A GREVE E A BADERNA.
A primeira é permitida em lei, respeitadas as
condicionantes da sua realização nos serviços ou atividades essenciais. A
segunda é sinônimo de ilegalidade, desrespeito e vandalismo. Greve, sim.
Baderna, não.
A democracia brasileira, já bem amadurecida, embora
nem tanto, não admite que a greve seja permeada por badernas, quebradeiras e
vandalismos, mesmo porque a sociedade organizada não pode se dar ao desprazer
de conviver com tamanhos antagonismo e falta de civilidade.
O Brasil, vez ou outra, vive momentos de ternura e
de horror, ao mesmo tempo. De um lado, os movimentos grevistas capitaneados
pelas centrais sindicais levando às ruas milhares de pessoas que são contrárias
às reformas e ao governo. De outro, os idiotas que quebram vidros de
estabelecimentos, queimam pneus, fecham rodovias, impedem o direito de ir e vir
dos cidadãos e ainda agridem aqueles que têm opiniões contrárias.
O que mais impressiona é o fato de que os
manifestantes, portadores de direitos legais de greve, admitam que vândalos e
criminosos se infiltrem e provoquem a desordem que não interessa a ninguém.
Ninguém de bem. Ninguém da cidadania. Ninguém que respeite o país. Ninguém que obedeça à soberania democrática.
Não me venham falar de “circunstâncias” ou do
“calor das opiniões”, porque a cidadania não abre brechas para a violência ou
para o escárnio dos direitos e dos deveres, uma vez que são necessários, no
mínimo, bom senso e razoabilidade nas discussões dos interesses
metaindividuais.
De nada valem as conquistas à custa de vidas de
inocentes. Não no Estado democrático de direito. Ora, a Constituição está aí e
deve ser invocada a qualquer momento, pelo povo e pela força dos códigos, das
leis, das normas, dos costumes e da tradição nacionalista daqueles que buscam
uma pátria melhor para a família.
Chega de ódio entre as cores das camisas, entre as
diferentes ideologias e entre os imbecis que se intitulam líderes da população
brasileira. O nosso país não precisa de líderes de barro ou recém-chegados
desse ou daquele partido político. O nosso Brasil não é mais aquele da
colonização. Os tempos são outros, a cultura é moderna, a tecnologia é avançada
e a cidadania vai ocupando o seu lugar. Os adeptos da tática black bloc, que
depredam bancos, lojas e patrimônio público, não merecem nem sequer
consideração como ativistas, posto que não passam de babacas retaliadores do
nada contra coisa nenhuma.
Não se está aqui a ser contra ou a favor da greve.
A mobilização de parte da sociedade contra as reformas é um direito, mas daí
dizer que pode “quebrar vidraças de empresas” e “queimar ônibus e pneus nas
ruas” vai uma diferença muito grande. Uma coisa é a livre manifestação. Outra
coisa é destruir a propriedade alheia e impedir a livre circulação daqueles que
desejam trabalhar ou transitar pela cidade.
Particularmente, sou a favor da greve, ordeira e
pacífica, até mesmo no serviço público, em que pese a lacuna do art. 37 da
Constituição. No entanto, existe uma distância enorme entre ser a favor da
greve e ser a favor da baderna e do vandalismo. Sou contra todo e qualquer ato
ilícito que envergonhe o povo brasileiro e que torne a reivindicação do
direito um ato de pura satisfação de bagunceiros. Sou também, reconhecedor de
que a greve é para fazer pensar e repensar, mobilizar a sociedade e levar as
pessoas a decidirem em que espécie de sociedade quer viver e criar suas
famílias. Sou a favor da cidadania.
A realidade é que o momento ainda é de grande
sofrimento para o povo brasileiro, principalmente pelo saldo maldito de desemprego,
corrupção, impunidade e violência. Portanto, a greve ordeira e pacífica é um
direito do trabalhador e pode acontecer. A baderna, não. A insatisfação dos
mais diferentes setores da sociedade com a insuficiente prestação de serviços
do Estado, aliada ao ambiente de hostilidade e polarização política, não
recomenda insurgências à cidadania e muito menos obstrução ao livre direito de
ir e vir com incolumidade.
Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de
Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de domingo, 30 de junho de 2019, pág. 7).
(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de domingo, 30 de junho de 2019, pág. 7).
Aquele fato ocorrido em frente a UFMG, que uma senhora passou mal e veio a falecer é um exemplo da absurda atitude de se queimar pneus em vias públicas, impedindo as pessoas de passarem e irem e virem. Se não tivesse aquela manifestação burra naquele local, com queima de pneus em plena avenida e no horário de trabalho, dia de semana normal, talvez a senhora estivesse viva, porque não teria inalado fumaça. Os estudante que colocaram fogo nos pneus devem estar agora com a consciência pesada, se é que têm consciência, porque são péssimos alunos e ótimos baderneiros. Ir e vir é um direito da pessoa, E no horário de trabalho, dia de semana normal, é mais ainda. Punição aos infratores dessa absurda atitude de não deixar se locomover quem quer ir e vir a qualquer tempo. Essa coisa de greve com baderna e quebradeira e vandalismo também é outro caso de polícia, porque para pedir por direitos não precisa ferrar com a vida dos outros e destruir seus bens ou o patrimônio público. Essa dita democracia desse pessoal baderneiro não é a minha democracia, nunca. Meus fraternos parabéns ao Dr. Wilson Campos pelo sensato e equilibrado artigo sobre a greve e a baderna. Parabéns!!! Meu nome é Afonso Batista. - empresário, trabalhador e contribuinte.
ResponderExcluirEu também acho do mesmo jeito. Concordo com o autor do artigo Dr. Wilson e concordo com o comentário acima. Acho um absurdo essa baderna em nome da greve. A greve é uma coisa. A baderna é outra. O pior é o estresse na vida das pessoas que querem passar e não podem, que querem ir e não podem e que querem vir e também não podem. Que isso? Que país é esse? Que palhaçada é essa que está virando moda colocar fogo em pneus e o povo que se dane com a fumaça tóxica e que causa mal à saúde humana. Cadê a lei contra esse tipo de baderna e não greve? Baderna, não. Parabéns ao Dr. Wilson Campos por esta mensagem de patriotismo, humanidade e cidadania com verdades e fatos reais. Sou Noêmia G. Damasceno. - professora, pedagoga e mãe de família.
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