DEMANDAS JUDICIAIS INUSITADAS
Sem
a necessária, mas dispensável, in casu,
informação do número dos autos e do trâmite processual, transcrevem-se, a
seguir, algumas demandas judiciais por demais inusitadas, quiçá engraçadas,
pitorescas, bizarras ou até mesmo inocentes se analisadas sob o ponto de vista severo
que sempre requer o Poder Judiciário. Mas, com a devida venia das partes, dos procuradores e dos magistrados, eis
algumas demandas que chamam a atenção, pelas peculiaridades e excentricidades:
BRASILEIRO ROUBOU E PROCESSOU A
VÍTIMA
Em
2008, Wanderson Rodrigues de Freitas, de 22 anos, invadiu uma padaria em Belo
Horizonte. Portando um pedaço de madeira para simular uma arma embaixo da
camiseta, rendeu a funcionária do caixa, pegou os R$ 45 que encontrou e estava
de saída quando o dono do estabelecimento apareceu na porta. Era o décimo
assalto em 7 anos de existência da padaria - o mais recente tinha acontecido
apenas 4 dias antes. O comerciante se irritou e partiu para cima de Freitas. Os
dois rolaram pela escada que dá acesso ao estabelecimento. Na rua, o ladrão
apanhou de outras pessoas que passavam, até a polícia ser chamada e prendê-lo
em flagrante. Ele foi preso e, de dentro da cadeia, entrou com um processo por
danos morais contra o dono da padaria. "Os envolvidos estouraram o nariz
do meu cliente", diz José Luiz Oliva Silveira Campos, advogado do ladrão.
"Em vez de bater, o dono da padaria poderia ter imobilizado Wanderson. Ele
assaltou, mas não precisava apanhar." A ação não foi aceita pelo juiz,
Jayme Silvestre Corrêa Camargo. "A pretensão do indivíduo, criminoso
confesso, apresenta-se como um indubitável deboche", ele afirmou em sua
decisão. Wanderson, segundo consta, está
preso e aguardando o julgamento.
ROMENO PROCESSOU DEUS
Condenado
a 20 anos de prisão por assassinato, Mircea Pavel, de 41 anos, processou Deus.
A alegação: quando ele foi batizado, Deus prometeu protegê-lo do Diabo. Como o
seu crime foi obra do demônio, Deus não cumpriu sua parte no contrato. Em 2011,
a corte decidiu que o processo estava fora de sua jurisdição.
AMERICANO PROCESSOU A SI MESMO
Em
1995, o americano Robert Brock resolveu processar a si mesmo e pedir uma
indenização de US$ 5 milhões, alegando que violou suas crenças religiosas
quando cometeu os crimes que o levaram à prisão (agredir pessoas num bar e
dirigir embriagado). Como estava preso, Robert esperava que o Estado tivesse
que pagar a indenização a ele. Juristas alegam que é possível dever para si mesmo. Se você deve para seu pai e ele morre, você passa a
ser credor de você mesmo. Mas a dívida é automaticamente anulada. No entanto, não se pode
processar a si mesmo. A Justiça americana, por óbvio, não aceitou o processo.
BATMAN PROCESSA BATMAN
Em
2008, o prefeito da cidade de Batman, na Turquia, entrou com um processo contra
a Warner Bros e o diretor Christopher Nolan pelo uso do nome Batman no filme
Cavaleiro das Trevas. A cidade de 300 mil habitantes ganhou esse nome em 1957,
e hoje é a sede do maior ponto de exploração de petróleo do país. Em seu
processo, o prefeito Nejdet Atalay alegou que o filme se apropriava
indevidamente do nome da cidade - apesar de o personagem ter surgido antes, em
1939.
Até o momento não se tem notícia de decisão terminativa da lide.
BEBEU,
BATEU O CARRO E PROCESSOU O CHEFE
A
canadense Linda Hunt, 52, foi embora bêbada de uma festa de sua empresa. Bateu
o carro e processou o patrão porque permitiu que ela saísse dirigindo naquele
estado. Ganhou US$ 300 mil. No Brasil, no mínimo, o processo só seria aceito se
o chefe tivesse coagido a funcionária a beber, ou tivesse cedido seu próprio
carro ou da empresa para ela. Ora, transferir a responsabilidade é coisa que
não se faz!
SERVIÇOS DE UMBANDA GERA
INDENIZAÇÃO TRABALHISTA
Um
prestador de serviços do Amapá ganhou na Justiça o direito a ser indenizado em
R$ 5 mil. É que ele realizava "serviços de umbanda" para uma rede de
frigoríficos, mas tomou um calote. A proprietária da empresa alegou que o
trabalho não surtiu efeito, e por isso não foi pago. Para a Vara do Trabalho de
Macapá, a limpeza espiritual dos ambientes foi feita com regularidade e merecia
o pagamento combinado.
PROCESSOU O GOOGLE MAPS
Em
2009, a americana Lauren Rosenberg buscou no Google Maps o melhor caminho para
fazer a pé. Foi atropelada e agora processa a empresa em US$ 100 mil, pois o
site não informou que a rua não tinha calçada. O Google diz que a informação
estava disponível - mas Lauren alega que, no "Blackberry" dela, ficou
ilegível. No Brasil já existem processos movidos por motoristas que alegam que
foram direcionados pelo GPS a entrarem em favelas, colocando suas vidas em
risco.
CAFÉ QUENTE RENDEU R$2,8 MILHÕES
Esse
caso é tão clássico que deu origem ao Prêmio Stella - que celebra as decisões
judiciais mais bizarras do ano. Em 1992, Stella Liebeck, de 79 anos, processou
o McDonald's porque se queimou ao abrir um copinho de McCafé. Ganhou US$ 2,8
milhões, pois seus advogados provaram que a lanchonete servia o café pelando, a
70° C - temperatura considerada alta demais para o consumo do produto. Se fosse
no Brasil, com certeza o processo estaria tramitando até hoje ou se tivesse ocorrido
uma condenação tal qual a proferida, os honorários de sucumbência seriam
ínfimos, apesar do valor milionário do êxito da ação.
CONCLUSÃO
Apresentados
os casos ou as demandas, como queiram, resta preservar a necessária seriedade
do Judiciário, porquanto as ações judiciais devem primar pelo direito e pelas
provas, sem ocuparem o tempo dos operadores do direito e da magistratura, desnecessariamente,
embora alguns processos acima relatados, inusitados, renderam sucessos para os
demandantes. Portanto, nunca se sabe até que ponto um caso engraçado pode ser provido e surtir o beneplácito da tão ALMEJADA
JUSTIÇA!
Fontes:
as mais inusitadas e possíveis.
Wilson
Campos (Advogado).
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