A LIVE DE FIM DE ANO DO PATETA E DA CLARABELA.

 

Personagem de animação da Disney, Pateta resolveu fazer um programa curto de televisão, uma espécie de live semanal, que ele mesmo passou a chamar de “Conversa com o Pateta”.  

Como as transmissões contam com audiência muito pequena, posto que o Pateta não sabe conquistar a simpatia das pessoas, a live vai cada vez mais para a grade das piores do mundo. Mas Pateta decidiu inovar e na última live semanal do ano, convidou Clarabela para participar.

Pateta e Clarabela começaram a live fazendo um balanço do que realizaram no ano. Falaram da reforma da casa, dos móveis novos comprados a peso de ouro, das viagens internacionais luxuosas e caríssimas pagas com dinheiro dos “patrocinadores”, e enalteceram as festas farturosas para comensais da sua especial e seleta turma.

Esgotada a pauta dos gastos e despesas pessoais, Pateta e Clarabela, um sempre interrompendo o outro, atropelando assuntos e exagerando nas hipérboles, de repente, não mais que de repente, partiram para agressões contra uma pessoa de nome JB, por quem nutrem muito “amor”. Afinal, Pateta e Clarabela fazem parte do grupinho do “amor” e, ao contrário do que dizem por aí, não semeiam ódio. Aham, sei!

Durante a última live do ano, a dupla das gafes e das galhofas teve a insensatez de desmerecer tudo que JB fez e, lado outro, passou a elogiar tudo que eles pensam que fizeram de bom, quando, na realidade, só conseguiram enganar e tergiversar. O ibope caiu, a live quase foi tirada do ar, o clima tenso embaçou o espelho e Clarabela reclamou do cabelo, da roupa e da falta de elegância. Ora, ela queria o quê? Ser igualzinha à mulher de JB?

Revoltados com os comentários na internet, que não lhes poupam de críticas ácidas, Pateta e Clarabela deixaram de lado o “amor” e optaram pelo ódio, e xingaram JB, e ameaçaram censurar e regular ainda mais as redes sociais. Ou a internet idolatra Pateta e Clarabela e esquece de JB e sua linda mulher ou a punição vai rolar solta contra as plataformas, além da desmonetização dos canais.

A live semanal, a última do ano, em vez de transmitir paz, amor, solidariedade e confraternização, descambou para o lado ruim, do ódio, da vingança. Mas Pateta e Clarabela, que falam tanto de “amor”, num passe de mágica passam da água para o vinho e deitam falação contra JB, contra os ricos, contra o agro, contra as pesquisas, contra os juros, contra a inflação, contra os preços altos, contra a internet, contra as redes sociais, contra tudo e contra todos que não lhes fazem o teatral e burlesco “beija-mão”.  

Uma telespectadora que diz que fez o “P” liga para o estúdio da live e pede para falar com Pateta e Clarabela. Eles não atendem. O apresentador do programa, percebendo que a audiência estava quase zero, coloca a senhora para falar ao vivo. E ela se manifesta e reclama o seguinte:

- Pateta, você prometeu numa live que o pobre ia comer picanha, mas essa carne está com o preço pela hora da morte;

- Pateta, você disse que os preços iam baixar, mas uma geladeira que, na época do JB custava R$ 2 mil, hoje está custando R$ 5 mil;  

- Pateta e Clarabela, vocês disseram que o país seria de “amor”, mas por onde ando só vejo ódio, tudo muito caro e gente reclamando;

- Pateta, numa live semanal ambiental você afirmou que não existiria mais desmatamento nem queimadas na Amazônia, mas este ano esse desastre está recordista e nem os artistas, seus amigos do peito, aparecem para explicar esse fenômeno do “amor” à natureza, que aumenta incêndio e desmata muito mais;

- Pateta, você não está cumprindo nenhuma promessa que fez. Você está deixando que a conta de luz aumente mais do que eu posso pagar. Eu sou do “amor” e fiz o “P”, mas você não está me ajudando em nada;

- Pateta, o preço hoje do pacote de 5k de arroz está R$ 40, e no tempo do JB era R$ 19, e olha que o valor médio da cesta básica está aumentando bastante, com choro ou sem choro;

- Pateta, estão dizendo por aí que as estatais estão lotadas de cabides de emprego, só gente do seu grupinho, e os prejuízos nessas empresas já chegam a R$ 5 bilhões;

- Pateta, tudo está muito ruim – a vida do pobre, o custo de vida, a criminalidade, a roubalheira de celulares para tomar uma cervejinha, os assaltos em plena luz do dia, as invasões de terras, as invasões de grandes supermercados, o preço da cesta de Natal, o preço da geladeira. Tudo está pior do que antes e só você não vê;

- Pateta, você prometeu que as passagens aéreas seriam bem baratinhas e o pobre poderia viajar de avião pra cima e pra baixo, mas os preços estão lá nas alturas, e nem a classe média está querendo voar;

- Pateta e Clarabela, só vejo vocês passeando para o exterior e se hospedando em hotéis de alto luxo e fretando limusines, enquanto nós estamos aqui, andando de buzão lotado num calorão danado;

- Pateta, é por isso que sua live semanal não tem audiência, e esta última está pior ainda, e a Clarabela não ajuda, não adianta, e por isso eu paro por aqui, não assisto mais sua live e não acredito mais em você. Pra mim já deu. Fui!

O apresentador, assustado e todo sem graça, desliga os equipamentos da Disney e encerra rapidinho a última live do ano do “Conversa com o Pateta”.

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021). 

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