JUIZ É AGREDIDO EM AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO.
Da mesma forma que os advogados devem ser respeitados no exercício da profissão, principalmente com acatamento às suas prerrogativas, os juízes também merecem todo o respeito pela elevada função pública. Na prática, já houve vários casos de agressões físicas a advogados e juízes e, com grande frequência, agressões verbais, absolutamente grosseiras e primárias.
A
violência contra os advogados carece de repúdio veemente e desagravo justo por
parte da OAB. A violência contra os magistrados é incompatível com os princípios
constitucionais e com a pensada sociedade livre e democrática. Essas agressões,
sejam contra advogados ou juízes, são atos de violência contra os direitos
fundamentais da pessoa humana.
As
agressões físicas e verbais a advogados correm o país, notadamente com destaque
pela mídia e com títulos nada civilizados, tais como: “Advogado negro é agredido e algemado após ser impedido de usar elevador
no TRT”; “Advogado gaúcho agredido por policiais militares”; “Advogado denuncia
ter sido agredido por PM por causa de time em MG”; “Advogado diz ter sido agredido
por investigador dentro da delegacia”; dentre outros.
As
agressões a juízes também não passam muito longe dessa selvageria insana
cometida por membros da sociedade. Vejamos o seguinte caso:
Um juiz de Praia Grande, litoral de São Paulo,
levou um soco na boca e chegou a ficar desacordado durante uma audiência de
conciliação no Fórum da cidade no dia 15 próximo passado. O agressor, uma das partes de
audiência de conciliação, xingou o magistrado e acabou recebendo voz de prisão,
momento em que atacou o juiz.
O caso ocorreu no Centro Judiciário de Solução de
Conflitos e Cidadania (Cejusc). O agressor participava de uma audiência de
conciliação acompanhado do pai, que é advogado e o representava na conciliação.
Segundo o registro policial, em dado momento, a
responsável pelo Cejusc entendeu que o advogado da parte estava atrapalhando a
conciliação, e acionou o juiz J. L. S. N., do Juizado Especial Cível e Criminal
de Praia Grande. Após chegar à sala e tomar conhecimento do caso, o juiz foi
ofendido pelo homem. O magistrado o questionou, perguntando o que ele havia
dito, e a resposta foi: "Isso mesmo". O juiz, então, deu voz de
prisão. Nesse momento, o agressor partiu para cima do magistrado, desferindo um
soco na boca. O juiz chegou a ficar desacordado.
O agressor foi levado para a delegacia, onde
prestou depoimento, e acabou sendo liberado em seguida. O juiz passou por exame
de corpo de delito no IML da cidade.
Por meio de nota, a APAMAGIS - Associação Paulista de Magistrados afirma repudiar as agressões sofridas
pelo magistrado que, no exercício legal da profissão, foi covardemente atacado.
"Por
si só, qualquer tipo de agressão deve ser repudiada pela sociedade brasileira,
especialmente quando a vítima em questão esmerava-se para garantir a paz e a
harmonia entre as partes envolvidas, cumprindo, assim, a árdua missão do juiz
de garantir a ordem social."
A nota segue dizendo que “os magistrados paulistas trabalham incessantemente em favor dos
jurisdicionados, diariamente envidando esforços na solução de conflitos, por
meio do diálogo e harmonia. É por isso que a Apamagis se solidariza com o juiz,
destacando que irá acompanhar o desfecho do caso, tomando as medidas cabíveis
se necessário, para que outros magistrados, servidores ou partes não passem
pela mesma situação”.
Por fim, a associação “reitera a extrema
preocupação com o episódio e condena quaisquer ações de violência física ou
moral que possam atentar contra magistrados no exercício de suas funções”.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP) também divulgou nota em que lamenta a agressão
sofrida pelo magistrado e informa que vai acompanhar o caso e exigir punição do
autor da violência.
Portanto, diante dos fatos, resta-nos a expectativa
de que essas agressões terminem e não manchem a imagem da sociedade, das
entidades e dos profissionais. Os protestos veementes devem partir das pessoas
civilizadas que aspiram uma convivência harmoniosa, democrática e justa, com
pedidos de condenação dessas violências aos advogados e aos magistrados, com as
respectivas punições dos agressores, sob pena de mácula profunda ao nosso
Estado Democrático de Direito.
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Wilson Campos (Advogado/Presidente da Comissão de
Defesa da Cidadania e dos Interesses Coletivos da Sociedade, da OAB/MG).
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