BH - 126 ANOS.

A capital dos mineiros completa 126 anos. Em 12 de dezembro de 1897, nascia Belo Horizonte, projetada pelo arquiteto Aarão Reis e inspirada em grandes cidades do mundo, como Paris, Barcelona e Nova York. A capital mineira, emoldurada pela Serra do Curral, cresceu e se modernizou, mas sem perder a relevância cultural e social.

Hoje, ao celebrar seus 126 anos bem vividos, os desafios continuam a crescer juntos com a cidade, e o futuro precisa ser pensado desde já. A capital de Minas Gerais, carinhosamente chamada de BH, apesar de todos os problemas de uma grande metrópole, ao meu sentir é a cidade mais bonita e amada do país, sem falsa modéstia, pois, afinal, sou mineiro de alma e coração.

As belezas são muitas, confundidas entre si, valorizando o sol e a lua, nas montanhas ou na planície, seja mirando o que ainda há de belo na Serra do Curral ou contemplando os horizontes calmos e ternos da orla da Lagoa da Pampulha.

Mas é preciso conhecer melhor BH, uma metrópole de 2,7 milhões de habitantes, com grande influência nacional nas áreas cultural, política e econômica. Lugar onde a tradição, a modernização, a boemia e a sofisticação são valores que se misturam e se completam, tornando a cidade uma das mais prazerosas para se viver.

Independentemente dos dados positivos da ONU, a capital mineira é, de fato, uma cidade com boa qualidade de vida e está entre as melhores do país e da América Latina. As mudanças ocorridas ao longo do tempo, as mazelas do dia a dia, o trânsito caótico e cheio de gargalos insuportáveis; a tristeza em razão do grande número de moradores de rua, as enchentes em época de fortes chuvas e a crescente violência urbana são questões a serem estudadas e sanadas, urgentemente, mas BH continua sendo o ponto de referência dos mineiros.

Não decifra BH quem não transitou pela periferia, pelo centro, pelos bairros mais tradicionais ou pelos bairros mais nobres. Não decifra BH quem não percorreu do bairro Santa Tereza ao bairro Planalto, do bairro Santa Efigênia ao bairro Lourdes, do bairro Santa Amélia ao bairro Buritis, do bairro Sagrada Família ao bairro Santo Agostinho ou do Barreiro a Venda Nova. Não decifra BH quem não visitou o Mineirão, o Mercado Central, a Praça Sete, a Praça do Papa, a Praça da Liberdade ou a Savassi. Não decifra BH quem não se movimentou pelas avenidas Afonso Pena, Amazonas, Álvares Cabral, Andradas, Brasil, Contorno, Bandeirantes, Cristiano Machado, Catalão, Otacílio Negrão de Lima, Antônio Carlos ou Pedro I. Não decifra BH quem não foi de norte a sul e de leste a oeste da cidade. E não decifra BH quem não entendeu o seu ar provinciano misturado ao moderno.

Entre os cenários novos e antigos da capital há opções de sobra para admirar espaços urbanos maravilhosos: a Praça da Liberdade, da década de 1920 e constantemente renovada; a Avenida Afonso Pena dos tempos dos bondes ou do trânsito frenético e dos projetos de mudanças; os bares que fizeram história na área central, os que ainda fazem e os recém-abertos; o carnaval de rua, que outrora encantava as várias idades e hoje reúne multidões de jovens pelas ruas e avenidas; os prédios simbólicos e os que sumiram e deram lugar à modernidade; o bucolismo de antes e de agora do Mercado Central, sempre lotado e convidativo; e o constante vaivém na Praça Sete. Afinal, lugares para celebrar neste Belo Horizonte não faltam.  

Por certo que problemas existem e são muitos, incluindo as mais de 10 mil pessoas em condição de rua; a pobreza nas áreas mais desvalidas e desassistidas; a violência em razão das drogas e da criminalidade impune; a mobilidade urbana deficiente e não satisfatória em todos os sentidos modais; as obras inacabadas; o trânsito congestionado de manhã, de tarde e de noite; as enchentes e inundações na época de fortes chuvas, causando perdas irreparáveis e grandes prejuízos aos moradores e comerciantes; o descuido com parques e praças, denotando incompetência do poder público; a desatenção com o meio ambiente, restando frágeis as medidas de proteção às áreas verdes; a eterna novela de despoluição da Lagoa da Pampulha; a insuficiente capacidade de proteger a Serra do Curral da exploração insana das mineradoras; entre outros problemas nas áreas da saúde, da educação, do transporte e da segurança.  

A prefeitura e a Câmara Municipal deixam muito a desejar, uma vez que se dedicam mais às brigas políticas do que propriamente à administração da cidade. A falta de vontade política é maior do que a falta de verbas. A incompetência, o amadorismo, a demagogia, as briguinhas e as picuinhas são as pedras de toque do prefeito e dos vereadores, que vivem às turras. O Executivo e o Legislativo municipais vivem se agredindo por meio da mídia e das reuniões setoriais, sem urbanidade, sem harmonia, sem equilíbrio e sem respeito aos belo-horizontinos.

A meu ver, são os cidadãos de bem que cuidam e protegem a cidade, cada um à sua maneira, mas sempre de forma extremamente fraternal. As pessoas (crianças, jovens e adultos) não se cansam de enaltecer a cidade e prestigiam suas datas comemorativas, seus pontos turísticos, seu carnaval de rua, seus ícones de visitação, assim como reivindicam melhorias aliadas ao desenvolvimento com sustentabilidade. Ou seja, o amor a BH passa de geração a geração, de pai para filho, sempre dispostos a uma boa luta na sua defesa e na proteção dos seus sublimes e eternos belos horizontes.

Ainda que a data seja de júbilo para BH, na comemoração dos seus 126 anos, os transtornos e as dificuldades também precisam ser citados, como o foram logo acima, no intuito de que as autoridades cumpram com suas obrigações legais, cometam o mínimo de erro e façam o máximo de grandes realizações para a cidade. Todavia, pelo sim, pelo não, nada vai demolir o belo-horizontino do seu sonho de ter uma cidade cada vez melhor para viver e cuidar da sua família.

Portanto, parabéns BH, pelo seu aniversário e pelos seus 126 anos bem vividos!

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

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