GESTÃO PÚBLICA REQUER AÇÕES VOLTADAS PARA A POPULAÇÃO

Uma cidade do porte de Belo Horizonte merece contar com um gestor público que empreenda ações voltadas inteiramente para a população, otimize serviços, garanta seu adequado funcionamento e saiba receber reivindicações, entregar soluções e ouvir as mais diversas opiniões sobre sua administração. A população quer o que é seu por direito.

O gestor público não pode prestigiar grupos específicos e muito menos ser parcial e adotar para si o interesse apenas de uma parcela da população. Um prefeito, por exemplo, não pode escolher este ou aquele para receber sua atenção, haja vista ser indispensável governar para todos os cidadãos, indistintamente, de forma que eles reconheçam nas decisões administrativas a seriedade do trabalho empreendido.

Gestão pública é coisa séria. Estar atento ao planejamento e à execução dos projetos nas áreas da saúde, da educação, do transporte, da segurança e do meio ambiente, entre outras, são obrigações inerentes ao cargo de gestor público, que não pode se afastar da organização, da liderança e do controle.

Em que pese o cuidado necessário com a pandemia da Covid-19, não é razoável nem aceitável que o gestor público use a caneta para fechar a cidade, inviabilizar os negócios, cercear as atividades, criar desempregos ou aplicar multas de R$100. Também não é dado ao gestor público decidir em favor de uns e em desfavor de outros, como ocorreu há alguns meses, com a autorização municipal de reabertura dos shoppings populares e uso de barreiras na entrada da cidade. Erros que foram corrigidos, mas que causaram estupefação e constrangimento.

Pior do que contabilizar as falhas da administração pública é ver a desobediência no transporte coletivo, com ônibus lotados, sem distanciamento, sem medidas sanitárias efetivas e sem medo das frágeis multas que o setor recebe. O gestor público endurece o discurso com a sociedade e a chama de “egoísta” se não usa a máscara corretamente, mas faz vista grossa à superlotação e à redução na frota de ônibus, com agravamento do risco de contágio e transmissão do novo coronavírus.

A população está cansada das discussões, das picuinhas e das indiretas dos gabinetes do ódio dos gestores municipal e estadual. Sem elas, com certeza muitos erros teriam sido evitados e as ações não seriam tão criticadas, mesmo porque os mineiros prezam a sua tradição de diálogo, entendimento e conciliação.

Mais do que antirrepublicanas, as medidas isoladas adotadas pelo prefeito e pelo governador provocam estranhamento e acabam custando caro aos cidadãos, que perdem a confiança nas autoridades governamentais e pagam a contragosto a conta salgada da desunião política atualmente cultivada. Os exemplos estão aí no tormento dos comerciantes, no desespero dos trabalhadores, na incredulidade dos prestadores de serviços e na insatisfação generalizada das famílias. Lamentavelmente, todos perdem com a falta de sintonia entre os gestores da capital e do Estado.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas tributária, trabalhista, cível e ambiental/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Delegado de Prerrogativas da OAB-MG). 

 

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 20 de agosto de 2020, pág. 17).

 

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