FALTAM CIVISMO E PATRIOTISMO
(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de
quarta-feira, 5 de julho de 2017, pág. 7).
Data venia
dos contrários, uma vez que dividimos uma democracia cidadã, chega um momento
na vida do país que o povo precisa demonstrar civismo e patriotismo, mas sem
nenhuma preocupação com xenofobia, porque não é esse o caso.
Também
não há que se deter o cidadão com o questionamento da perda de modernidade,
porque não se está a pedir a ninguém que se mantenha fechado no contexto único
do seu país quando lá fora o mundo globalizado não admite barreiras, e requer
mentes abertas, sem as amarras dos ideais, do civismo ou do patriotismo
exacerbados.
Não
se trata de estigmatizar o indivíduo como xenófobo ou ufanista, mas
simplesmente deixar que a cidadania tome conta do lugar que lhe pertence dentro
do corpo sadio da nação, de forma que o cidadão possa compreender a importância
do seu apreço pelas tradições e costumes do país, sem fechar as portas para o
conhecimento, para o novo, para o moderno, para outras culturas.
O
civismo que se busca é aquele de respeito aos valores, às instituições e aos
semelhantes. De nada serve a modernidade absoluta pregada por muitos, se não se
preservam os sentimentos de civilidade. O civismo não se restringe ao amor à
pátria, como forma única de vida, mas é um ato cívico muito relevante,
porquanto também esteja no seu bojo o respeito às leis e à sociedade.
O
patriotismo, por sua vez, é aquele de devoção à pátria, de orgulho pelo país e
de compreensão do que sejam direitos e deveres. O patriotismo, assim como o
civismo, não se restringe à sua definição nua e crua, mas avança no sentido da não
aceitação da opressão estatal, haja vista a premissa básica da liberdade. Assim,
o patriotismo implica na necessária solidariedade entre as pessoas, mormente na
busca da preservação dos princípios fundamentais e da constituição de um Estado
que prospere no trabalho em prol da coletividade.
Assim
sendo, a conclusão de que faltam civismo e patriotismo no Brasil se deve à
ausência de participação do povo nas questões políticas e sociais, que são de
interesse de todos, posto que o cidadão não é tão somente um pagador de
impostos, mas um membro da sociedade que precisa ocupar espaços e exigir
seriedade dos portadores de função pública.
O
civismo e o patriotismo são necessários porque a cidadania não pode ser
relegada a segundo plano e os cidadãos não podem ser meramente figurativos. O
brasileiro precisa participar mais da vida do país, protestar mais por direitos
e garantias, cobrar mais honestidade, seriedade e ética, discutir mais as
problemáticas do governo e fazer uma autocrítica das suas fragilidades.
O
civismo e o patriotismo requeridos não significam nacionalismo exacerbado ou
alienação, mas uma forma de engajamento do cidadão na defesa dos interesses
difusos e coletivos, que socorram a todos, com isonomia e igualdade.
O
brasileiro não suporta mais a pecha de tupiniquim e ser conhecido apenas pelo
futebol e samba. O brasileiro quer ser visto de outro jeito, melhor, e mostrar
a sua competência no futebol, no samba, na ciência, nas artes, no agronegócio, na
indústria, no comércio, na prestação de serviço, nas profissões liberais, na
tecnologia, na defesa do meio ambiente e no progresso com sustentabilidade.
O
civismo e o patriotismo são imprescindíveis porque essa competência mencionada
exige a prevalência desses valores universais. A mudança começa com o
conhecimento de cada um em benefício celebrado por todos. A desigualdade
social, por exemplo, requer a união de forças para que seja eliminada. A
corrupção, outro mal terrível, requer o combate severo da sociedade, sem
interrupção e sem piedade. Ou seja, o civismo e o patriotismo, na medida certa,
são capazes de unir o povo em torno de interesses comuns.
Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de
quarta-feira, 5 de julho de 2017, pág. 7).
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Sou de opinião que o brasileiro precisa amar mais o seu país e defender a sua pátria contra quem fale mal. Não interessa se temos coisas erradas. O mundo inteiro tem coisas erradas. Temos mais, é certo, mas consertar essa bagunça é função do povo brasileiro e não de outras nações. Vamos, portanto, vestir a camisa do nosso país e participar mais dos assuntos gerais - política, economia, direitos, garantias, deveres. Tudo isso conforme sempre diz o nosso dileto Dr. Wilson Campos nos seus esmerados artigos nesse blog. Vamos ser mais brasileiros. Jaconias H. G. Fillardis Jr.
ResponderExcluirPARABÉNS DR. WILSON POR MAIS ESSA PÉROLA DE ARTIGO, QUE MUITO NOS ENGRANDECE E VALORIZA COMO CIDADÃOS QUE SOMOS OU QUEREMOS SER. MUITO BOM, COMO SEMPRE O SEU TEXTO. JANAINA MENDES...
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