TABULA RASA NO TSE
O
julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além da
troca de farpas entre os ministros, tem provocado indignação na sociedade
brasileira, porquanto sejam inadmissíveis a petulância, a arrogância, a
desfaçatez e a extrema falta de educação do ministro Gilmar Mendes, notadamente
quando retruca em aparte obtuso a fala do ministro Herman Benjamin, relator do
processo.
São
dois ministros absolutamente diferentes na erudição e no comprometimento com as
questões de interesse público. Se por um lado o ministro Gilmar Mendes tende a
se alinhar com o Planalto, votando a favor de Michel Temer, apesar das
comprovações documentais de excesso nas contas de campanha, por outro o
ministro Herman Benjamin já sinalizou que votará pela cassação, convencido de
que, além das irregularidades nas contas de campanha, o presidente interino e a
ex-presidente estão envolvidos nas delações da Odebrecht e usufruíram de
valores ilícitos de práticas corruptas envolvendo a Petrobras.
Entretanto,
em que pese a importância do debate da questão relativa às irregularidades da
campanha da chapa Dilma-Temer, do desenvolvimento do devido processo legal e da
concessão óbvia da ampla defesa e do contraditório, o que tem chamado a atenção
das pessoas é a forma de condução do processo no plenário da Corte Eleitoral.
Alguns
ministros, docilmente orientados pelo presidente do TSE, ministro Gilmar
Mendes, comportam-se como crianças bem mandadas, esquecem a coerência dos fatos
e se deixam levar pela mente vazia, pela tela em branco, e confirmam a tese do
filósofo inglês John Locke de que a mente humana de uma criança é uma tabula
rasa. Nesse caso, data venia, a imagem que passam esses ministros é de que são
crianças inocentes, imaturas, sem informação ou experiência, e não têm
conhecimento do inteiro teor do processo e não levam em consideração os fatos
já descobertos. A exceção fica por conta dos demais ministros, que se colocam
como adultos, juízes, operadores do direito e aplicadores da justiça, e não
como simpatizantes de partidos, quaisquer que sejam.
Vale
observar que à sociedade custa muito ver a dificuldade que alguns juízes têm em
decidir contra a casta política, mesmo que isso arranhe a imagem do Judiciário.
No TSE a regra não é muito diferente, causando mal-estar a grande preocupação de
ministros querendo livrar a cara desse ou daquele político.
O
julgamento da chapa Dilma-Temer contará com os votos de 7 (sete) ministros do
TSE, com tendências diferentes. Segundo a imprensa nacional, pela absolvição
deverão votar os ministros Gilmar Mendes, Tarcísio Vieira, Admar Gonzaga e
Napoleão Nunes Maia. Pela condenação, os ministros Herman Benjamin, Rosa Weber
e Luiz Fux.
A
rigor, ao meu ver, a exigência da sociedade é no sentido de que os senhores
ministros, juízes do TSE, coloquem o país acima de suas simpatias partidárias e
atuem como magistrados, no estrito cumprimento da lei e no absoluto respeito à
Constituição da República.
De
nada servem os comentários de uns e outros que peroram com fúria contra o caso
sob julgamento. Complicam o entendimento da população e desservem a necessária
manutenção da ordem institucional. A racionalidade e a lógica precisam
preponderar acima dos instintos raivosos de seguidores ideológicos, que perdoam
os seus ídolos de barro e condenam os contrários, sem nenhum pudor.
Os
ministros do TSE sabem muito bem, que não podem jogar na lata de lixo a
história da Corte, sob pena de a sociedade perguntar amanhã, insistentemente:
Pra que e pra quem serve o TSE?
Antes
que isso ocorra, o ministro Herman Benjamin, relator do processo contra a
campanha que elegeu Dilma Rousseff e Michel Temer, para a Presidência e
Vice-Presidência da República em 2014, concluiu seu voto nesta sexta-feira e defendeu
a cassação da chapa. Na avaliação do relator, que se manteve didático e firme
nas suas alegações, houve caixa dois na campanha eleitoral abastecido com
dinheiro de propina.
No
seu voto, o ministro relator asseverou que não seria "coveiro de prova
viva", e arrematou: "Como juiz, eu rejeito o papel de coveiro de
prova viva. Posso até participar do velório, mas não carrego o caixão".
Segundo o ministro, a campanha da chapa Dilma-Temer praticou abuso de poder
político e econômico por receber propina como doação eleitoral.
Logo
mais ou mais tardar amanhã, a decisão da Corte já estará tomada e os
brasileiros saberão como votaram os ministros do Tribunal Superior Eleitoral.
Mas
outras batalhas deverão ser enfrentadas pelo presidente interino Michel Temer,
uma vez que tramitam outros processos contra ele, que dependem de autorização da
Câmara dos Deputados, incluindo um de impeachment por crime de responsabilidade,
e outro referente ação penal no STF, onde responde inquérito por corrupção
passiva e obstrução da Justiça. Porém, como de resto e como visto até aqui, as decisões
surgem muito lentamente, levando-nos a crer numa cassação quase impossível.
Nem
por isso e nem sob essa hipótese se pode admitir flexibilização do mandamento
constitucional, diante do risco de, ao final, fazer tabula rasa de regras
tão caras e valiosas, permitindo o ressurgimento do apadrinhamento, do favoritismo,
do infeliz jeitinho brasileiro, como formas de burlar o princípio isonômico nos
julgamentos nos tribunais pátrios.
Contudo,
o recomendável é aguardar os acontecimentos, tanto para o julgamento da chapa
Dilma-Temer, quanto para os processos exclusivos contra o presidente interino,
embora uma coisa seja certa - o povo não vai se calar.
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Wilson
Campos (Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista e Ambiental).
Esse Gilmar Mendes e os outros três que defendem o Temer e cia., não têm vergonha na cara e nem família para honrar. Traidores do povo, da nação e até do Judiciário. São massa de manobra do poder instalado. Vergonha, vergonha, vergonha. Parabéns doutor Wilson Campos pelo magnífico artigo e como sempre acertado e no interesse do povo brasileiro. Matheus D. B. Z. de S.-BRASIL.
ResponderExcluirVamos chamar Joaquim Barbosa para falar do Gilmar Mendes. Talvez daí saiam mais coisas que nem o mágico da cartola possa adivinhar. O senhor Gilmar é das antigas coligações políticas, donde um juiz se misturava com o político 24 horas por dia. Nunca se envergonhou disso e não vai ser agora. Ele é um tremendo cara da pau, que vive à custa do dinheiro do povo e ainda trai o povo, cospe no povo e faz chacota do povo. Sujeito sem princípios que não merece a toga que veste e muito menos o título de juiz. Nunca foi juiz. Jamais será um magistrado. Não passa de um operador dos interesses dos políticos dentro do Judiciário. Falo por mim e por milhões de brasileiros que agora estão nas redes sociais indignados. Meus parabéns ao Dr. Wilson Campos pela defesa da cidadania em tudo que faz, tanto no seio da sociedade como nos trabalhos na OAB/MG. Eu sou Joaquim A. S. V. de Sá.
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