OS ENCANTOS E OS DESENCANTOS DA ANIVERSARIANTE.

 

As belezas são muitas, confundidas entre si, valorizando o sol e a lua, nas montanhas ou na planície, seja mirando a beleza frontal da serra do Curral ou contemplando o calmo e terno horizonte da Pampulha. A aniversariante do mês acabou de completar 125 anos, tem encantos e desencantos, e sabe que terá sempre nosso intenso amor enquanto nos dure a vida. Claro, estamos falando de BH.

Mas é preciso conhecer melhor essa metrópole de 2,5 milhões de habitantes, que detém grande influência nacional nas áreas política, econômica e cultural. Lugar onde a tradição, a modernização, a boemia e a sofisticação são valores que se misturam e se completam, tornando a cidade uma das mais prazerosas para se viver. Os encantos são muitos e transcendem as notórias arquitetura, culinária e vida noturna.  

Independentemente das mudanças ocorridas ao longo do tempo, de não mais ser a Cidade Jardim de outrora e de ter sérios problemas na área de infraestrutura, com insegurança jurídica provocada pelo excesso de controle e interferência política em obras estratégicas, ainda assim BH inspira confiança aos cidadãos, que convivem com prazer na nomeada “capital mundial dos botecos”, cujo título tem amparo na Lei Municipal 9.714/2009.   

Porém, desencantos existem, e são muitos, incluindo as mais de 10 mil pessoas em situação de rua; a pobreza nas áreas mais desvalidas e desassistidas; a violência em razão das drogas e da criminalidade impune; a mobilidade urbana precária e não satisfatória nos modais de transporte; as obras inacabadas e algumas abandonadas; e as enchentes e inundações na época de chuvas, causando perdas irreparáveis e grandes prejuízos aos moradores e comerciantes.

E os desencantos também residem no descuido de parques e praças; nas frágeis medidas de proteção do meio ambiente; na eterna novela de despoluição da lagoa da Pampulha; na insuficiente capacidade de proteger a serra do Curral da exploração das mineradoras; e na ausência de melhorias efetivas nas áreas da saúde e da educação.  

A prefeitura e a Câmara Municipal precisam se dedicar mais na gestão e na administração da cidade. Estão deixando muito a desejar. A falta de vontade política é maior do que a falta de verbas. O Executivo e o Legislativo municipais vivem às turras, sem harmonia, sem equilíbrio e sem respeito aos belo-horizontinos.

Os cidadãos pagam impostos, taxas e contribuições de melhorias, e ainda têm de preencher as lacunas deixadas pelos seus representantes eleitos. Ora, faz-se necessário e indispensável que as autoridades cumpram com suas obrigações legais, cometam o mínimo de erro e façam o máximo de grandes realizações para a cidade.

Em tempo, deixando de lado por alguns instantes os desencantos, vale enaltecer, além da serra do Curral e da Pampulha, os encantos singulares do Mercado Central, da praça do Papa, do mirante das Mangabeiras, da praça da Liberdade, da Savassi e do Mineirão, entre outros espaços que misturam o moderno ao provinciano. Portanto, parabéns, aniversariante!

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

(Este artigo mereceu publicação do jornal O TEMPO, edição de quinta-feira, 22 de dezembro de 2022, pág. 21). 

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