SE MICHEL TEMER CAIR...



  
        Entenda qual será o futuro do Brasil, nos termos da Constituição Federal, caso o presidente Michel Temer renuncie ao cargo ou sofra impeachment.


Nos termos da Constituição da República, caso o presidente da República Michel Temer renuncie ao cargo ou sofra impeachment, a eleição indireta jogará o futuro da nação no colo do Congresso Nacional.

O escândalo causado pela revelação do envolvimento de Temer na compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha, propicia uma das maiores crises no governo e dá força ao coro que pede sua renúncia ou seu impeachment. Mas, se Michel Temer cair, quem entra no lugar dele no cargo de presidente da República Federativa do Brasil?

Segundo a Constituição Federal, com a eventual queda do presidente Temer novas eleições deverão ser realizadas. Até lá, quem assumirá o cargo interinamente será o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Será mesmo? Veremos isso mais à frente.

Nos termos do artigo 81, da Constituição, como faltam menos de dois anos para o fim do mandato de Michel Temer – que se encerraria em dezembro de 2018 –, as eleições seriam indiretas.

Nesse sentido, vejamos:

Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. Parágrafo único - O Vice-Presidente da República, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele convocado para missões especiais.

Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga. § 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. § 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores.

Como visto, as eleições, se realizadas até 30 dias após a saída de Temer, seriam feitas pelos 513 deputados e pelos 81 senadores do Congresso Nacional, assim como aconteceu na época da ditadura militar.

Nessas eleições seriam escolhidos os futuros presidente e vice-presidente da República Federativa do Brasil. Entre os candidatos, poderiam estar quaisquer brasileiros com mais de 35 anos, filiados a partidos políticos, que não estejam enquadrados em qualquer uma das restrições da Lei da Ficha Limpa.

Entretanto, há ainda a alternativa em que a Presidência da República restaria nas mãos da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha. Contudo, isso aconteceria caso Rodrigo Maia, primeiro na linha sucessória presidencial, e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PDMB-CE), segundo na mesma linha, fossem impedidos de assumir o cargo. Note-se que ambos são investigados pela Suprema Corte que Cármen Lúcia preside, a mesma que, em dezembro, definiu que réus em ação penal não podem ocupar o Planalto. No entanto, os dois ainda não são réus, mas apenas investigados. Ou seja, se virarem réus, é ela (Cármen Lúcia) quem assume.

Para que as eleições presidenciais ocorram de maneira direta (Eleições Diretas!), a partir do voto do povo, será preciso aprovar, em velocidade máxima, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabeleça um pleito popular em caso de vacância presidencial, algo que não é previsto na Constituição vigente. Tal PEC, inclusive, já foi sugerida anteriormente e está tramitando no Congresso.

Em suma, para os defensores das chamadas "Diretas Já!", se o presidente Temer cair, a única opção será uma forte manifestação popular para acelerar a tramitação da tal PEC no Congresso. Até lá, o grito de "Fora Temer" isolado representa a realização de eleições indiretas, assim como ocorreu na época do governo militar. Ou seja, diferentemente da eleição direta, a indireta não possui a população como eleitorado, ou trocando em miúdos, o povo não tem direito ao voto. Em uma assembleia fechada, os deputados e os senadores são as pessoas que votam no próximo presidente. Quando a eleição indireta acontece, quem assume a vaga permanece nela apenas o período que completa a do seu antecessor. A eleição deve ser convocada pelo Congresso Nacional em até 48 horas da abertura das vagas.

Dito tudo isso, a expectativa que fica é a de que o povo brasileiro tenha melhor sorte na escolha do próximo presidente da República, para que a normalidade reverbere, a democracia prospere, a legalidade assevere e a Constituição da República impere. 

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Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG). 




Comentários

  1. Se cair, caiu, porque o mau governo se pune com demissão sumária. Saia e que venha um melhor e que respeite o povo, o país, a administração pública, o interesse público, a coisa pública. Moralização é do que precisamos, imediatamente. Congratulações Dr. Wilson pelo artigo. Salomão J.K;N.

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  2. Ótimos esclarecimentos. Precisamos também de bons candidatos porque esses que foram postos estão todos no mesmo balaio.
    Tive informação se Temer renunciar quem vai assumir é a Carmem Lúcia. Como política é como as nuvens vamos aguardar
    Abraço fraterno, caro amigo.
    Eulália Alvarenga

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  3. Dr. Wilson,
    Parabéns pelas explicações. Você conseguiu reunir a capacidade do advogado com a objetividade do engenheiro.
    Grande abraço.
    Arthur Lopes

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  4. Obrigado pela informação, Dr. Wilson.
    Gilson Cheble.

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  5. Tenho conhecimento desta via sacra...

    Faz PEC acelerada para resolver uma questão pontual, para mim, é um casuísmo.

    Se a moda pega, todo dia teremos uma PEC para alterar um desconforto pontual.

    Se for para fazer PEC, que se faça um plebiscito para a mudança do regime de governo de Presidencialista para Parlamentarista (unicameral ou bicameral: tenho dúvidas a respeito, ainda. Tem prós e contras).

    O Michel Temer não tem a menor legitimidade para governar e isto falo desde quando a Dilma caiu. Quem andou com Sarney, FHC, Lula e Dilma, está longe de ter idoneidade política.

    As propostas colocadas pelo governo federal estão tramitando de forma truculenta, pouco transparente de regada a mentiras.

    Você sabe me dizer quanto se arrecada na seguridade social? Quanto se arrecada apenas na previdência social? Quantos estão sob o guarda-chuva da Previdência e nunca contribuíram ou contribuíram com um percentual muito aquém do que seria necessário para pagar as suas aposentadorias? (Trabalhador rural, idoso com mais de 65 anos, Loas? Nem precisa ressaltar que deveriam estar sob a bandeira da assistência social e não da previdência social).

    Temos um governo sem credibilidade, legitimidade, popularidade e que tem comprado apoios. Os presidentes da Câmara e do Senado carecem das mesmas qualidades.

    Enfim, para mim, o melhor dos mundos seria a Carmen Lúcia assumir interinamente e convocar eleições diretas, gerais para outubro ou novembro deste ano.

    Nada será pior que manter o Temer incólume, impune, no mais alto cargo da nação, sendo investigado pelo supremo, sendo flagrado interferindo nas investigações da lava jato e usando tornozeleira.

    O país não se equilibrará. Ninguém irá investir. A violência vai descambar com a ascensão do crime organizado, assim como acontece no Rio (lá eles consertam o vazamento da torneira colocando uma lata em baixo). ÓTIMO ARTIGO. PARABÉNS!
    Paulo Gomide...

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  6. Ótimas explicações. Então, cumpram a Constituição e ponto final. Vamos em frente, que o povo precisa trabalhar, criar família, andar pra frente, estudar, se educar, progredir, se divertir, e acima de tudo viver em harmonia, para que o desenvolvimento seja uma realidade e não um sonho que nunca se concretiza. Gostei muito das explicações do doutor Wilson Campos e torço pelo Brasil, sempre.
    Manoela M. V. G.

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  7. Bom dia,Dr Wilson!! Muito esclarecedor. Parabéns. .
    Magali F. T.

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  8. Com eleições diretas ou indiretas, ou o que prever a sagrada Constituição, que o país seja premiado com alguém de vergonha na cara e que respeite o povo e a nação brasileira. Nós, todos, merecemos um pouco de sossego para trabalhar e produzir, sem que esses patifes metam a mão em milhões e ainda recebam um salário gordo para isso. CHEGA!!!! Salve Dr. Wilson! Parabéns pelo brilhante trabalho e artigo aqui publicado. Daniel N. V. S.

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  9. Boa tarde Dr. Wilson
    Muito elucidativo seu artigo.
    Parabéns pela clareza, lisura e assertividade do texto.
    Estamos todos aflitos com esta situação política do Brasil.
    Grande abraço.
    Gláucia M. Cunha...

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