ILEGAL, IMORAL E IMPORTA!



A traição e a mentira são os piores inimigos do homem público, quiçá suficientes e capazes de destruir a carreira de qualquer paladino, mormente daquele que falha no combate da imoralidade que acossa o país.

O presidente Michel Temer prometeu trabalhar com afinco para a retomada do crescimento econômico do país, e reafirmou a intenção de manter e ampliar os programas sociais. Disse ainda: “Vamos priorizar a reforma do pacote federativo, a trabalhista e a previdenciária. Mas nenhuma das nossas reformas alterará os direitos dos cidadãos brasileiros”.

Temer prometeu prioridade para as áreas de segurança, educação e saúde; assegurou que a máquina administrativa ficaria mais enxuta, com o corte de ministérios e de centenas de cargos de confiança; manifestou que pretendia unificar a alíquota do ICMS; e garantiu apoio ao juiz Sérgio Moro e à operação Lava Jato, de forma a blindar o trabalho realizado pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pela Justiça, contra ações que tentem enfraquecê-los.

O governo sério que se pretendia para o país não foi entregue. A moralidade ficou pelo meio do caminho. A violência e a impunidade afrontam a cidadania, metem medo ao povo e desafiam as autoridades. O paladino, enfraquecido pelas alianças promíscuas, conforma-se com o seu quixotesco papel.

As promessas feitas pelo governo interino restaram frágeis. O crescimento está longe do prometido e do esperado pelo povo, pelos empresários e pelos investidores. As reformas arquitetadas ameaçam direitos conquistados. As áreas mais críticas não foram impulsionadas, mas colocadas na condição falimentar de escassos recursos. O discurso de redução de gastos não atinge o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário. O número de cargos e de ministérios voltou a crescer, contrariamente ao que foi prometido. As demais promessas permanecem na gaveta.

Data venia, senhor presidente, confesso lamentar a vergonha alheia que se apossa do corpo administrativo da sua gestão. A traição e a mentira são imperdoáveis. A desfaçatez de seus parceiros no Congresso contamina o seu efêmero poder. O suposto rombo da Previdência é um exemplo de mentira que assombra o seu governo, principalmente quando Vossa Excelência resolve perdoar dívidas de empresários inadimplentes com o sistema previdenciário. Não se justifica aliviar o peso da carga do empresário mau pagador e jogá-lo nos ombros do trabalhador. Assim, nem sequer sentar para discutir as suas reformas é possível.

Mais que isso, senhor presidente, a acintosa e recente blindagem de seu novo ministro, agora com foro especial e privilegiado, mostra a verdadeira face da sua agenda liberal e reformista, mascarada pelo medo de autonomia da Lava Jato, que ora se lhe apresenta como uma ameaça aos seus velhos e bons companheiros, prontamente socorridos por Vossa Excelência. Tudo isso revolta até mesmo o pacato povo brasileiro. Tudo isso é ilegal, imoral e importa! 

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Wilson Campos (Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista e Ambiental).   


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