TJMG PRIORIZA O TRABALHO REMOTO. POR QUÊ?

 

Na página oficial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) tem uma publicação de 27/01/2022 que diz o seguinte:  

Em decorrência do aumento do número de casos de infecção pela covid-19, o TJMG ressalta a necessidade de suspender o trabalho presencial nas unidades judiciárias e administrativas, por precaução, a fim de se evitar a transmissão local do vírus e preservar a saúde dos jurisdicionados em geral.

Com o objetivo de reforçar as medidas para prevenção ao contágio pelo coronavírus, o TJMG editou a Portaria Conjunta nº 1.328/PR/2022, que estabelece regras de funcionamento do Judiciário nesse período.

Rodízio e atendimento virtual

  • As unidades administrativas e as secretarias judiciárias, inclusive serviços de distribuição e protocolo, de primeira e segunda instâncias, deverão funcionar remotamente, mantendo-se o quantitativo mínimo de usuários internos trabalhando presencialmente, em sistema de rodízio, no horário normal de funcionamento, para apoio à organização e coordenação dos trabalhos.
  • Os atendimentos presenciais às partes ou advogados serão realizados apenas em casos excepcionais, depois de prévio agendamento. As demandas deverão ser atendidas preferencialmente por meios telemáticos, como o Balcão Virtual, o e-mail, o telefone, o aplicativo WhatsApp e a videoconferência.

Audiências e sessões de julgamento

  • As audiências e as sessões de julgamento deverão ser realizadas preferencialmente por meio virtual, ficando autorizada, desde que devidamente fundamentada, a realização dos atos que envolvam réu preso ou processos de réus soltos com risco de excesso de prazo na formação da culpa ou de prescrição, ou de  outras medidas urgentes cuja realização por meio virtual não seja possível.
  • Na hipótese excepcional de realização de audiências e sessões de julgamento presenciais, somente terão acesso ao local as pessoas indispensáveis à realização do ato, observados todos os cuidados recomendados.

O TJMG continuará publicando portaria com a atualização da listagem com a classificação das comarcas, de acordo com os parâmetros do Plano ‘Minas Consciente - Retomando a economia do jeito certo’, do Governo do Estado de Minas Gerais, conforme atualização do referido Plano”.

Como visto, o TJMG utiliza de todos os meios administrativos para permanecer com seus trabalhos em home office. Mas no caso de atendimento presencial, quando o tribunal assim o permitir, este somente será possível com agendamento prévio.

A forma adotada pelos tribunais está na contramão dos anseios da população, que precisa das instituições funcionando regularmente, com pessoas atendendo pessoas. Serviços remotos de maneira contínua é um desserviço, porquanto os cidadãos mineiros e brasileiros estão acostumados aos atendimentos diretos, sem interferências de internet, que nem sempre é possível para todos os bolsos. Existem cidadãos que têm internet e acesso virtual com boa resolução, mas a maioria dos cidadãos comuns não possuem estes serviços com a qualidade mínima necessária. Eis aí um grande problema para ser contornado.      

Data venia, a ponderação que se faz é também no sentido de que não há como fugir da comparação no âmbito da cidade e da sociedade. Ora, os ônibus circulam lotados, todos os dias da semana. Os metrôs, idem. Os supermercados têm longas filas nos caixas e centenas de pessoas no interior dos estabelecimentos. Os bares, restaurantes e lojas, da mesma forma, estão trabalhando e atendendo seus clientes normalmente, seja de dia ou de noite. Os bancos formam filas enormes nas partes internas e externas das agências. As escolas, colégios e faculdades retomaram as aulas presenciais e milhares de crianças, adolescentes e adultos estão de volta aos bancos escolares. Os estádios de futebol de BH têm jogos com a presença de 30 mil a 35 mil torcedores.

Assim, pergunta-se: 1) Onde está a diferença entre os tribunais e os setores acima mencionados? 2) Se todos adotam as precauções e os protocolos sanitários recomendados, por que não voltarem todos aos serviços presenciais? 3) A mesma exigência ou permissão que vale para os segmentos citados não vale para os tribunais? 4) Qual a diferença tão especial que distingue e privilegia os tribunais em detrimento dos demais serviços da cidade? 5) Não seria a hora de todos serem iguais perante a lei?

Reflitamos, pois!

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

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Comentários

  1. Eu tive uma audiência virtual, telepresencial, e meu cliente tinha 3 testemunhas. Na hora da audiência o sistema do TJMG deu pau e todos ficamos sem saber o que estava acontecendo. Desculpas e mais desculpas e adiaram a audiência para 2 meses depois. Novamente os problemas de internet e de organização no PJe. Ou seja, o serviço remoto serve em alguns casos mas em outros nem pensar. E tem o fato de que o atendimento nas secretaria é indispensável porque ainda tem muitos processo físicos. O TJMG precisa pensar nisso ou vai só prejudicar ainda mais os advogados, como sempre, porque os juízes estão ganhando bem e dentro de casa, assim como muitos serventuários da Justiça. Isso não é justo conosco advogados, não mesmo Dr. Wilson. Parabéns pela abordagem e concordo totalmente co o mestre. Abr. Gabriel D.S. Silva,.

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  2. Maria de Lourdes F. Souza8 de fevereiro de 2022 às 16:34

    Quem não tem advogado sofre dobrado. Se a causa é pequena e se não precisa de advogado você está abandonada. Isso foi assim comigo que fiquei dois anos sem saber o que estava acontecendo no meu processo. Só depois que contratei um advogado é que fui saber que o processo estava arquivado e precisou desarquivar. Nem todo mundo tem internet boa para essas coisas e precisa saber como fazer porque o caminho é difícil e complicado nos sítios do tribunal. Jesus me ajuda. Parabéns doutor Wilson. Maria de Lourdes F. S.

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  3. Eu separei essa parte porque gostei muito e gostaria que o TJMG falasse porque é melhor que todo mundo... "os ônibus circulam lotados, todos os dias da semana. Os metrôs, idem. Os supermercados têm longas filas nos caixas e centenas de pessoas no interior dos estabelecimentos. Os bares, restaurantes e lojas, da mesma forma, estão trabalhando e atendendo seus clientes normalmente, seja de dia ou de noite. Os bancos formam filas enormes nas partes internas e externas das agências. As escolas, colégios e faculdades retomaram as aulas presenciais e milhares de crianças, adolescentes e adultos estão de volta aos bancos escolares. Os estádios de futebol de BH têm jogos com a presença de 30 mil a 35 mil torcedores.". ...Valeu Dr. Wilson Campos. A advocacia mineira agradece. Parabéns!!! Sds. Lucas Daniel.

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  4. Dr. Wilson, eu, na condição de advogado e professor universitário, gostaria de saber onde que o TJMG é melhor que os outros setores sa sociedade, que trabalham presencialmente e lutam para sobreviver e eles, bacanas do serviço público, não podem trabalhar de forma presencial. O povo está todo se movimentando para sobreviver o dia inteiro e o pessoal do TJ tem de ficar em casa, home office, sem atender a população como deveria fazer diariamente. Que absurdo!!! Cadê o CNJ? Cadê o STF que se mete em tudo? Abraço dr. Wilson e parabéns pelo artigo providencial e oportuno . Silvano Noriega. MG/SP/BR

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  5. Esses tribunais são uma vergonha e não escapa um. Acham que são melhores que nós outros. Não são não. Dr Wilson Campos parabéns mas acho que a OAB precisa partir pra cima. Cadê opinião pública??? Vicente de Paula.

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