CIDADES VIOLENTAS.



Nós, brasileiros, acostumados às idas e vindas das crises governamentais (econômica, política e institucional), não podemos, contudo, nos acostumar com a violência nas cidades. É preciso que haja uma solução por parte da sociedade, de forma que o governo perceba a gravidade da situação, que parece não querer ver. A violência está galopante nos grandes centros, não mais apenas à noite, mas à luz do dia, seja de manhã ou de tarde. A violência está passando de todos os limites. A sociedade precisa reagir, agora e já.

A sociedade quando quer, faz bem feito. As ideias surgem das cabeças pacíficas dos cidadãos de bem, que são trabalhadores, patrões, profissionais liberais, pais, mães, chefes de famílias. O pensamento dessas pessoas é a tranquilidade, a paz, o direito de ir e vir, a segurança de sair e voltar, o sossego de saber que o filho está bem e seguro no local onde se encontra. São coisas mínimas, mas quase impossíveis nos dias de hoje, com tanta violência nas cidades, onde a impunidade é interpretada como coisa do cotidiano, sem muita importância.

No entanto, apesar de tudo isso, nada mais perigoso do que uma cidade agredida e um povo ferido. A paciência se esgota. O desespero aos poucos toma conta das famílias que, quase sempre, protegem os filhos, trancando-os em casa, intramuros, e criando-os cada vez mais solitários e dependentes da internet, distantes da liberdade e da doce vida social que pensavam que existisse. Mas, até quando? O perigo reside no esgotamento do ser humano.

As explicações esfarrapadas de algumas autoridades, que teimam em dizer que está tudo bem e que a dose de exagero parte sempre dos pessimistas, não passam, de fato, de falácias irresponsáveis de quem não quer enxergar que os crimes impunes geram mais crimes, por se imaginarem os criminosos, acima da lei e da ordem, da mesma forma de sempre. Ora, que país é este que dorme em berço esplêndido enquanto a parte boa do povo sofre as injustiças que não merece e a parte ruim se deleita com a incompetência dos poderes constituídos?

O simples fato de alguns jovens saírem às ruas, em direção ao estádio, em dia de jogo, usando a camisa do seu time do coração, transforma-se em um pecado mortal. O mínimo que se ouvem são tiros, rojões, ameaças, quebradeiras, mortes, desespero e correria. O esporte está perdendo para a violência e a impunidade está dando de goleada nas autoridades. A paz e o sossego vão ficando para trás, em todos os setores. Afinal, o que mais resta ao povo, além de pedir, implorar e se humilhar, se nem o futebol se salva? E o terror da violência se espalha para outros setores – nas escolas, nos shows, nas festas, no trânsito, nos bancos, no comércio e em todo lugar. Ninguém está a salvo em lugar nenhum. A violência campeia, mas precisa ser obstada, parada, extinta.

Os mais diversos crimes estão sendo cometidos sem a punição enérgica necessária, sejam eles contra o homem, a mulher, as crianças, os jovens, os idosos.  A violência contra a vida humana ocorre diariamente e vai ficando nas estatísticas, sem a devida e exemplar prisão dos culpados. A impunidade vai prevalecendo aqui e ali, e o rastro da violência cresce, desaforadamente. A população já não sabe o que fazer, mas, enfim, fazer o que diante da inércia e da distância dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário?

Exatamente em razão disso é que a solução está na sociedade, na atitude das pessoas, fazendo-se necessário que a população se indigne e vá para as ruas, para as redes sociais, para as portas das autoridades públicas, exigir providências agora e já. Embora a esperança esteja nos direitos constitucionais e no exercício da cidadania, a população precisa gritar mais forte e acima até das suas próprias forças, exigindo o devido respeito e o fim da violência. Aliás, a sociedade não pode mais aceitar a cidade agredida e o povo ferido. A sociedade precisa, urgentemente, fazer valer o seu dom e o seu valor, e colocar a verdade na mesa e bater o pé até que a solução seja boa para todos os cidadãos de bem desse país. A população merece uma cidade segura. A sociedade merece uma vida sem violência.

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG). 




Comentários

  1. As pessoas não podem nem mais andar na rua de dia. Os criminosos estão por todo lado, mas a polícia nunca está. Precisamos de mais policiamento nas ruas, de manhã, de tarde e de noite A polícia tem de fazer seu papel e o Judiciário não soltar esses vagabundos que roubam, assaltam, matam, estupram e ainda ficam fora da cadeia. O que é isso minha gente? Polícia na rua e cadeia para esses bandidos. Eu gostei do texto do Dr. Wilson Campos e digo que concordo com tudo. João Miguel L.P.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas