ESTADO CARO, INCHADO, INEFICIENTE E CORRUPTO.



          "Quando os homens vivem sem uma autoridade para impor respeito, resulta uma guerra de todos contra todos... não há lugar para o trabalho, pois seus frutos são incertos... e, o que é pior, há sempre o medo e o perigo da morte violenta; a vida do homem é solitária, pobre, desagradável, bruta e curta". (Thomas Hobbes).


O Estado brasileiro, o governo federal, a máquina estatal, o poder público, a rigor, popularmente, são a mesma coisa, e requerem a mesma definição, porquanto representem um ser paquidérmico, caro, inchado, ineficiente e corrupto.

Alguns conceituadores clássicos da política costumam dizer o que todos nós já sabemos - que o Estado brasileiro é extremamente corrupto, além das péssimas qualidades supracitadas. Ou seja, a população tem de trabalhar cinco meses por ano somente para pagar impostos, enquanto a máquina estatal consome tudo e ainda achaca por todos os lados para conseguir subtrair mais de quem já não tem quase nada. Estou falando do cidadão comum, do povão, do contribuinte, do chefe de família.

O Estado brasileiro gasta muito e gasta mal, não conseguindo nem sequer dar conta de suas funções clássicas, como segurança e justiça. Precisa ser reinventado para prover educação, saúde, emprego e renda mínima contra a miséria.

Por um lado, as raízes do Estado brasileiro estão assentadas na lama, sem qualquer sustentação. A estagnação econômica e a corrupção disseminada são provas de que a incompetência, a improbidade e a falta de vergonha na cara se alastram pelo país, graças à prática recorrente da politicagem rasteira.

Por outro, os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal não são entregues aos cidadãos brasileiros. Estão consagrados na Carta Magna, mas não são destinados à formação da cidadania. Embora se tratem de direitos básicos individuais, sociais, políticos e jurídicos, que têm por base os princípios dos direitos humanos, garantidores da liberdade, da vida e da igualdade, esses valores indispensáveis são negados ao povo brasileiro.

A corrupção do Estado, dos governantes, dos políticos e de setores da sociedade, a contragosto dos bons, estrangula a economia, paralisa a produção, sujeita tudo e todos à máquina viciada do poder público e transforma a nação numa nave desgovernada, sem rumo e sem destino certo. Com isso, a insegurança e a violência surgem, e o descontrole se torna evidente, tamanha a impunidade que prospera, muito pela absoluta ineficiência do aparelho estatal.   

Já lecionava o filósofo inglês Thomas Hobbes, em sua obra Leviatã, publicada no século XVII: "Quando os homens vivem sem uma autoridade para impor respeito, resulta uma guerra de todos contra todos... não há lugar para o trabalho, pois seus frutos são incertos... e, o que é pior, há sempre o medo e o perigo da morte violenta; a vida do homem é solitária, pobre, desagradável, bruta e curta".

No entanto, nada disso interessa aos políticos brasileiros, acostumados às mordomias palacianas e distantes da vida cotidiana dos pobres coitados assalariados, quando muito, porque o desemprego tirou-lhes até isso – o salário mínimo.

Temos um Estado caro, inchado, ineficiente e corrupto. Mas temos também um povo de péssima memória e de reação lenta. Esse abismo concentra as razões de nossas mazelas, que são muitas e cada vez maiores. Votar num político e poucos dias depois não se lembrar nem do nome dele é uma forte evidência da nossa triste realidade. Essa despreocupação com o coletivo traz prejuízos individuais, alarmantes, de tamanha proporção, que transforma pobres, ricos, letrados, ignorantes, todos, reféns de uma triste realidade, condenável, indesejada, mas que está aí, às portas de cada um, simplesmente pelo fato de que ainda somos aprendizes da verdadeira democracia cidadã, indispensável para a soberania popular.

De certo que o pensamento coletivo é a meta a ser atingida, suficientemente, para que os trabalhos coletivos sejam norteadores do bem comum, da qualidade de vida, da liberdade e da justiça. Uma sociedade com espírito coletivo é difícil de ser trapaceada, roubada, vilipendiada ou colocada na contramão do desenvolvimento.

A ideia coletiva é uma forma de tornar possíveis os sonhos, com a perspectiva de que o trabalho será realizado por todos e não individualmente. Essa ideia de coletividade dá maior segurança contra os atos políticos que colocam todos em risco. Contra o coletivo, os detratores da República, usurpadores do poder e malversadores do dinheiro público pensarão duas vezes antes de amealhar o que não lhes pertence, porque o povo unido e, por óbvio, coletivamente, saberá frear as sandices desses políticos e de governantes, punir os culpados e colocá-los na cadeia, depois de obrigá-los a devolver toda a pecúnia e o patrimônio desviados.

A ineficiência do Estado se dá, como visto, porque o povo permite e não cobra com energia a eficiência necessária. O Estado é caro porque a população concorda em pagar a conta e se submete docilmente. A corrupção se espalha corpo adentro da política porque o cidadão não reage prontamente e não exige a prisão e nem o fim definitivo do foro privilegiado. O Estado é inchado porque a máquina pública é azeitada com o suor do trabalho diário dos trabalhadores brasileiros, que se acomodam frente à televisão, mas não saem às ruas para pedir por respeito e dignidade.

O Estado é caro, inchado, ineficiente e corrupto porque o povo brasileiro assim o permite, abaixa a cabeça, finca o queixo nos joelhos e fica de cócoras. Ora, já passou muito da hora de a população mostrar o seu valor, a sua vergonha alheia, a sua indignação. Acorda, meu povo! Reage, Brasil! 

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Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista e Ambiental). 



Comentários

  1. Isso mesmo. Temos no colo um Estado enorme, bancado pelo dinheirinho suado do povo brasileiro. São trilhões arrecadados anualmente com impostos e o retorno para a sociedade é mísero. Por outro lado, para a corrupção dos políticos são milhões e já se fala em bilhões. Quem aguenta isso? Como disse o Dr. Wilson - Reage Brasil. Acorda povo!. José Cláudio F. D.

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  2. PARABÉNS DR. WILSON. MAIS UMA VEZ BRILHOU E FALOU TUDO QUE EU QUERIA FALAR. BRAVÍSSIMO. Helena M. S. R.

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