A CPMI DO 8 DE JANEIRO E A EXPECTATIVA DA VERDADE

Os brasileiros assistem com ansiedade ao vai e vem da instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) proposta pela oposição, que deverá investigar o que de fato ocorreu antes, durante e depois da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes no primeiro domingo após a posse de Lula. Trata-se da CPMI do 8 de janeiro.

A expectativa é que a verdade seja revelada. A intenção da CPMI, pelo menos por enquanto, é identificar os reais culpados pelo vandalismo e dar transparência a possíveis atos de prevaricação por parte de integrantes do atual governo. E cabe ao Congresso cumprir sua obrigação constitucional de viabilizar os trabalhos da CPMI, uma vez que o número mínimo de assinaturas de deputados e senadores para a abertura do inquérito já foi alcançado.

A rigor, a investigação precisa escancarar a realidade dos acontecimentos. O Brasil e o mundo precisam saber como os fatos se deram e quem são os responsáveis. O que aconteceu no dia 8 de janeiro não pode ser abafado. Uma investigação ampla precisa ser feita. As imagens captadas por câmeras de segurança dos prédios invadidos vão ajudar a desmascarar os culpados e liberar os inocentes.

A CPMI do 8 de janeiro é uma questão de honra e humanidade. Foram 1.398 presos, sem direito à ampla defesa e ao contraditório. Punições severas foram impostas. Colocar no mesmo balaio os extremistas radicais e os patriotas autênticos foi um erro brutal, que não só destruiu o debate democrático necessário, como violou a dignidade da pessoa humana, notadamente daqueles cidadãos e cidadãs detidos e mantidos em condições deploráveis e degradantes.

Passados 67 dias, à evidência dos fatos, resta claro e induvidoso que os invasores de 8 de janeiro jamais poderiam dar um golpe, posto que não tinham o apoio das Forças Armadas. Daí que chamá-los de golpistas é um absurdo descomunal, desarrazoado e desproporcional. Não há como dar um golpe tendo à frente uma turma de manifestantes desarmados, que portavam apenas o hino na garganta e a bandeira nas mãos.

Em outras ocasiões, em outros governos, a Câmara dos Deputados foi invadida, os manifestantes depredaram instalações, houve detenções, mas ninguém foi preso, e os detidos tiveram tratamento muito menos rigoroso, desumano ou cruel do que os manifestantes de 8 de janeiro.

Não bastassem os horrores daquele dia, os sobressaltos das semanas seguintes, a ausência do devido processo legal, a censura, a ameaça às liberdades de expressão e de pensar, as críticas dos que atacam os valores da família e o rancor dos que não sabem conviver no chão de uma mesma pátria, eis que surgem ofertas de cargos e emendas parlamentares a congressistas para que retirem suas assinaturas de apoio à CPMI do 8 de janeiro. O Palácio do Planalto tenta, dessa forma, barrar a investigação. Mas, afinal, o governo de Lula tem medo de quê?

Que a CPMI do 8 de janeiro revele a verdade, apenas a verdade, nada mais que a verdade!

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 16 de março de 2023, pág. 21).  

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Comentários

  1. Silvino P. L. Camargos16 de março de 2023 às 12:23

    Meu prezado dr. Wilson Campos, eu estive aqui em BH, na av. Raja Gabaglia, na frente do quartel do Exército por duas vezes e nestas vezes eu nunca vi ninguém falar palavrão, xingar ninguém, pedir golpe, pedir guerra ou pedir qualquer coisa errada. As pessoas, a maioria de famílias (homens,mulheres, idosos, adolescentes, jovens), todos balançando a bandeira brasileira e cantando o hino nacional e PEDINDO liberdade, paz, honestidade e eleições transparentes.
    O seu artigo me enche de orgulho de ser mineiro e brasileiro, com visão democrática dos problemas sociais e políticos do nosso Brasil. O artigo é equilibrado e ético em todos os sentidos. Parabéns ao jornal O Tempo e parabéns ao colunista dr. Wilson.!!! Abr. Silvino Camargos.

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  2. Eu não estive na Raja mas estive várias vezes na Praça da Liberdade e cantei o hino e agitei minha bandeira verde a amarela. Sou aposentada e trabalhei muito na minha vida no emprego, em casa e na criação dos meus filhos e agora dos meus netos pequenos. Tenho honra de ser brasileira mas quero o meu país com Justiça e não com meia justiça. Eu quero Justiça e não censura. O artigo do advogado doutor Wilson Campos é digno de louvor e é o espelho da verdade que precisamos ter nessa CPMI do 8 de janeiro, A verdade precisa ser revelada para todos nós porque é para isso que serve uma CPMI séria e feita com lisura. Os inocentes não podem ficar com o nome de culpados quando não fizeram nada grave e nem cometeram nenhum crime. Quem lembra de 2006 e 2017 quando teve invasões e quebra quebra na Câmara e nos corredores do Congresso e ninguém foi preso???. Quem se lembra disso??? É só comparar e separar o joio do trigo; o certo do errado. JUSTIÇA!!! Att: Raissa Gotardo.

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  3. Sebastião T. Luzardo16 de março de 2023 às 12:41

    A CPMI do Congresso pode acontecer e pode não acontecer porque tem deputados e senadores vendidos e comprados, tudo ao mesmo tempo, envergonhando o país. Isso é fato. Mas a CPMI é um jeito de colocar uma pedra nesse assunto e os inocentes poderem entrar na Justiça e pedir indenização pela forma desumana como foram tratados naquele ginásio, tratados feito animais ou até pior. Pessoas idosas, donas de casa, chefes de família, sendo misturados com radicais imbecilizados foi o maior erro como bem disse Dr Wilson Campos o autor do artigo. Enfim eu acho que as coisas precisam ser investigadas e os inocentes inocentados publicamente e indenizados pelos maus tratos. Dr. Wilson meus parabéns e fico feliz com mentes brilhantes e justas como a do nobre advogado. Obrigado. Sebastião T. Luzardo.

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  4. Luíz César T. Prudente20 de março de 2023 às 16:55

    Nós precisamos ter essa CPMI do 8 de janeiro porque a verdade precisa ser mostrada e separar o joio do trigo, o culpado do inocente. A CPMI dever servir pra isso e ser feita por parlamentares sérios e sem medo. Os coitados inocentes que foram humilhados em Brasília não pode ficar com o nome de culpado se eles não fizeram nada de errado. O artigo do dr. Wilson é o que mostra o que precisa ser feito mostrando a verdade e tão somente a verdade. Certo meu povo? Sem lei e sem ordem e sem justiça esse nosso Brasil vai virar uma torre de babel. Deus que nos livre. Luíz César T.P.

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  5. Rogério L. Lemos Filho20 de março de 2023 às 17:07

    Eu li no jornal e vi na televisão que o Rodrigo Pacheco presidente do Senado não quer a CPMI e isso quer dizer que o Lula não quer e nem o STF quer porque o Pacheco obedece ordens e não tem autoridade própria. Ele é mandado e faz o que mandam. Que vergonha para Minas Gerais esse senador tão medroso e tão sem atitude corajosa para fazer a gente sentir que votou certo. Quem votou nele votou errado e deve de estar arrependido. Que saudade de políticos da estatura de Tancredo, de Teotônio, de Aureliano, de Francelino, de Itamar Franco e de tantos outros que faziam a política ser interessante e menos desastrosa. Abraço dr. Wilson Campos e mais uma vez meu cordial cumprimento pelo ótimo texto. Eu continuo na labuta na empresa e pagando impostos pesados mas fazer o que; ??? Rogério Lemos.

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  6. O primoroso artigo do prezado advogado Dr. Wilson Campos no jornal O TEMPO de 16/03 me trouxe lembrança de outras CPI que foram feitas e não deram em nada, mas acontece que essa CPI precisa mostrar ao povo brasileiro que muitos inocentes foram preso e ficaram marcados como bandidos só porque estava pedindo pela pátria pela liberdade e pela família na frente do quartel do exército. Esse pessoal não quebrou nada e não invadiu nada e mesmo assim foram jogados num local como se criminosos fossem. Que justiça é essa? Que lei é essa? Que país é esse? Nós queremos mesmo é a verdade e nada mais do que a bendita verdade. Valtair Pêgo.

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