EQUILÍBRIO INSTITUCIONAL




As boas relações entre Legislativo e Executivo são necessárias para a prevalência harmônica do Estado democrático de direito. Da mesma forma, o equilíbrio institucional é peça basilar para o enfrentamento da crise político-econômica, não se admitindo que a insensatez se associe à vaidade e ambas coloquem uma pedra no caminho do entendimento nacional. As diferenças havidas no campo político não podem obstar a interação e o diálogo, indispensáveis na condução reta e aritmética da satisfação social, do crescimento e do desenvolvimento da nação.

Nem só de grandes ideias sobrevive a sociedade brasileira ou qualquer outra do mundo. Muitos países enfrentam crises abissais por anos a fio e não encontram saídas dignas para os governos ou para as respectivas populações. O êxito vai depender da boa vontade popular, da não agressão interna, do respeito entre os adversos e do trabalho diuturno dos mais diversos setores das máquinas pública e privada, não se permitindo à sociedade se deixar abater por uns e outros pessimistas, mas buscando o conceito dos bons costumes e dos elevados padrões morais.

Por certo que as grandes e boas ideias surgem das cabeças pensantes daqueles que colocam em primeiro plano a humanidade, o direito e a justiça. Por certo que a pequenez do pensamento não encontra apoio nem tem respaldo da coletividade, pois não interessa ao meio social civilizado a atitude doentia dos defensores do “quanto pior, melhor”. E a explicação reside no fato de que os maiores perdedores com desavenças e antagonismos são quase sempre os cidadãos comuns, que pagam caro pelas briguinhas colegiais e pela pirraça de agentes políticos individualistas, que deveriam ser exemplo, mas não são.

O Brasil não pode perder mais quatro anos com incertezas, negligências e desacertos. A correção de rumo tem de ser agora, antes que a confiança se vá para o ralo e a população se veja novamente ameaçada por desvarios e patrulhamentos ideológicos. Não dá mais para combater com palavras soltas os inimigos da nação. O combate deve ser pela realização de um bom governo, que pense nas pessoas, na qualidade de vida, no pleno emprego, na vida digna, no fortalecimento da economia e no equilíbrio das instituições. E não há mais tempo a perder. As vaidades, as diferenças e os preciosismos precisam ser colocados de lado. O que importa, de fato, urgentemente, é o futuro do país e do povo.

Se o governo ainda é um deserto de ideias, como disse o presidente da Câmara dos Deputados, então é chegada a hora de a cidadania pensar pelo governo. Se o atual governo está meio perdido com tantas novidades em razão da herança maldita deixada por governos passados, então é chegada a hora da aula de humildade e de entrega em prol da pátria. E não me venham com aulas de espectro político esquerda-direita, porque, sem a união e o esforço da maioria esmagadora da população, dificilmente haverá esperanças de dias melhores para o sofrido povo brasileiro. Agora mais do que nunca, o país precisa de todos. Ademais, os extremismos doentios dividem o país, afastam a confiança externa, inibem os investimentos empresariais, prejudicam principalmente os mais pobres e os desempregados e mantêm os seres humanos marginalizados, pela lenta e tardia inclusão social.

Em suma, o equilíbrio institucional é exemplo de civilização, porquanto imprescindível nas democracias. Daí a expectativa para que o governo corrija erros anteriores, siga um rumo próprio e seja modelo de ética, seriedade, transparência e doação em prol da prosperidade do povo brasileiro. Feito isso, os extremismos desaparecerão, por inanição e por vergonha, e deixarão de ser cogitados. E em assim sendo, o Brasil, por certo, colocará acima de tudo o interesse coletivo, a cidadania, o pluralismo político, a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Que assim seja!


Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).

(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de domingo, 28 de abril de 2019, pág. 7). 


Comentários

  1. Muito bom. Melhor não precisaria. Se isso acontecer Dr. Wilson, nós teremos sim um dos melhores países do mundo, porque depende de nós, população. Não podemos deixar nas mãos de políticos carreiristas que passam de pai para filho a coroa do poder efêmero mas que arrasa com o Brasil. A sociedade precisa ser mais atuante e exigir mais dos governos. Parabéns por mais este excelente artigo, que li no jornal mas sempre visito aqui o seu blog. Parabéns. Cândida E. Lanz.

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  2. João Carlos M. Lacerda30 de abril de 2019 às 18:24

    Dr. Wilson, me permita dizer que temos um país maravilhoso, em que plantando tudo dá, e temos um povo trabalhador. Mas infelizmente temos uma política porcaria e corrupta de esquerda e uma politica fraca de direita, porque a maioria da direita é de gente que já tem uma condição financeira melhor e não quer muita confusão, enquanto essa turminha de esquerda são comunistas fracassados, sem cultura, que querem permanecer no governo para não fazer nada, e nem gostam de estudar. Tem universitários de esquerda que ficam 10 anos fazenda um curso superior e ainda tem uns que nunca acabam, porque ficam nas universidades fazendo política porca que não acrescenta nada em lugar nenhum. De bom mesmo só o seu texto, como sempre porreta e na medida certa. Continue assim e não deixa de escrever porque aprecio sua arte de escrever. Abraço. João Carlos Lacerda.

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