O FUNDO ELEITORAL E O VALOR ESCANDALOSO QUE CADA PARTIDO IRÁ GASTAR.

 

Parece que o Brasil é um país de primeiro mundo, onde tudo funciona às mil maravilhas e onde o dinheiro público é gasto acertadamente com saúde, educação, segurança, moradia, emprego, transporte e qualidade de vida do cidadão. Parece, mas não é!

O Brasil é um país pobre, que enfrenta dificuldades em todas as áreas sociais acima citadas, ou seja, faltam recursos públicos para a maioria dos direitos previstos no artigo 6º da Constituição da República. No entanto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) deliberaram, cada um a seu tempo, a favor do gasto absurdo de R$4,9 bilhões em campanhas eleitorais em 2022, por meio do chamado fundo eleitoral, que privilegia políticos e partidos ricos com o suado dinheiro do povo brasileiro.

O STF validou no último dia 3 o valor do fundo eleitoral em R$4,9 bilhões - verba que será utilizada para financiar as campanhas deste ano. A deliberação favorável do STF se deu após aprovação do Congresso, a seguir sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro. Mas nem todos os partidos concordam com essa excrescência. O partido Novo criticou a decisão do STF pelo aumento do fundo de R$ 2,1 bilhões para R$ 4,9 bilhões.

Em nota, o partido Novo afirmou que lamenta a decisão do STF de manter o fundo eleitoral no valor bilionário. “O Novo lamenta a decisão do STF que manteve o aumento bilionário do fundão, que concentra poder em políticos privilegiados e prejudica ainda mais nossa democracia. Mesmo com o voto favorável do relator à ação do Novo, justificando pela falta de comprovação de necessidade e ausência de proporcionalidade, o plenário decidiu pelo aumento bilionário do fundão”.

Os partidos dividirão o orçamento estipulado pelo Congresso, seguindo de acordo com as bancadas eleitas para a Câmara dos Deputados de 2018. Os maiores beneficiados serão a União Brasil (fusão entre DEM, PSL) que receberá R$945,9 milhões de recursos públicos e o PT, com R$594,4 milhões.

Tudo muito bonito, para não dizer outra coisa, mas quem paga essa conta?

Os valores destinados aos partidos saem dos cofres públicos, isto é, quem paga a conta são os contribuintes. Neste caso, 48% dos recursos do fundo eleitoral, popularmente conhecido como Fundão, são distribuídos entre os partidos a partir da proporção do número de representantes na Câmara dos Deputados. Outros 35% têm a divisão feita entre as siglas, que devem ter ao menos um representante na Câmara, levando em consideração o percentual de votos por esses partidos na última eleição geral. Mais 15% são divididos entre as legendas na proporção do número de representantes no Senado; e 2%, entre todas as siglas registradas no TSE.

Com a criação da federação partidária (fusão de partidos), é grande a probabilidade de cifras bilionárias para as campanhas das maiores agremiações políticas. Isso pode significar até em torno de R$1bilhão para determinada federação partidária. Acreditem, pois é verdade esse acinte, essa bofetada na cara do cidadão.

A aprovação no STF levantou muitas dúvidas quanto à inconstitucionalidade da matéria, mas ainda assim os ministros da Corte levaram o procedimento adiante. O entendimento é de que não houve irregularidades na tramitação, além da posição de que o Poder Judiciário não pode interferir em questões orçamentárias do Congresso Federal. Porém, esse não foi o entendimento do relator do caso, o ministro André Mendonça, que votou contra a medida.

Vejamos como votaram os ministros do STF, sendo que 9 votaram a favor do fundão e apenas 2 votaram contra:

Nunes Marques, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Edson Fachin, Dias Toffoli e Gilmar Mendes foram favoráveis ao valor aprovado pelos parlamentares. Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Cármen Lúcia concordaram com o financiamento, apesar de contrariarem um trecho da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Somente André Mendonça e Ricardo Lewandowski foram contra o fundo eleitoral.

Vale observar que o valor, previsto no Orçamento de 2022 e sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), foi publicado no Diário Oficial da União no dia 23 de janeiro. Boa parte dos governistas na Câmara e Senado votou pelo financiamento bilionário. 

Para o relator do caso no STF, ministro André Mendonça, a proposta não é plausível para que o valor do fundo eleitoral fosse aprovado pelo Congresso. “As autoridades não aportaram razões mínimas a justificar a significativa mudança no volume de recursos”, afirmou. “Não vejo justificativa para considerar proporcional o aumento em relação à inflação superior a dez vezes, sendo que tivemos no período a maior crise da nossa história”, concluiu o ministro.

A ação que seguiu sendo movida pelo partido Novo pedia a anulação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, que inicialmente propôs um valor de R$ 5,7 bilhões para o Fundo Eleitoral de 2022. O montante foi revisto pelo Congresso para 4,9 bilhões. E o STF bateu o martelo mantendo os R$4,9 bilhões.

Ao meu sentir, o aumento do fundão, que contou com apoio suprapartidário e teve a constrangedora leniência adotada por parte do STF, trata-se de mais um ato obsceno, abjeto e escandaloso, que tipifica a vergonhosa farra com dinheiro público.  

Em suma, como bem disse o ministro André Mendonça, o Brasil enfrenta grandes dificuldades econômicas por conta da pandemia da Covid-19 e o aumento do fundo eleitoral para R$ 4,9 bilhões desacata o princípio da proporcionalidade. Já a sociedade brasileira se sente traída e constrangida com mais essa decisão do STF contra os interesses da população e contra os verdadeiros princípios da democracia, porquanto os privilegiados sejam os mesmos de sempre – os caciques da política brasileira. Que vergonha!!!

Wilson Campos (Advogado/Especialista com atuação nas áreas de Direito Tributário, Trabalhista, Cível e Ambiental/ Presidente da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG, de 2013 a 2021/Delegado de Prerrogativas da OAB/MG, de 2019 a 2021).

Clique aqui e continue lendo sobre temas do Direito e da Justiça, além de outros temas relativos a cidadania, política, meio ambiente e garantias sociais.  

Comentários

  1. Parece mas não é!!! O Brasil não é rico. O Brasil é um país de gente sofrida que trabalha sol a sol para sustentar Congresso de 513 + 81 e STF de 11 pessoas que só trabalham contra o povo e contra o país. Ou só trabalham para si mesmos e para seus amigos de partidos e bandeiras vermelhas. Que vergonha mesmo esse fundão de bilhões enquanto o povo sofre para ganhar um salário mensal que só dá para algumas necessidades básicas em um mundo hoje de crises abissais. Dr. Wilson Campos parabéns meu mestre e professor eu acho o mesmo que o senhor... QUE VERGONHA!!!

    ResponderExcluir
  2. William P. Sarmento Neto7 de março de 2022 às 14:48

    4,9 bilhões para os mesmos caras e mais alguns outros gastar com reeleição deles mesmos, ou seja nós pagamos para o sujeito se candidatar e fazer campanha eleitoral depois ele recebe mega salários e mordomias e outras coisas mais a nossa custa. Pagamos para eles se reelegerem em campanhas mentirosas e depois pagamos para eles fazerem de conta que trabalham. Só no Brasil. Só com ajuda do STF. Obrigadão STF por mais essa ajuda ao Brasil. Que coisa meu Deus, que coisa!!!! Abração dr. Wilson e assino embaixo de tudo que o senhor escreve e escreveu aí. William P.Sarmento Neto.

    ResponderExcluir
  3. Eliasd M. F. Mathias7 de março de 2022 às 15:00

    O senado não fiscaliza as atitudes do STF e o STF não julga os processos do s senadores que têm rabo preso na Alta Corte. Eu sou a favor de juízes de carreira para o STF e acabar com essas indicações que passampela sabatina do senado. Coisa mais sem noção e sem base e lógica. Em outubro agora podemos mudar a cara desse senado e da câmara e outras autoridades e quem sabe mudar na Constituição como chegar ao STF sem depender do Congresso. Autonomia de verdade. Dr. Wilson gostei do seu artigo como sempre correto e dentro da legalidade e da justiça que o brasileiro tanto espera que venha um dia. Abrs. Elias MF Mathias.

    ResponderExcluir
  4. prezado wilson,corretissímo O SEU DOCUMENTÁRIO A CASA GRANDE EM DETRIMENTO DA CENZALA CASA GRANDE ESSA REPRESENTADA PELOS NOSSOS DEPUTADOS E SENADORES COAGEM OS MESMOS E O STF PELA APROVAÇÃO DO FUNDO PARTIDÁRIO E QUE FUNDO ALTÍSSIMO,DINHEIRO QUE PODERIA SER USADO NA SAÚDE E NA EDUCAÇÃO.EXISTEM PARTIDOS NANICOS CUJOS PRESIDENTES RECEBEM MENSALMENTE ALTÍSSIMOS SALÁRIOS PARA NÃO FAZER NADA E O CASO DO P.C.O PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA QUE NÃO DEFENDE OPERARIO NENHUM.O FUNDO PARTIDÁRIO NÃO ENOBRECE A DEMOCRACIA MAS APROFUNDA AS DESIGUALDADES SOCIAIS, ECONOMICAS DO BRASIL,NO FUNDO,NO FUNDO QUEM PAGA O FUNDO PARTIDÁRIO?NÓS POVO BRASILEIRO.ACHO QUE A ELEIÇÃO DE DEPUTADOS E SENADORES DEVERIA SER POR CONCURSO,NESSE CASO O FUNDO PARTIDÁRIO ESTARIA SOBRE FORTE QUESTIONAMENTO OU EXTINÇÃO MAS A CASA GRANDE OU ELITE BRASILEIRA QUER MANTER SEUS PRIVILÉGIOS FINANCEIRO,DE JUROS DE MANUTENÇÃO DO STATUS-QUO

    ResponderExcluir
  5. Só um milagre e muita paciência.
    Judiciário= caro, corrupto, lixo, não entrega nada.

    Legislativo= caro, corrupto, lixo, não entrega nada

    Executivo= políticalha generalizada, incapacidade, só embromação, sem planejamento, foco: NY entrega nada.

    ELEITOR: Responsável por todas as anteriores.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas