O ACESSO E O HOME OFFICE NOS TRIBUNAIS E FÓRUNS.

 

O acesso aos tribunais e fóruns tem gerado diversas reclamações por parte de advogados, advogadas e jurisdicionados. O constrangimento começa na portaria dos prédios. Os protocolos sanitários, pertinentes e aceitáveis, somam-se ao excesso desnecessário de medidas administrativas.

O teste de paciência exigido dos profissionais da advocacia envolve detectores de metais, esteiras de raio-x e perguntas de guardas e servidores questionando o motivo, a urgência e se o operador do direito ligou antes para agendar a visita com o diretor da secretaria. Porém, nem todos que acessam os tribunais ficam sujeitos a tais situações inquisidoras e constrangedoras.  

Notam-se, lamentavelmente, tratamentos desiguais e procedimentos anti-isonômicos, com a obrigatoriedade sistemática para a advocacia, mas dispensando algumas categorias da sujeição aos mecanismos de detecção e lhes permitindo livre trânsito, sem a clareza de fundamentos para a conduta discriminatória com advogados e advogadas.

Independentemente da justificativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para o modo de operação de revista nos tribunais e fóruns, todos os membros de carreiras ligadas à administração da Justiça, notadamente membros do Ministério Público, da magistratura e da advocacia, deveriam ser submetidos a tratamento idêntico quanto ao controle de acesso, de forma que a exigência seja aplicada a todas as carreiras retrocitadas ou a nenhuma delas.

Os trabalhos em home office do pessoal dos tribunais e fóruns também têm causado especulações e provocado polêmicas, uma vez que as varas ficam desguarnecidas e o atendimento ao público resta prejudicado. As reclamações são generalizadas e requerem atos “interna corporis”.

A prática adotada de atividades remotas “ad aeternum” precisa ser repensada, muito em razão de que nem sempre trabalhar de casa significa maior produtividade. Ora, em muitas situações, a proximidade dos servidores facilita sanar dúvidas entre eles, gera maior confiança, fortalece o diálogo e as amizades e possibilita a solução de problemas em minutos, o que, às vezes, demoraria muito mais tempo pela internet.

Outro ponto preocupante são os recursos tecnológicos necessários aos cidadãos para a operacionalização do sistema da Justiça. A questão reside no fato de o processo judicial ter como pressuposto a igualdade entre as partes e a oralidade e a publicidade como princípios norteadores. Mas o cidadão comum tem os citados recursos tecnológicos?

As audiências virtuais, por exemplo, causam temor a muitas pessoas, que não se sentem à vontade e se inibem. Ademais, no modelo remoto, como a igualdade das partes será garantida num contexto em que uma delas não tem acesso tecnológico ou não conta com uma internet adequada naquele momento?

O Poder Judiciário precisa, antes de optar por atividades em home office, definitivamente, debater com a advocacia e com a sociedade os prós e os contras.  

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022, pág. 15). 

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Comentários

  1. Dr.Wilson o que eu já passei naquele fórum da Raja aqui em BH não é brincadeira. A burocracia para entrar e ter acesso ao processo físico é uma novela de capítulos dolorosos. E o atendimento é precário, com funcionários de mau humor porque uns estão na forma presencial e outros virtual. Com os que eu conversei preferem todo mundo presencial porque trabalhar em casa segundo eles e elas é difícil e aumenta os custos mensais da família e estressa muito mais o dia inteiro dentro de casa e a noite também e no outro dia também e a semana inteira e o mês... Difícil. Abr. Dr. Wilson. Parabéns pelo belo artigo muito útil para nós da advocacia. Laura Mendonça.

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  2. Antes na portaria do tribunal e fóruns eles mediam a temperatura na testa da pessoa, perguntavam várias coisas, mandavam colocar tudo na mesa e na esteira e passar no detector de metal. Os advogados e advogadas passavam por esse procedimento demorado e constrangedor. Mas os promotores de justiça e os serventuários não faziam nada disso. Passavam direto e sem nenhuma fiscalização. Como pode isso? Diferença absurda e acintosa de tratamento. Dr. Wilson o senhor está com toda razão, pois o TJMG precisa rever suas medidas e dar isonomia aos pares da administração da Justiça, incluindo a advocacia,com certeza. Excelente artigo para todos nós mestre Dr. Wilson Campos. Seu Blog é muito valioso e sempre elogiam o teor dos textos. Cordial abraço de Paschoal Vinícius.

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  3. Tudo que foi dito no artigo é verdade. Vejo isso todo dia no fórum. A advocacia merece respeito e tratamento isonômico às outras carreiras, sim. Parabéns Dr Wilson Campos. Estamos juntos na defesa das nossas prerrogativas. SDS. Milton Seixas.

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  4. Liliana M. R. S. Limoeiro9 de fevereiro de 2022 às 14:17

    Tudo que vem do TJMG é para deixar de fora a advocacia ainda mais nessa gestão desse presidente do TJMG que não gostava da OAB antes e parece que continua não gostando. Por que será???
    Explica aí presidente do TJMG. Nós somos iguais a voces na administração da Justiça no país. Está na lei. Está na Constituiçãio Federal. Deixem de picuinhas com a advocacia e vamos caminhar juntos para o bem da sociedade e dos cidadãos que pagam seus impostos e pagam seus salários de servidores do Estado. Parabéns dr. Wilson Cam,pos por mais um artigo brilhante. Salve!!! Liliana Limoeiro.

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  5. Dr. Wilson Campos, a coisa mais difícil que tem hoje no Judiciário é conviver com juízes que se acham deuses (só se forem deuses de barro). Não gosto de juiz nariz em pé. São os piores. Mas às vezes não sabem nem formular um voto e precisam da ajuda dos assessores. Tipo Toffoli, que não sabe nada de nada e só pensa em política. O certo seria todos serem tratados da mesma forma - advogados, promotores de justiça e juízes. Ninguém aqui é melhor do que ninguém. O Judiciário não sobrevive sem a advocacia para levar as ações e os processos para as barras dos tribunais. Sem advogado não tem justiça nem Judiciário. Então, bora lá trabalhar com seriedade e com igualdade??? Hein??? Dr. Wilson Campos eu li seu artigo de manhã em casa e depois ouvi no escritório ótimos comentários a respeito do seu texto e da sua forma de dizer tudo em poucas palavras em um artigo de primeira no jornal O Tempo. Parabéns meu nobre advogado, militante da advocacia valorizada , das prerrogativas dos advogados e das verdades sociais. Forte abraço. Divino J.S. Pereira.

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  6. Esses tribunais só pensam nos Juízes e não estão nem aí para os advogados ou para os cidadãos.
    Dr Wilson Campos eu compartilho da sua preocupação e a OAB deveria pegar pesado com esse pessoal.
    Abrs. Válber August.

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    Respostas
    1. existem profissões com a do ADVOGADO,ADVOGADAS E JUÍZES NA CHAMADA AUDIENCIA DE PAZ,TRABALHISTA,CÍVEL E DEMAIS QUE EXTRAPOLAM O VALOR JURÍDICO DOS HOME-OFFICE OU REMOTO,DEVERIAM SER PRESENCIAIS EM FACE DO EXAGERO DOS PROTOCOLOS SANITÁRIOS,DA COVID,DISTANCIAMENTO,ALCOOL,MASCARA NÃO ESTÁ SENDO PERMITIDO INTEGRALMENTE NOS TRIBUNAIS A PRESENÇA DOS NOBRES ADVOGADOS E JUÍZES.EXISTE TAMBÉM A INTERNET FALHA ,DE UM PRIMARISMO MUITO GRANDE EM ATENDER AS CONDIÇÕES TECNOLOGICAS DE SINAIS DE REDE AS VEZES MUITO FRACOS,PREJUDICANDO O ANDAMENTO DOS PROCESSOS EM AUDIENCIA.É PAPEL TAMBÉM DA OAB NORMATIZAR A CELERIDADE DA MECANICA DOS PROCESSOS,FACILITANDO O TRABALHO DOS DOUTOS ADVOGADOS QUE PRECISAM ATENDER A JUSTIÇA EM NOSSO PAÍS

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  7. Estes juízes saio muito folgados e querem ficar em casa de bermuda e fazendo de conta que trabalham, recebendo uma grana preta, enquanto nós que damos duro temos que sair cedo de casa e voltar a noite todo dia. Isso é justo? Bancar a moleza desses juízes folgados? Dr Wilson Campos eu sou contra a mordomia desses juízes preguiçosos. Sou contra. Até. Vantuil Seixas.

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