O PREÇO DA MORAL ESTÁ NOS PRINCÍPIOS. MUDE-OS E SUA MORAL TERÁ MUDADO.

 

Quando os brasileiros estão quase saindo do buraco vem uma mão e os puxa de volta.

De 2019 a 2022 os brasileiros viveram expectativas de um país de Primeiro Mundo. O crescimento e o desenvolvimento batiam às portas do Brasil, entravam e se estabeleciam com confiança. A indústria, o comércio, o agronegócio, a prestação de serviços, os profissionais liberais e os trabalhadores de maneira geral arregaçaram as mangas e produziram como nunca, investiram e acreditaram numa retomada de rumo que não sofreria retrocesso.

Foram quatro anos de acertos, moralizações, esforços e trabalho duro. A política interna do país inspirava respeito e renovava a cada dia as esperanças da população. Já no contexto internacional, os grandes países, os mais desenvolvidos, viam o Brasil como um guerreiro que saiu ferido dos destroços da guerra de 2003 a 2018 e procurava um remédio para suas feridas e um porto seguro para atracar.

A meta de se tornar um país invejável e reconhecido no mundo começou em 2019, e estava prestes de ser atingida no final de 2022. No entanto, quando o Brasil já estava saindo definitivamente do anonimato e do fosso da corrupção, vieram algumas mãos e o puxaram de volta para o buraco da estagnação, da desordem, do desgoverno, do medo, da fuga de capitais, do fechamento de empresas, do desemprego, da elevação de preços, da alta dos juros, da gastança governamental e dos absurdos incontáveis.

O governo mudou de mãos. O primeiro dia de 2023 começou sombrio e permaneceu assim. Os dias seguintes foram piores, pois pairava no ar o cheiro forte da desilusão do povo e da perfídia dos empossados do novo governo. As esperanças cidadãs se foram de vez depois de 60 dias de muita falação, acusação, ódio, vingança e nenhuma ação positiva em prol do povo e do país. O retrocesso tão temido tinha acabado de tomar posse e os estragos eram imensos e iminentes.

Com a brusca mudança, a moral do Brasil foi atirada à lata do lixo. Os princípios antes redescobertos tiveram a mesma sorte.  

O Brasil restou dividido. As conquistas havidas se deram por perdidas e retornou o caos. Os maus exemplos regressaram em todos os lugares, setores e meios, uns maiores que os outros, mais emblemáticos e de matizes ideológicos distintos.

O histórico dos empossados é ruim. Os aprendizes do mestre e ídolo de barro são simples marionetes. Todos vão no mesmo caminho do erro e quando erram são perdoados. E a  impunidade leva a outros erros, outras imoralidades, outras aberrações e outras cópias de comportamentos transgressores.

A chegada dos antigos investigados, condenados e “descondenados” foi vista com pavor pela maioria dos brasileiros. Sabiam-se perdidos os valores éticos e morais, que estariam soterrados a partir de então, para atração de uns e repulsa de outros. Nesses casos, considerando que as ações morais e imorais dependem se o indivíduo introjeta ou não o ato vil praticado. Mas ressalve-se que o que vale para o amoral não vale para todos.

Se em um governo sério e probo, quem rouba um pote de margarina no supermercado vai para a cadeia, em um governo de investigados e ex-condenados isso não acontece, e, pior, quem desvia dinheiro público, frauda, corrompe e comete as maiores atrocidades contra o Erário e o patrimônio público sofre, no máximo, pela exposição na mídia, pelo inquérito que se arrasta e pelas penas punitivas que, muito breves, se transformam em prisão domiciliar. Ou seja, a impunidade se transforma no insuportável vício da imoralidade social.

No mínimo, a máxima precisa prevalecer. O preço da moral é subjetivo. A importância é coletiva. Os seres humanos são privilegiados pelo direito de escolha. Ser moral, imoral ou amoral, eis o grande dilema do indivíduo. Simples e complexo. Bom e ruim. Certo e errado. No entanto, não interessa onde esteja a sua dúvida, posto que caiba à lei limitar as suas ações, permitido o contraditório e a ampla defesa, mas, jamais, admitindo a impunidade dos erros, dos crimes, dos ilícitos e dos males causados.

Garantir direitos não é permitir arbítrios. Praticar a democracia não é diligenciar para a burguesia, para a elite, para os políticos, para os juízes ou para os poderosos, nem excluir do acesso às melhorias a grande maioria. A moral e os princípios requerem a harmonia e a igualdade de uma sociedade una.

A divisão da sociedade em “nós e eles” ou em “ódio e amor” é uma afronta ao Estado de direito. Aqueles que se sentem insatisfeitos têm todo o direito de se manifestar. Aqueles que se acham injustiçados, que se revoltem, se elevem, se ergam e saiam de sua posição em cócoras, e exijam a sua própria condição. Ora, o preço da moral está nos princípios. Mude-os e sua moral terá mudado.  

A rigor, o preço da moral não está em ser pobre e humilde, acanhado e submisso, amado ou temido. O preço da moral está no saber exigir respeito e dá-lo de contrapartida; está em ser honesto e não aceitar a desonestidade; está em pedir por direitos e cumprir com os deveres; está em ser educado e contribuir para a educação alheia; está em votar na ética e não na demagogia; está em cobrar liberdade e permiti-la sem censura; está em ser exemplo e não modelo efêmero de oportunismo; está em ser justo e jamais contribuir para a prática da injustiça.

Da mesma forma, ter apreço pela moral é ser ético na completude da palavra, sem arremedos, medos ou mentiras. Ser moral, ético e honesto não é feio ou ridículo. Feio é achar graça quando os corruptos enchem os bolsos com o dinheiro público e saem ilesos. Ridículo é reeleger político improbo que usa a função para enriquecimento ilícito. Feio foi ver políticos e ministros pulando Carnaval enquanto acontecia uma tragédia no litoral norte de São Paulo. Ridículo foi ver a atual primeira-dama cantando e dançando enquanto as chuvas e a lama destruíam casas e matavam pessoas nesse mesmo local.    

Aliás, anote aí: Feio é querer democracia e liberdade e ter vergonha ou receio de ir para as ruas reivindicar. Ridículo é aceitar que alunos agridam professores dentro da sala de aula, como se nada de absurdo estivesse acontecendo. Feio é se esconder dentro de casa, cercado por grades e muros, enquanto os criminosos se deleitam com as leis pálidas e permissíveis. Ridículo é querer levar vantagem em tudo para se achar o maioral no meio dos amorais.

Em tempo, anote também: Feio é frequentar igrejas e não saber estender a mão ao próximo. Ridículo é comparar religiões como se o Deus de um fosse melhor que o outro, e não o Único. Feio é não ter apreço pela moral ou pelos princípios e valorizar o torto, o errado, o imoral. Ridículo é se colocar acima dos outros e tratar com escárnio os mais humildes. Feio é falar em cidadania e não participar da sociedade cidadã. Ridículo é criticar sempre e nunca aceitar críticas ou opiniões discordantes.

Enfim, acredite: Feio é ter postura criminosa e ter a cara de pau de ainda querer ser ídolo de alguém. Ridículo é não ter princípios morais e não saber o significado de legalidade, impessoalidade, moralidade, transparência e eficiência. Feio é prometer picanha e cerveja e não cumprir a promessa. Ridículo é aumentar o preço dos combustíveis e deixar que o povo se dane. Feio é colocar a culpa na classe média, nos gordos, na terceira idade, e não saber governar. Ridículo é mentir, bravatear e querer o papel de protagonista, quando não merece nem o papel de figurante.  

Moral do artigo: “O preço da moral está nos princípios. Mude-os e sua moral terá mudado”.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

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Comentários

  1. Juscelino J. E. Brito7 de março de 2023 às 17:37

    A leitura do artigo do nobre colega advogado me levou a pensar em muita coisa, especialmente que a moral e os princípios nunca estiveram no mesmo lugar frequentado por esse pessoal do atual governo do L. Essa gentinha não sabe nem o que é moral e muito menos o que é princípio. Mas o colega doutor Wilson sabe expressar e me deixou ao ponto de dizer-lhe em letras garrafais - PARABÉNS!!! Abraços do Juscelino Brito.

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  2. Madalena M. Silvério de O.7 de março de 2023 às 17:41

    Realmente é isso mesmo, quando o país está quase lá vem alguém e puxa de volta pro buraco. Êta país de pessoas ruins e políticos mesquinhos e da pior espécie possível. Dr. Wilson eu concordo com tudo falado e escrito e estamos na mesma luta pelo Brasil. att: Madalena M.

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