MULHER DESISTE DE DIVÓRCIO DEPOIS DE PERGUNTAS RELEVANTES DE ADVOGADO.
A
mulher procurou um advogado para tratar de divórcio. Depois de algum tempo de conversa,
o advogado entregou-lhe um questionário para que ela respondesse. Resultado: a
mulher desistiu de se divorciar após responder o questionário proposto pelo advogado.
Como
assim? O que aconteceu?
Acontece
que, por meio de quatro perguntas no rodapé de uma folha de papel, o advogado
Rafael Gonçalves, de São Sebastião do Paraíso/MG, possibilitou que a cliente
fizesse uma reflexão e decidisse se queria mesmo se divorciar. Passados alguns
dias, a cliente retornou ao escritório do advogado com o questionário nas mãos.
A mulher, que até então estava prestes a se divorciar, respondeu ao pequeno
questionário do causídico e desistiu da ação.
Na
citada folha, o advogado listou a documentação necessária para dar seguimento
ao processo de divórcio e, separadas por um traço, o operador do direito fez uma
série de perguntas com a instrução: "Responda antes de voltar ao
escritório com os documentos".
As
perguntas eram as seguintes:
1) Eu fiz tudo o que pude para
salvar meu casamento?
2) O divórcio é a melhor opção
hoje?
3) Quem são minhas maiores
influências?
4) Quantos momentos vocês superaram
juntos e como se conheceram?
O
advogado explicou a atitude. Ele conta que a cliente o procurou e confidenciou
os motivos que levavam ao divórcio e que “era perceptível a ligação do casal e
o amor que ainda existia entre as partes; tratava-se de um momento de conflito
único e aquela decisão, ao meu ver, era precipitada; aprendi ainda na faculdade que devo resolver
conflitos, orientar as partes antes da decisão de partir pro campo jurídico.
Assim fiz! (...) Por incrível que pareça, o casal voltou hoje, devolveu minha
anotação, dispensou os meus serviços e agradeceu os conselhos. Resumindo: Perdi
a cliente, mas ganhei um casal de amigos. São coisas simples da vida que valem
a pena”.
Confira
abaixo a íntegra do depoimento do advogado:
“Como de praxe nas minhas
consultas, anoto os documentos necessários à propositura da ação em meu bloco
de anotações e solicito que o cliente traga a documentação. Mas esse caso era
diferente... Ouvi pacientemente a cliente sobre os motivos que a levavam ao
divórcio, e como na maioria das ações desse tipo, era perceptível a ligação do
casal e o amor que ainda existia entre as partes. Tratava-se de um momento de
conflito único e aquela decisão, ao meu ver, era precipitada! Mas quem sou eu
pra interferir na vida alheia? Quem sou eu pra meter a colher na relação do
casal? Quem sou eu pra julgar a decisão de ambos? SOU O ADVOGADO! E aprendi
ainda na faculdade que devo resolver conflitos, orientar as partes antes da
decisão de partir pro campo jurídico. Assim fiz! Fiz um pequeno questionário
após solicitar os documentos e pedi que a moça respondesse as 4 perguntas a si
mesma. Se após responder e analisar a situação com calma, longe do turbilhão de
informações que estava lhe passando pela cabeça naquele instante, ainda assim
resolvesse se divorciar, que bastava me trazer a documentação e eu botaria um
fim naquela história!
As perguntas eram simples.
O que você fez pra tentar salvar
seu casamento?! A maioria não faz absolutamente nada... e isso vai em
desencontro com os motivos que te fizeram seguir até aqui. O divórcio deve ser
a última opção, em todos os casos. Pense nos filhos, no convívio, nos primeiros
meses do relacionamento. Se ja passaram por tantos perrengues, por que se
deixar abalar por essa situação. (Cada caso é um caso).
O divórcio é a melhor opção hoje?
Pode até ser! Mas seria a melhor opção daqui 2 semanas, quando a cabeça estiver
fria, os problemas amenizarem e os motivos ficarem mais claros? Não faça nada
de cabeça quente. Decisões precipitadas destroem histórias.
Quais são suas maiores
influências hoje?! Amigos? Parentes? Amantes? Tomar decisões influenciadas por
pessoas que não participam da sua rotina é um erro. Se a pessoa não tiver presunção
de participar da sua vida pelo resto dela, não deve palpitar sobre isso. Filhos
são uma boa influência nesse quesito. Ouça-os.
Quantos momentos superaram juntos
e como se conheceram? Pode até ser que nunca tenham passado por um momento
assim, mas não custa relembrar as crises, brigas, separações do tempo de namoro
e noivado. Se naquela época vocês conseguiram superar, por que não agora? Se
conheceram por algum motivo e tenham certeza que nada na vida acontece por
acaso.
Finalizei perguntando se ela tinha
expectativa de encontrar alguém que lhe desse tudo que o marido não está dando
no momento. Ela afirmou com a cabeça. Encerrei dizendo que, quando a grama do
vizinho estiver mais verde, não necessitamos de ir visitá-la, experimentá-la.
Basta regar a nossa grama. Na vida é a mesma coisa. Antes de trocar, tente
consertar.
Por incrível que pareça, o casal
voltou hoje, devolveu minha anotação, dispensou os meus serviços e agradeceu os
conselhos.
Resumindo: Perdi a cliente, mas
ganhei um casal de amigos. São coisas simples da vida que valem a pena. E que
essa história dure o tempo de Deus”.
A
lição que fica do presente caso, diante da narrativa do próprio advogado, a meu
ver, é a de que o profissional da advocacia não deve fazer do seu escritório um
local de conflitos, de busca desenfreada por honorários e de prevalência de
interesses mesquinhos. Ao contrário, o operador do direito deve fazer do seu
escritório um local de diálogo, de positivação do direito e de busca pela
justiça.
Também
entendo que o escritório do advogado é o local para relatos, narrativas e
exposição de fatos. Da mesma forma, é o local onde o cliente deve se sentir a
vontade para contar a sua história, independentemente da questão, pois se trata
de um momento importante de avaliação do direito e, por conseguinte, requer confiança
entre cliente e advogado. Daí a necessidade de aconselhamento consciencioso por
parte do causídico, para que o cliente encontre um bom termo para a decisão de continuar
ou não com a ação judicial até então desejada.
Encerro afirmando que a conversa preliminar,
franca e aberta, entre cliente e advogado, faz-se extremamente necessária,
antes da proposição de qualquer medida junto ao Poder Judiciário, que, a rigor,
deve ser pensada com critério e jamais de maneira açodada.
Fonte:
http://www.migalhas.com.br/
Wilson
Campos (Advogado/Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses
Coletivos da Sociedade, da OAB-MG/Especialista em Direito Tributário, Trabalhista
e Ambiental).
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