DESAFIO MUNICIPAL.







Minha personalíssima confissão de amor por Belo Horizonte é conhecida. Nunca permitirei que me tomem os elevados apreço e respeito que tenho por esta cidade. Jamais deixarei que arranquem de mim a paixão que nutro por este maravilhoso pedaço do Brasil.

No entanto, vez ou outra me insurjo contra os males causados a nossa metrópole. Estou indignado, severamente, com a quantidade de lixo nas ruas, com a escuridão das calçadas, com as pichações de muros, prédios, portas de lojas e equipamentos públicos e com o caos absoluto reinante nas vias urbanas.

Os belo-horizontinos são obrigados a conviver com o abandono e a desumanidade que têm tomado conta da cidade. São incontáveis os moradores de rua alojados sob os viadutos, sobrevivendo sem as condições mínimas de higiene. São muitos os mendigos espalhados pelas ruas, seja durante o dia ou à noite. Todos eles absortos, doentes, perdidos e entregues ao desespero de mal conseguirem se locomover ou falar uma frase completa, mas apenas com forças para esticar as mãos e olhar como que pedindo por socorro, pelo amor de Deus, que alguém lhes tire daquela situação indigna e nada cidadã.

Até nas regiões mais nobres da capital essas tristes cenas são presenciadas. Entretanto, os desafios sociais não são enfrentados pela administração municipal, que caminha em círculo, se mostra perdida e nada faz de concreto para a solução definitiva do problema. Sai prefeito e entra prefeito, e a cidade continua com suas mazelas, recorrentes, desumanas e cada vez mais gritantes aos ouvidos da sociedade.  

Pior do que ver a ruína urbana à luz do dia é não enxergar a cidade à noite, porquanto esteja se tornando rotina pessoas transitarem pelas calçadas com lanternas de celulares acesas, tamanha a escuridão e a absoluta falta de iluminação nos locais utilizados para deslocamento de crianças, idosos, pessoas com deficiência e outros cidadãos obstados em seu livre direito de ir e vir com segurança.  

As praças e os lotes vagos se confundem, semelhantes até na quantidade de mato, entulho e lixo por todo lado. As pichações de paredes, muros, portas de lojas e equipamentos públicos denotam a falta de educação de algumas pessoas, somada à falta de atuação e fiscalização da prefeitura. A outrora Cidade Jardim está desleixada e sem brilho. A sujeira está espalhada do centro aos bairros, numa declarada guerra de pouca ou nenhuma civilidade, de pouca ou nenhuma gestão municipal.    

Se a desculpa é falta de verba, basta enfrentar o desafio municipal começando pelo corte de despesas da Câmara de vereadores, que pouco produz; das secretarias e órgãos que servem de cabide de empregos; e das autarquias e empresas públicas e de economia mista que poucos serviços prestam, e que nem sequer a população sabe que existem.

A cidade paga caro por administrações públicas erráticas, sofríveis, trôpegas e sem o menor zelo com os cidadãos. 

Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quarta-feira, 22 de agosto de 2018, pág. 23).

 

Comentários

  1. João Pedro Vaz M. S.26 de agosto de 2018 às 12:27

    Falta de verba não é porque tem dinheiro para alugar avião particular e ir a Brasília quando poderiam usar os voos de carreira. Acho que é falta de vergonha e de administração tudo de errado que acontece em BH. O prefeito não trabalha e ainda está cercado de secretários ruins de serviço. Essa é a verdade nua e crua. Parabéns Dr. Wilson pelo artigo e por mostrar a realidade de BH, nossa cidade querida e tão maltratada. João Pedro.

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  2. Lidiane M. L. Albuquerque30 de agosto de 2018 às 16:46

    Concordo com tudo o que foi dito pelo dr. Wilson. Disse tudo que eu gostaria de dizer. A cidade está uma vergonha, lixo, sujeira, violência, barulho, caos total, porque o administrador e sua equipe de auxiliares não sabem o que é gestão municipal. Parabéns Dr,. Wilson, grande defensor de BH e dos cidadãos. Lidiana MLA.

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