterais. Os governantes compreenderão a insignificância dos seus bens materiais em face dos valores morais, sociais e ambientais. A ganância dos poderosos será resumida à cooperação mútua indispensável à civilização. O ego inflado das potências industriais será esvaziado pelas ações humildes dos artífices da simplicidade.

O imensurável poder das grandes nações jamais será o de antes, pois será substituído pela necessária ajuda solidária de uns aos outros países, sem distinção. Os exércitos não mais serão medidos pela grandeza de suas artilharias, mas pela capacidade de mobilização de seus fronts sanitários. As bilionárias corporações mundo afora não cogitarão mais as melhores tecnologias ou as maiores fortunas, mas olharão para o interior de suas almas empresariais e encontrarão um vazio a ser preenchido por esforços gigantescos de reconstrução mundial. Ou seja, o planeta precisa e vai mudar para melhor, sob pena de sucumbir de vez na próxima pandemia.

Se antes, há décadas, a preocupação mundial era com mísseis e guerras nucleares, nos últimos anos o medo passou a ser a infecção por um vírus altamente contagioso. No entanto, nem assim, com pavor do invisível microorganismo, os governantes investiram em pesquisas e estudos de combate às epidemias, preferindo investimentos em sistemas antinucleares. Um erro que custou e custa muito caro ao mundo e resta provado agora com o surgimento fatal do coronavírus.

As epidemias e pandemias anteriores (cólera, dengue, influenza, gripe espanhola, gripe suína, ebola, aids, sars, entre outras), não mereceram a atenção necessária dos líderes mundiais, que não intercederam em prol das populações, não buscaram profissionais capazes aos diagnósticos rápidos das doenças nem capacitaram pessoas para o enfrentamento das moléstias, das endemias, das epidemias e das pandemias. Todos esses casos foram tratados com pouca ou nenhuma atenção político-governamental. E, mais uma vez, com o novo ataque do coronavírus, o mundo virou de ponta cabeça e os governantes se perderam em desculpas e em providências precárias de última hora.

Os organismos mundiais não estavam e não estão preparados para combater as epidemias e muito menos para derrotar as pandemias. As nações, por mais desenvolvidas que sejam, não sabem como enfrentar as doenças infecciosas. A globalização, a tecnologia e a internet tornaram-se estrelas do avanço contemporâneo, mas o mundo se esqueceu da indispensável estruturação global e da efetiva preparação de profissionais da ciência e da saúde para defender a integridade física dos seres humanos, principalmente nos centros urbanos, mais sujeitos às infecções.

Os avanços da tecnologia não privilegiaram os países mais pobres, não aparelharam suficientemente as equipes de pesquisadores da saúde nem modernizaram os equipamentos ultrapassados. Os países ricos se isolaram e pareciam estar acima do bem e do mal. Entretanto, a pandemia do coronavírus veio mostrar que cometeu-se um engano global quando subestimou-se a força expressiva de disseminação da doença.

Os sistemas de saúde dos países pobres são frágeis e não correspondem ao mínimo necessário, e os dos países ricos não estão preparados para detectar o surto nem deter o vírus. Ou seja, muitos investimentos em tecnologia de ponta e pouca ou nenhuma atenção com as pesquisas de vacinas que podem curar as doenças invisíveis.

O mundo precisa de menos testes de guerras e mais testes de germes. O mundo precisa se preparar para uma nova ordem mundial depois do coronavírus. O mundo precisa saber que perderá muito se não investir no combate às epidemias. O mundo precisa aceitar que a omissão de antes não pode prosperar, que o vírus (Covid-19) requer extermínio já e que a prevenção contra a próxima pandemia deve começar agora. E que toda a tecnologia do mundo globalizado sirva também para salvar vidas.

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG).     


Comentários

  1. Meu patriota Dr. Wilson Campos, se os países poderosos tivessem investido na ciência e na saúde não teríamos esses problemas graves de vírus e doenças infecciosas, mas eles preferiram investir em armas, em guerrad e em sistemas nucleares e anti-nucleares. Tudo que o o senhor disse é a puríssima verdade e sendo desse jeito os países do planeta terra precisam ter coragem e investir na defesa da saúde dos seres humanos. Abraços e parabéns pelo seu magnífico artigo. Como sempre impecável e brasileiríssimo. Evaristo Gouvêa - empresário com empresa parada por causa de um vírus.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas