O TRF MINEIRO
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quarta-feira, 28 de junho de 2017, pág. 19).
A
Justiça tardia causa prejuízos irreparáveis até mesmo ao próprio Poder
Judiciário. Nesse sentido, vale observar o lapso temporal de quatro anos
decorridos após a infausta decisão liminar monocrática do ex-ministro do STF
Joaquim Barbosa, que suspendeu os efeitos da Emenda Constitucional 73/2013,
durante o julgamento da ADI 5.017, que impede a instalação do Tribunal Regional
Federal (TRF) em Minas Gerais.
A referida decisão, contrária aos interesses dos
mineiros, obstou a oportunidade de se redimensionar a segunda instância da Justiça
Federal e prestou um grande desserviço aos cidadãos, retirando-lhes o direito a
uma prestação jurisdicional célere e eficiente. A solução para esse impasse
depende da deliberação da Suprema Corte, cassando a liminar e julgando o mérito
da ação, com isso possibilitando o prosseguimento da relevante demanda de Minas
Gerais, que responde, hoje, por mais de 60% dos processos que tramitam no TRF da
1ª Região.
É público, notório e de clareza solar, que a
criação do TRF mineiro imprimirá maior velocidade aos julgamentos, desafogará a
Justiça Federal, cumprirá o papel da jurisdição, exercitará o poder-dever
da prerrogativa de compor os conflitos de interesses, em cada caso concreto, e
facilitará o acesso do cidadão a seu processo, com menor custo, sem que ele
fique na interminável fila da grande carga de demandas julgadas em Brasília.
Embora surjam algumas alegações de que a instalação
do TRF em Belo Horizonte geraria mais despesas aos cofres públicos, isso não é
verdade. A prestação jurisdicional é dever do Estado e direito do cidadão. Além
disso, a comunidade jurídica sabe muito bem do que se tratam a eficiência e a
racionalidade, mormente com obediência às normas constitucionais e às
diretrizes orçamentárias, posto que a Justiça Federal se revele superavitária.
Segundo o relatório "Justiça em Números
2016", elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Justiça
Federal arrecadou mais do que gastou, para seu funcionamento, em 2015. Os
gastos ficaram na casa de R$ 9,9 bilhões, ao passo que sua arrecadação foi de
cerca de R$ 24 bilhões, valendo notar que, em tais valores arrecadados, não
estão computados aqueles provenientes de ativos recuperados em ações criminais
e de improbidade administrativa, especialmente os referentes a casos de
corrupção, como da operação Lava Jato.
Cumpre
ressaltar ainda o impacto social que a implantação do TRF mineiro geraria para
a sociedade, uma vez que a Justiça Federal é responsável por conceder os
benefícios previdenciários negados indevidamente pelo INSS, julgar delitos cometidos
por agentes federais, crimes de tráfico internacional de drogas, ações
praticadas por organizações criminosas e desvio de verbas, entre outros.
Enfim, cabe ao STF levar a julgamento a ADI 5.017 e dar
andamento ao processo de instalação do TRF em Minas, no cumprimento de seu
papel constitucional.
Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de
Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quarta-feira, 28 de junho de 2017, pág. 19).
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(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quarta-feira, 28 de junho de 2017, pág. 19).
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Sugiro ao ilustre doutor, à OAB, ao MPMG, a Justiça Federal e outros órgãos, que convoquem os profissionais de cada entidade e façam uma mobilização na defesa do Tribunal Reg. Federal a ser implantado em Minas Gerais. Se o nosso estado de MG responde por 60% dos processos que estão no tribunal atual, e a situação está insustentável, então que se crie um tribunal aqui em BH para dar conta desse trabalho, que atrasado como está prejudica muito o pobre cidadão mineiro e quem quer que seja que procura a justiça federal. Afinal de contas, o nosso estado mineiro merece um tratamento melhor pelo tanto de impostos que carreia para os cofres da União. Ou estou falando algo errado? Justiça tem de ser para já e não para daqui 10 anos. Valeu Dr. Wilson Campos pelo texto bem explicado que interessa a nós que temos processos na JF, que estão em Brasília há mais de 5 anos sem solução, porque o tribunal está lotado de ações sem decisão. O STF precisa trabalhar mais rápido para resolver isso e não deixar aquele Gilmar Mendes ficar defendendo os amigos políticos. Raymundo Bugres.
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