FAXINA ÉTICA, GERAL E IRRESTRITA



A politicagem sórdida praticada de forma impune no país envergonha não apenas os mais velhos, mas também os jovens e, quiçá, as crianças, que já compreendem a indignação das pessoas com o lamaçal da corrupção engendrada pelos malversadores do dinheiro público, que tomou conta do país.

O expurgo seguido de punição severa dessa camarilha é uma necessidade, tão imperiosa quanto respirar. A impunidade, se continuada, é um estímulo à delinquência. Por conseguinte, enquanto os delinquentes “e nesse caso se enquadram os malversadores do erário” não forem punidos de forma exemplar, sempre haverá quem se sinta tentado a praticar o mesmo tipo de delito.

A faxina ética, geral e irrestrita, não pode deixar sujeira para limpeza posterior. A assepsia tem de ser feita agora. O rastro de lama deixado por todos os envolvidos na formação de organização criminosa, na lavagem de dinheiro, na corrupção ativa e passiva, na ocultação de patrimônio, na prática de caixa 2, no esquema de propina, na obstrução da Justiça, no superfaturamento de obras e no recebimento de vantagens ilícitas, deve ser apagado da vida dos brasileiros, mas somente depois de todos os culpados estarem na cadeia, pagando pelos seus mais diversos crimes, e já terem devolvido aos cofres públicos todo o dinheiro apropriado e o patrimônio adquirido, indevidamente.

No meio a tantos escândalos envolvendo políticos, a agravante de crime hediondo é o mínimo de qualificação para os gravíssimos ilícitos cometidos. A incúria é de tal forma que o lapso temporal para os inquéritos e as apurações se torna uma válvula de escape para mais investidas e queima de provas. A canalhice no exercício do cargo político não tem limites e a arremetida dos acuados prova a capacidade criminosa desses elementos.

Muito além da vergonha alheia estão os sentimentos de repulsa da sociedade, cercada de todos os lados pelas notícias cada vez mais inacreditáveis, que envolvem presidente, ex-presidentes, ministros, senadores, deputados, governadores e empresários. E não há como separar o joio do trigo, porque são todos farinha do mesmo saco. E não tem como realizar um filme, porque são todos bandidos e não tem mocinho na história podre dessa república de bananas.

A certeza ou a expectativa de impunidade é tão grande, que os canalhas travestidos de políticos constroem palanques à custa da ignorância de uma parcela abestalhada da população, que, docilmente, erigiu ídolos de barro e os cultua como se eles fossem os coitadinhos da lambança republicana, os injustiçados da tramoia montada em Brasília. Ora, não existem bonzinhos nem inocentes nesse jogo de cartas marcadas, nessa comédia bufa de terceiro mundo, encenada por empresários e políticos, todos criminosos confessos.

A crise política é sem precedentes. As instituições estão ameaçadas. A democracia já se vê arranhada pelos descompassos entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Os riscos de quebradeira são iminentes. O desânimo é geral e a desconfiança já ocupa o primeiro lugar. A sociedade está paralisada, diante de tanta sujeira e impropriedade. O país está parado, os investimentos desapareceram, o desemprego cresce e a miséria já toma conta dos grandes centros urbanos, na vida subumana sob os viadutos e marquises.

Já passou da hora do toque de recolher. De recolher às prisões todos os culpados. De recolher ao ostracismo todos os políticos de mandatos ímprobos. De recolher à insignificância os acobertadores de atos de descaminho. De recolher todos, sem exceção, à cadeia comum, sem tratamento diferenciado e sem foro privilegiado.

Não há que se dar ouvidos aos clamores de prisão especial. A vala há de ser comum, para todos do mesmo quilate. A régua que mede um, mede todos. A Justiça há de ser una, igual e equilibrada. A razão não se deixará levar pela emoção e nem pela alegação de que alguém seja objeto de inquirição invasiva, arrogante, desprovida de respeito e do mínimo de civilidade. A rigor, vale a máxima ponderação – “quem não deve não teme”.

Está chegando a hora da maior reforma de todos os tempos. A reforma do voto. A reforma da escolha. A reforma geral dos candidatos. As eleições estão aí. O troco dos eleitores vai ser na urna. E não serão eleitos esses que aí estão, metidos direta ou indiretamente na politicagem, na lama, nas negociatas ou em quaisquer atos de improbidade, por menores que sejam os ilícitos cometidos. A vingança da sociedade vai ser na hora do voto direto e secreto, na boca da urna, no momento da soberania popular e no exercício do sufrágio universal.

A faxina ética, geral e irrestrita, já começou, mas não pode parar. Enquanto existir um caso de contaminação, por mínimo que seja, a assepsia há de continuar, sem interrupção e sem privilégios. Conceder a ampla defesa e o contraditório é justo, mas deixar impune os criminosos e suas organizações, jamais.

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Wilson Campos (Advogado/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista e Ambiental).     



Comentários

  1. Essa faxina tem de ser de cima para baixo, pegando todos e não deixando escapar ninguém. Não interessa a cor da camisa ou do partido. Pau que dá em Chico dá em Francisco. O Brasil não pode mais passar recibo de país corrupto e sem seriedade. O Brasil precisa renascer e criar uma geração de pessoas que não admitam, jamais, a volta desses políticos malditos e corruptos até a alma. Jamais!!!
    Nelson A. T. Vilhena F.

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  2. Eu de novo, para dizer PARABÉNS DOUTOR WILSON CAMPOS pelo ético, honrado, corajoso, verdadeiro e cidadão artigo/texto em defesa da sociedade brasileira, do povão brasileiro e das gerações que estão por chegar. VALEU E PARABÉNS, MESMO!!!
    Nelson A. T. Vilhena F.

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