IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO AMEAÇA ÁREAS VERDES. LAMENTÁVEL!
Em Belo Horizonte há casos recorrentes de extermínio de áreas verdes para atender
as demandas da construção civil, que implanta prédios onde existiam
espaços vegetados. É o chamado "desenvolvimento" trabalhando contra o
meio ambiente. Ou seja, está aí a impermeabilização do solo ameaçando
as áreas verdes. Onde as obras chegam, com certeza o concreto vai tomar
conta do lugar e as áreas vegetadas serão dizimadas. Tem-se com isso o
cinza do concreto tomando o espaço do verde da natureza.
Em tristes tempos de enchentes e inundações na cidade, o que mais se percebe é que os motivos mais citados para tais tragédias são: impermeabilização do solo, descaso com as áreas verdes, cortes excessivos de árvores, poucas obras de engenharia específicas para os casos, saneamento básico précario e insuficiente, desatenção com a força das chuvas, povoamento e construções desordenadas nos bairros e na periferia, muito lixo jogado nas ruas e até nos córregos, falta de limpeza adequada dos bueiros e também pouca educação da população.
A causa considerada principal para as enchentes é, sem dúvida, a
impermeabilização do solo. Com a pavimentação das ruas e a cimentação de
quintais e calçadas, a maior parte da água, que deveria infiltrar no solo,
escorre na superfície, provocando o aumento das enxurradas e a elevação dos
rios. Além disso, a impermeabilização contribui para a elevação da velocidade
desse escoamento, provocando erosões e causando outros tipos de desastres
ambientais urbanos.
Vale observar que a ocupação desordenada do espaço geográfico também é uma das principais causadoras das enchentes e inundações em Belo Horizonte. Existem
outras. O grande número de córregos no entorno contribui para o fenômeno. As
poucas obras de engenharia e o excesso de lixo são fatais para a repercussão das
enchentes em regiões de risco já sabido.
Com a ocupação irregular dessas áreas - muitas
vezes causada pela ausência de planejamento adequado -, as pessoas ficam sujeitas
à ocorrência de inundações. Além disso, a remoção da vegetação que compõe o
entorno do rio intensifica o processo, pois ela teria a função de reter parte
dos sedimentos que vão para o leito e aumentam o nível das águas.
Ademais,
a ausência de obras importantes somada à falta de educação da população
potencializa os riscos de enchentes na capital. Segundo a imprensa e dados
oficiais, de outubro até a última quarta-feira, cerca de 1.200 toneladas de
lixo a mais foram recolhidas na cidade após as intensas chuvas. São resíduos
diversos como sacolas plásticas, garrafas pet, papelões, restos de entulhos e até
mesmo sofás e colchões, que entopem as bocas de lobo e contribuem para as
inundações.
Só
na quinta-feira (16), um dia após a cidade ser atingida por tempestades, nas
nove regionais, 80 toneladas de materiais foram retiradas além do que
geralmente é recolhido por dia pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU).
Uma força-tarefa foi montada para realizar os trabalhos.
O
cenário de perigo só faz crescer o medo dos moradores afetados pela água em
excesso. “É só chover que eu não durmo.
Já perdi as contas de quantas vezes tive a casa alagada”, lamenta uma
moradora. A mulher, o marido e dois filhos vivem às margens da avenida Teresa
Cristina, no bairro Betânia, na zona Oeste da metrópole, um dos mais afetados
durante o temporal da última quarta-feira. “Estou
contabilizando os prejuízos. O salão, o comércio e minha residência foram
invadidos pela água. E a previsão é de mais chuva e, infelizmente, de mais
estragos”.
Outro
morador, um senhor de 80 anos, diz: “Vivo
aqui há 65 anos e, desde que abriram a avenida (Teresa Cristina), há 20, vejo
esse local ser alagado”.
Os
dias seguintes deste janeiro prometem muita chuva ainda, com riscos à
população. Daí a necessidade de os moradores manterem a vigilância, uma vez que
a previsão até domingo é de chover quase um terço da precipitação esperada para
todo o mês em BH, conforme destaca o Instituto Nacional de Meteorologia
(Inmet). “Isso significa aproximadamente
100 milímetros (mm), sendo que a média histórica para os trinta dias é de 329
mm; quatro regiões do município já atingiram a média, sendo elas: Noroeste,
Pampulha, Oeste e Centro-Sul”; explica o meteorologista do Inmet.
O lixo é um problema recorrente, mas parece que a
falta de educação das pessoas não cessa e elas continuam jogando lixo nas vias
públicas. Porém, para aliviar os transtornos, a SLU garante estar em estado de
atenção para fazer a limpeza tanto antes quanto depois dos temporais. “O trabalho é essencial para manter a
capacidade da drenagem da cidade e mitigar os impactos das chuvas. São
aproximadamente 64 mil bocas de lobo espalhadas pelas nove regionais”,
informa o órgão.
Sobre as obras para conter as cheias, a Prefeitura
de BH disse que tem algumas em andamento: 1) Avenida Cristiano Machado (próximo
à Estação São Gabriel): primeira etapa das intervenções no ribeirão do Onça
iniciadas em janeiro de 2019; 2) Avenida Bernardo Vasconcelos: licitação para a
implantação de canal paralelo no córrego Cachoeirinha previsto para este ano;
3) Avenida Cristiano Machado (próximo à Estação Primeiro de Maio): licitação da
obra do sistema de macrodrenagem prevista para o segundo semestre de 2020; 4) Barreiro:
Três trechos do córrego Bonsucesso estão em obras, assim como há intervenções
referentes aos córregos Olaria e Jatobá; 5) Venda Nova: obras de tratamento de
fundo de vale e controle de cheias nos afluentes dos córregos do Nado e
Vilarinho e ribeirão Isidoro; 6) Avenida Tereza Cristina: bacia de detenção do
bairro das Indústrias será implantada no primeiro semestre.
A prefeitura disse, mas não executou as obras. Algumas
obras estão em andamento, lento, a passos de tartaruga. Outras obras estão no
papel e vão ser licitadas não se sabe quando. Ou seja, o prefeito está no
último ano do seu mandato, com inúmeras inundações e enchentes no seu currículo,
e ele nada fez para equacionar o problema e diminuir o sofrimento da população,
embora tivesse prometido muito e realizado pouco.
Uma coisa é certa: Belo Horizonte trocou
suas casas com grandes quintais arborizados, repletos de jabuticabeiras,
mangueiras e goiabeiras, por prédios com áreas externas impermeáveis, de asfalto,
cimento ou cerâmica. Os jardins das casas absorviam grande parte da água da
chuva, agora obrigada a escorrer para vias e córregos que não suportam o volume
e transbordam. Essa triste escolha de trocar o verde pelo concreto foi da
população, com a anuência da prefeitura, que detém o poder de fiscalização de
obras, mas faz vista grossa a casos e mais casos dessa natureza.
É
público e notório que acabar definitivamente
com as inundações e enchentes na capital é uma meta praticamente impossível de
se alcançar, posto que a cidade foi ocupada no entorno de 700 km de córregos,
segundo especialistas em engenharia hidráulica e recursos hídricos e notas da
imprensa. Exigiria obras milionárias de médio e longo prazos e desocupação de
áreas adensadas. Mas é possível minimizar, e muito, os impactos com recursos de
engenharia e também com políticas de saneamento mais concretas. Solução há, mas
falta vontade política das autoridades municipais e estaduais.
Repito que solução há, mais difusa, inclusive, como
aumentar as áreas verdes na cidade e preservar as existentes. É uma questão que
envolve também os cidadãos, que precisam adotar a sistemática de implantar mais
jardins em suas residências; de não jogar lixo na rua (minimiza os impactos de
temporais) e de ajudar na limpeza das bocas de lobo próximas às suas casas, de
maneira que não impeçam a passagem de água para os canais de escoamento.
Ano após ano os moradores são pegos de surpresa
pela rapidez das enchentes. Lojistas já perderam a conta do número de
inundações que presenciaram, notadamente assistindo freezers, mesas e cadeiras
sendo levados pela água. A inundação é feito um tsunami, surge de repente, e a
água leva tudo. As pessoas só têm tempo de correr. Moradores e lojistas reclamam
que pagam IPTU caro e que mudança tem que haver.
Particularmente, entendo que a atividade da
construção civil precisa se sensibilizar com essas questões sociais e praticar
a sustentabilidade em todos os seus projetos, dando maior ênfase ao meio
ambiente e com prevalência de muito verde nas áreas externas das edificações.
Entendo também que a prefeitura precisa executar as obras citadas,
urgentemente, de forma que mais obras de engenharia, apropriadas e bem
planejadas, representem menos inundações. E entendo, por fim, que a população (todos
nós), independentemente da posição social ou do lugar de residência, colabore
com a limpeza diária da cidade, de preferência não jogando lixo na rua e
ajudando na conservação das bocas de lobo sempre limpas e desimpedidas para o
escoamento da chuva.
Em tempo, peço licença para dizer que estive há poucos dias em Florianópolis (SC), uma cidade extremamente limpa, bem cuidada pela prefeitura e pelos moradores, com ruas bem conservadas e sinalizadas, muitas áreas verdes por todos os lados da ilha, obras sendo executadas e sem impedir o livre trânsito de carros e pedestres, prédios e casas sem pichação, moradias de bairros mais pobres em boas condições e todas pintadas com cores fortes e alegres, e até as praias - limpas, sem lixo e sem restos nas areias. Uma cidade (Floripa) que merece servir de exemplo para a nossa amada capital (BH).
A
rigor, cumpre reconhecer que a população necessita de maiores
consciência e educação, de forma que, sem exceção, não seja jogado
nenhum tipo de lixo na rua. Acredite, a educação é tudo!
Encerrando, faço votos para que a nossa querida Belo
Horizonte deixe de lado a excessiva impermeabilização do solo e adote com vigor a defesa das áreas verdes existentes, o retorno das áreas ambientais bem cuidadas, o viço dos espaços vegetados, a multiplicação dos canteiros centrais com árvores nativas e o replantio de árvores nas avenidas principais, nos bairros, nas periferias e em todos os locais possíveis de receber de braços abertos a natureza.
Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de
Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado
de Prerrogativas da OAB-MG).
SOU OBRIGADO A CONCORDAR QUE A POPULAÇÃO TEM PARTE DA CULPA PORQUE JOGA MUITO LIXO NAS RUAS. POR OUTRO LADO A PREFEITURA RECOLHE OS IMPOSTOS E NÃO FAZ QUASE NADA PELAS PESSOAS, QUE AINDA TEM DE SOFRER COM PREJUÍZOS ABSURDOS POR CAUSA DAS CHUVAS QUE TODO ANO TODO MUNDO SABE QUE ELAS VÊM. SE FOSSE FEITAS AS OBRAS CERTAS DURANTE O ANO INTEIRO, NA ÉPOCA DAS CHUVAS NÃO TERIA TANTO PROBLEMA DE DESTRUIÇÃO DE CASAS E LOJAS COM TUDO QUE TEM DENTRO. A POPULAÇÃO PODE AJUDAR MAS A PREFEITURA PRECISA FAZER SUA PARTE QUE SÃO AS OBRAS, BEM FEITAS E QUE RESOLVAM O PROBLEMA DAS FAMÍLIAS E DOS EMPRESÁRIOS QUE SÓ TEM PREJUÍZOS TODO ANO. FICO POR AQUI E FELICITO O DR. WILSON CAMPOS - ADVOGADO - POR MAIS ESTE TEXTO 100% DIGNO DE ELOGIOS E DE ORGULHO. ASS.: EMÍLIO L. PESSOA. - RM DE BH.
ResponderExcluirO comentário do ...ahmed... o que é isso? Pelamordedeus.
ResponderExcluirEu digo em portugues claro e gritado que gostei muito do texto e sou leitora de carteirinha do professor advogado dr. Wilson cAMPOS, que defende BH e MG com coração e coragem. Só posso dizer...PARABÉNS!!! Eva D.Silva estudante universitária, brasileira e mineira roxa.
Na minha região enfrentamos problemas de todo tipo. Faço parte de uma associação de moradores e sempre leio aqui para aprender e ensinar pra frente. Li muito aqui sobre as associações, os moradores, os estatutos, os editais, etc,etc, e tudo mais que pode interessar a uma comunidade de pessoas de familia e trabalhadora. Eu admiro o Dr. Wilson Campos porque ele ama BH e MG e o Brasil e diz tudo que queremos ouvir e diz com propriedade e com aval das pessoas de bem. Muito certo e muito bem vindo sempre com seus ensinamentos e lições de cidadania como ele mesmo gosta de falar..... cidadania. Se o brasileiros soubesse mesmo o que é cidadania saberia votar melhor, escolher melhot e evitar passar tanto perrengue. As enchentes são os perrengues mais duros de ver hoje em dia em Belô- quando as casas e os carros estão debaixo de água e barro e as pessoas chorando os prejuízos e os vereadores, o prefeito, o governador, etc, etc, ninguém fala nada, não faz nada e ainda some e faz papel de morto ou de mudo. Maurício Loureiro.
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