MUITO JUÍZO NAS ELEIÇÕES.




Em 7 de outubro deste ano o povo vai às urnas. Os eleitores vão eleger o presidente da República, governadores dos estados, dois terços do Senado Federal, deputados federais e deputados estaduais ou distritais.

Um novo tempo na política brasileira dependerá de você. As eleições são a maior forma de expressão do cidadão e a melhor maneira de respirar democracia, posto que por este processo a sociedade seja capaz de fazer acontecer uma representação legítima, de fato e de direito.

Não conceda o voto sem que conheça a índole do candidato. Desconfie das promessas que jamais poderão ser cumpridas. Não acompanhe as ideias populistas. Desvie-se do caminho dos hipócritas e enganadores. Não vote nos sujões de ruas e praças, que transformam as calçadas em parlatório, cavaqueira, bambúrrio dos experts em campanha. Vote de forma solene, soberana e independente.

Dedique-se a pesquisas percucientes a respeito dos candidatos. Faça uma escolha consciente, preferenciando os de fichas limpas e que inspirem confiança. Avalie com proficiência o mandato daqueles que se jogarem na reeleição. Exija honestidade, lisura, ética e comprometimento dos novatos na política. Guarde os “santinhos” e cobre os programas de governo. Seja vigilante com os postulantes, sejam do Executivo ou do Legislativo. Pense as eleições como se pensa o futuro - com respeito e dignidade.

A oportunidade é essa, quando outubro chegar. Momento de júbilo e de responsabilidade. Data para mudanças efetivas e necessárias no quadro político atual. Instantes de decisão madura, voltada para a defesa do coletivo e não do individual. Você é parte de um país, e não uma republiqueta de pessoas de memória curta, como querem alguns.

Não perdoe a mala de dinheiro, o apartamento repleto de dólares e reais, a cueca recheada de propina, a formação de organização criminosa, a lavagem de dinheiro, a corrupção ativa e passiva, a ocultação de patrimônio, o caixa dois, a gestão fraudulenta, o recebimento de vantagem indevida, a obstrução da Justiça.

Os anos marcados por escândalos de corrupção não podem ser esquecidos. A depuração da classe política tem de começar nas eleições de 2018. A assepsia no Congresso requer desinfecção à direita e à esquerda. Não confie nos partidos ou nas lideranças de candidatos corruptos, que buscam a impunidade no foro privilegiado.

Não se esqueça do mensalão, do caso sanguessugas e, principalmente, da Operação Lava-Jato, que possibilitaram uma gama enorme de informações sobre os escândalos bilionários que quase levaram o país à falência. Não se permita o voto nulo ou em branco, que, no último momento, favoreceria candidatos menos expressivos e dependentes do quociente eleitoral para conquistar uma vaga.

Você e os cerca de 145 milhões de brasileiros que irão às urnas, não se esqueçam do que seja cidadania, do que representa a honestidade e do que significa respeito. Saiba refletir com serenidade e inteligência sobre a importância do voto. Não se deixe enganar pelas pesquisas eleitorais, e coloque acima de tudo a conduta moral do candidato. Não se contamine com a hipócrita aposta de blefes - de pobres contra ricos, de brancos contra negros, de empregados contra patrões, ou de “salames” contra “coxinhas”.

Muito juízo nas eleições, e não se faça de bobo ou de desinformado. Separe as notícias verdadeiras da disseminação das chamadas fake news na internet, que atemorizam até o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porquanto espalhem mentiras que criam cenários irreais para influenciar diretamente o processo eleitoral.

Nas eleições, acorde para a vida, para os interesses coletivos, e não dê ouvidos a discursos dourados, recheados de populismo barato, que lançam mão de mentiras descaradas com o intuito de iludir, engabelar e amealhar o seu voto. Esteja atento para não errar de novo, não amargar mais derrotas e não ser vítima de mais um estelionato eleitoral.


Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG). 

(Este artigo mereceu publicação do jornal ESTADO DE MINAS, edição de segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018, pág. 7).

 

Comentários

  1. Deus queira que o eleitor leia este artigo antes de votar. Deus queira que o eleitor siga os conselhos do ilustre advogado. Deus queira que o Brasil saia do terceiro mundo e entra no primeiro, com as garantias de qualidade de vida que o brasileiro merece. Parabéns pelo brilhante texto e pela aula magna de comportamento para o eleitor neste ano de eleições - 2018. Fábio Gonzaga e Imaculada F. S. Gonzaga.

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